O texto abaixo foi extraído do Journal du Magnetisme,
editado pelo Barão Du Potet (vide biografia no blog) e traduzido do original em francês
pela companheira Lizarbe Gomes, do Rio Grande do Sul.
Mostra a sabedoria dos magnetizadores clássicos na
realização de “verdadeiros milagres” como diz o Evangelho Segundo o
Espiritismo:... aquele que a um grande poder fluídico normal junta ardente fé,
pode, só pela força da sua vontade dirigida para o bem, operar esses singulares
fenômenos de cura e outros, tidos antigamente por prodígios, mas que não passam
de efeito de uma lei natural. Paris, 21 de outubro de 1847
À Sociedade de Mesmerismo de Paris
Senhores membros,
Tenho a honra de lhes apresentar o relato da cura de
oftalmia crônica, realizada por uma mãe em sua filha, tendo a ajuda do magnetismo.
No último dez de junho, estando em Nemours (Seine et Marne)
fui informado do sofrimento contínuo da pequena Barrot, seis anos de idade,
cujos pais conheço há vários anos. Iria ver esta criança na esperança de
oferecer a sua mãe meus conselhos e a aplicação dos métodos curativos fornecidos
pelo magnetismo.
Minha primeira
impressão foi dolorosa: a criança estava quase cega. Senti uma pena infinita ao
deslocar a venda que cobria seus olhos. Ela não podia suportar o efeito do claro-escuro.
Constatei que as mucosas estavam bastante inflamadas e que os olhos pareciam
cheios de sangue. A mãe afirmou que este estado durava há mais de dois anos. Em
raros intervalos ela experimentava uma melhora de curta duração; ela podia
então suportar a claridade através de uma viseira de tafetá verde.
Os pais, apesar de pouco abastados ainda que os dois
trabalhassem, haviam deixado a filha sob os cuidados do médico mais renomado da
cidade; apesar dos esforços dele, o resultado não foi satisfatório. Ele
declarou que era preciso esperar por uma mudança favorável. Depois de ouvir
estas informações, me propus a ensinar a Sra. Barrot a maneira de aliviar ou
mesmo curar sua filha sem recorrer nem aos médicos nem aos remédios. Ela aceitou
de todo o coração e me prometeu seguir o que eu indicasse.
Comecei a lhe dar uma explicação oral sobre o magnetismo; em
seguida fiz uma demonstração magnetizando a doente e depois a fiz magnetizá-la
da seguinte forma: 1ª magnetização:
geral por cinco minutos; 2ª magnetização: local sobre os olhos no mesmo espaço
de tempo; 3ª magnetização: cinco ou seis passes no tronco.
Ela viu a maneira de magnetizar a água e lhe recomendei
lavar os olhos com esta água duas vezes por dia. Na segunda semana ela devia
prolongar sua magnetização até 15 ou 20 minutos se não surgissem efeitos extraordinários.
Eu lhe dei duas lições somente, pois não tinha mais tempo de prolongar minha
permanência neste país.
Quando retornei a minha casa, escrevi-lhe para lembrá-la, através
de uma instrução detalhada, tudo que eu havia lhe ensinado. Ela foi alertada
sobre a curiosidade que o sonambulismo provoca ao ser apresentado, bem como as
crises que podem sobrevir. Destaquei que a lição demonstrada devia ser seguida
com exatidão, no silêncio do seu lar, ao abrigo dos comentários e das maledicências.
Desejei enfim que nada se opusesse ao resultado esperado.
Depois de três semanas de magnetismo diário, a paciente
apresentou melhora considerável. Começou a ver na sombra para não se cansar
demais; ela destapava um olho e ia brincar com as crianças da vizinhança; quando
o olho destapado cansava, ela recolocava a venda sobre ele e destapava o outro.
Esta melhora durou quinze dias e a seguir uma crise se manifestou: a inflamação
recrudesceu e foi preciso colocar a venda constantemente sobre os olhos. A mãe,
muito aflita com a recaída, a trouxe a Paris, em 26 de julho. Ela veio me ver,
eu a examinei e a encontrei quase no mesmo estado da época em que comecei o
tratamento magnético.
Esta brava mulher desejava consultar um oculista. Este,
porém, lhe deu poucas esperanças: disse-lhe que o olho esquerdo estava quase
perdido e que havia poucas esperanças de cura. Ele lhe recomendou uma sangria
no pé e um vesicatório na nuca. A mãe foi em seguida ao Menino Jesus. A
consulta não foi tranquilizadora. Recebeu um receituário insignificante e foi orientada
a aguardar até a época da menstruação.
A pobre mãe, muito aflita com as duas consultas já não
acreditava ter o menor poder de fazer um prodígio; ela chorava pela sorte da
filha.
Felizmente para ela, eu tinha esperança. A crise não havia
me assustado. Eu a encorajei a recomeçar a magnetização, mas sua fé estava
abalada. Recorri então a influências mais poderosas do que as minhas, aquelas
que dão à ciência um mérito o qual rendemos todas as homenagens. Conduzi a Sra.
Barrot à residência do Barão du Potet, que quis examinar a enferma junto com
Sr. Herbert, nosso digno presidente. Mesmo reconhecendo a gravidade da doença,
longe de se desesperar, eles a encorajaram a continuar o que havia começado.
Seus conselhos foram bem recebidos e a confiança e a esperança penetraram no
coração da Sra. Barrot.
Ao retornar à sua casa, ela continuou e com um sucesso tão
grande que após cinco semanas de magnetização os olhos da criança estavam
completamente curados. Nada de inflamação, filetes sanguíneos desapareceram; os
olhos claros usufruindo o benefício da luz. Ela surpreendeu as pessoas que a
viram sofrer tanto! As pústulas que saíam em seu rosto e no couro cabeludo desapareceram.
Eu a vi no dia 8
deste mês e experimentei grande alegria; a mãe não poderia estar mais feliz e
me manifestou todo seu reconhecimento.
Os vizinhos a solicitam curiosos e surpresos com tão
espantoso resultado. Uma mãe, tendo sua filha de cinco anos afetada por uma
afecção semelhante a da pequena Barrot foi curada em quinze dias. A Sra. Barrot
ensinou à mãe os procedimentos que já conhece.
Eu a incentivei a divulgar o conhecimento do magnetismo
entre as pessoas do seu bairro que estejam doentes. Meu desejo mais ardente é repartir
este conhecimento salutar com aqueles que mais necessitam de socorro; é esta,
eu lhe disse, a prova mais evidente que eles poderiam me dar de seu
reconhecimento.
Aceitem, respeito senhores, a certeza do profundo deste
devotado servidor e colega.
Girollet.
Se todos os encarnados se achassem bem persuadidos da força
que em si trazem, e se quisessem pôr a vontade a serviço dessa força, seriam
capazes de realizar o a que, até hoje, eles chamaram prodígios e que, no entanto,
não passa de um desenvolvimento das faculdades humanas. - Evangelho Segundo o
Espiritismo
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