Saindo das graves discussões dos capítulos precedentes,
parecerá estranho que entremos num assunto como o magnetismo, ciência que até
então não pôde achar direito de cidade nas academias. Muito tempo desconhecido,
ridicularizado e mesmo perseguido, o magnetismo, como todas as grandes
verdades, tem vida forte; longe de definhar ao sopro das perseguições, tomou um
desenvolvimento considerável e se nos apresenta com seu cortejo de homens
ilustres e eruditos, com milhões de experiências probantes, como para mostrar à
Humanidade de que aberrações são capazes as corporações científicas. Há hoje
uma reação em seu favor. Em todas as partes, os jornais, as revistas médicas se
ocupam com os fatos maravilhosos produzidos pelo hipnotismo, nome novo de que o
magnetismo se revestiu. Ao abrigo desse pseudônimo, insinuou-se no santuário
dos príncipes da ciência, que o não reconhecendo, a princípio, lhe fizeram boa
acolhida; agora, porém, sabendo com quem tratam, desejariam negar-lhe o
parentesco estreito com o magnetismo, que continuam a proscrever. Antes de
estudar esse recém-chegado em capítulo especial, ocupemo-nos do magnetismo
propriamente dito. Na primeira parte desta obra, ficou estabelecido que a
ciência não autorizava ninguém a falar em seu nome, quando se trata de combater
a existência da alma. Os mais eminentes fisiologistas reconhecem sua
incapacidade para explicar a vida intelectual sem a intervenção de uma força
inteligente. A fisiologia concluiu pela necessidade do princípio pensante; a
experiência, por sua vez, prova à evidência, pelos processos do magnetismo, a
presença da alma como potência diretriz da máquina humana. Há um século
pesquisas minuciosas se fazem nesse domínio. Homens sérios, convencidos e
dedicados mostraram que o charlatanismo não tem parte alguma nas verdadeiras
ações magnéticas e que se achavam em face de uma modificação nervosa que era
preciso estudar. Puységur, Deleuze, Du Potet, Charpignon, Lafontaine e outros
homens de ciência e de incontestada honestidade, descreveram, em suas numerosas
publicações, milhares de experiências verídicas, que constam em atas assinadas
pelos nomes mais honestos e mais conhecidos. Negar hoje os fatos, seria
infantilidade ou má fé.
* Trecho extraído de O Espiritismo perante a Ciência de
Gabriel Delanne
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