Estando programado o Estudo do Passe e do Magnetismo o qual
realizamos anualmente em nossa cidade, enviamos os cartazes às Casas Espíritas divulgando
o curso. Ao ler o cartaz, assim se expressou um companheiro espírita: passe e magnetismo
não tem nada a ver um com o outro.
Ao tomar conhecimento do ocorrido, fiquei na dúvida sobre o
que ele quis dizer com esta expressão e me perguntei: será que ele estudou o
assunto sobre o qual ele está opinando? Para entender o que ele quis dizer é
necessário saber do seu grau de conhecimento a respeito.
Vou explicar melhor
para que se possa compreender o que estou querendo comunicar.
Quando se fala em comunicação muita coisa está envolvida
além das palavras, como por exemplo, os gestos, a expressão facial, a força de
expressividade contida nas palavras, a entonação da voz, entre outras. Como eu
não estava presente ao ocorrido, limito-me a interpretar a frase.
Todo este impasse reside no fato de que passe e magnetismo
realmente são coisas diferentes. Poderíamos dizer que, quase na totalidade, os
centros espíritas hoje trabalham com passe deixando de lado o grande manancial
de recursos fornecidos pela ciência magnética, contida no legado deixado pelos grandes
magnetizadores clássicos e sobretudo por Allan Kardec na doutrina por ele
organizada no plano físico.
Passe, pode-se dizer, encerra um conjunto de técnicas utilizando
a energia humana e/ou espiritual como instrumento curativo das enfermidades. O
Codificador ao se referir ao assunto utilizou-se quase sempre do termo
Magnetismo e o estudou na sua mais ampla acepção. Vamos encontrar, desta forma,
cerca de 350 vezes a palavra “magnetismo” no conjunto das suas obras. O
Magnetismo, tendo sido reduzido a simplesmente “passes” perdeu muito do seu
conteúdo e do seu valor, transformando-se em prática de pequeno alcance, pois,
desligado dos conceitos magnéticos se criou o bordão “não precisa estudar, basta
boa vontade que os Espíritos fazem o resto”. Daí derivou-se para os passes
públicos, passes extremamente rápidos, condições precárias das salas de passes,
etc.
O Magnetismo abrange, além das técnicas de passes, todos os
fenômenos anímicos e suas inter-relações com a cura. É uma verdadeira ciência
da alma. Estes conhecimentos faziam parte da preparação dos magnetizadores e
Kardec os conhecia mesmo antes do surgimento da Doutrina Espírita. Assim, Magnetismo
é toda uma ciência com intensas relações com o Espiritismo como fez questão de ressaltar,
o Codificador, em vários dos seus livros e na Revista Espírita. Entendido desta
forma, automaticamente somos remetidos ao estudo teórico e prática, à
observação, à experimentação e à pesquisa, contribuindo para a qualidade do trabalho
de tratamento espírita e melhorando enormemente o seu alcance e eficiência.
Se o companheiro em questão, autor da fatídica frase,
conhece acerca do que relatei, então ele tem toda a razão.
Mas será que foi esta a sua intenção? Ou será que ele quis
apenas afirmar que para aplicar passes não precisa estudar magnetismo? Eu não
sei se foi este o seu propósito, mas infelizmente, muita gente por aí ainda
pensa assim. Isto prova o quanto a Doutrina Espírita é pouco estudada,
especialmente as valiosas obras da Codificação. Daí o estreito aproveitamento
dos imensos recursos oferecidos pelo Magnetismo para sanar e aliviar uma imensidade
de problemas orgânicos, mentais, emocionais e obsessivos que a humanidade enfrenta.
A automagnetização, por exemplo, tão pouco utilizada em benefício da própria
saúde, o uso da água magnetizada, não só através da ingestão, mas do uso
externo, a potencialização de medicamentos, o auxílio nas transfusões de
órgãos, além de uma infinidade de outras formas que podem proporcionar ajuda a
quem precisa.
Compreendemos que a Doutrina Espírita não terminou em Allan
Kardec, mas estudemos o que ele tem para nos dizer pois é um manancial gigantesco
de sabedoria, lucidez, segurança e confiabilidade nos ensinos transmitidos.
Adilson Mota/SE
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