A rapidez com
a qual se propagaram, em todas as partes do mundo, os fenômenos estranhos das
manifestações espíritas, é uma prova do interesse que causam. Simples objeto de
curiosidade, a princípio, não tardaram em despertar a atenção dos homens sérios
que entreviram, desde o início, a influência inevitável que devem ter sobre o estado
moral da sociedade. As idéias novas que deles surgem, se popularizam cada dia mais,
e nada poderia deter-lhes o progresso, pela razão muito simples de que esses fenômenos
estão ao alcance de todo mundo, ou quase todo, e que nenhuma força humana pode
impedi-los de se produzirem. Se os abafam em algum ponto, eles reaparecem em cem
outros. Aqueles, pois, que poderiam, nele, ver um inconveniente qualquer, serão
constrangidos, pela força das coisas, a sofrer-lhes as conseqüências, como
ocorreu com as indústrias novas que, na sua origem, feriram interesses
privados, e com as quais todo o mundo acabou por se ajeitar, porque não se poderia
fazer de outro modo. O que não se fez e disse contra o magnetismo! E, todavia, todos
os raios que se lançaram contra ele, todas as armas com as quais o atingiram, mesmo
o ridículo, se enfraqueceram diante da realidade, e não serviram senão para colocá-lo
mais e mais em evidência. É que o magnetismo é uma força natural, e que, diante
das forças da Natureza, o homem é um pigmeu semelhante a esses cãezinhos que ladram,
inutilmente, contra o que os assusta.
Há
manifestações espíritas como a do sonambulismo; se elas não se produzem à luz do
dia, publicamente, ninguém pode se opor a que tenham lugar na intimidade, uma
vez que, cada família, pode achar um médium entre seus membros, desde a criança
até o velho, como pode achar um sonâmbulo.
Quem, pois,
poderia impedir, a qualquer pessoa, de ser médium ou sonâmbula?
Aqueles que
combatem a coisa, sem dúvida, não refletiram nela. Ainda uma vez, quando uma
força é da Natureza, pode-se detê-la um instante: aniquilá-la, jamais! Não se
faz mais do que desviar-lhe o curso. Ora, a força que se revela no fenômeno das
manifestações, qualquer que seja a sua causa, está na Natureza, como a do
magnetismo; não será aniquilada, pois, como não se pode aniquilar a força
elétrica. O que é preciso fazer, é observá-la, estudar-lhe todas as fases para,
delas, deduzir as leis que a regem. Se for um erro, uma ilusão, o tempo lhe
fará justiça; se for a verdade, a verdade é como o vapor: quanto mais se
comprime, maior é a sua força de expansão.
Revista
Espírita, janeiro de 1858
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