Sob o título Cura de uma Fratura por Magnetização
Espiritual, Allan Kardec publicou em setembro de 1865, na Revista Espírita, uma
matéria relatando um caso de cura espiritual de uma fratura sofrida no
antebraço pela Sr.ª Maurel.
Vamos ao resumo do ocorrido, remetendo o leitor à Revista
Espírita, a fim de que leia a história na íntegra.
No dia 26 de maio daquele ano a Sr.ª Maurel que era médium
vidente e psicógrafa mecânica, caiu vindo a fraturar o antebraço direito com
distenções no punho e cotovelo. É, a partir daí, alvo da ação dos Bons
Espíritos, dentre eles o Dr. Demeure, que a curaram, através do magnetismo
espiritual, de orientações, de fricções e manipulações do membro, em apenas
nove dias, coisa verdadeiramente impressionante, mais ainda, pela completa
soldadura do osso quebrado.
Desde o primeiro dia até o último que fora designado pelos
Espíritos, a Sr.ª Maurel foi sendo atendida e cada vez que o médico espiritual
mexia no seu braço, ela soltava gritos de dor como se estivesse sendo examinada
por um médico encarnado.
Participou de todo o processo um grupo de amigos encarnados,
solicitados pelos Espíritos, além de um magnetizador que colocava a médium em
estado sonambúlico, através do qual ela percebia todos os movimentos dos
Espíritos, relatando-os para os presentes.
No último dia do tratamento, estavam presentes trinta
Espíritos que a felicitavam e lhe incentivavam ao bem. Ao término, a médium
testou de todas as formas o seu membro, comprovando que realmente estava curada
e em tempo recorde para a medicina humana.
Destacamos do relato acima dois pontos dos quais iremos
tratar: o modo de ação dos Espíritos e a rapidez da cura.
Um magnetizador agiria focando a sua atenção e dirigindo os
seus fluidos para o ponto que quer atingir, atuando, através dos seus fluidos e
das técnicas magnéticas, sobre o organismo que necessita de reparo. Segundo
Kardec, O Espírito age da mesma forma que o magnetizador humano: “sua ação
fluídica se transmite de perispírito a perispírito, e deste para o corpo
material. O estado de sonambulismo facilita consideravelmente essa ação, em
conseqüência do desligamento do perispírito, que se identifica melhor com a
natureza fluídica do Espírito, e sofre então a influência espiritual elevada à
sua maior força”.
No caso citado, os Espíritos não dispensaram o auxílio das
energias humanas visto que eles mesmos solicitaram a presença de um grupo de
encarnados que pudessem formar uma espécie de corrente magnética, a qual
forneceria material fluídico para a ação curativa. Estes fluidos doados pelos
presentes encarnados seriam utilizados pelos Espíritos que, manipulando-os ou
misturando-os aos seus, lhes propiciariam as necessárias modificações sugeridas
pelo caso do momento.
Os Espíritos utilizaram ainda os recursos de um magnetizador
que, além de levar a paciente ao estado de sonambulismo, o qual facilitou a
ação espiritual, como vimos acima, estando “sua mão direita, apoiada sobre a
espádua da sonâmbula, contribuía com sua parte no fenômeno, pela emissão dos
fluidos necessários à sua realização”.
Poderiam os Espíritos agir sozinhos, sem a participação
magnética de um encarnado? Poderiam, sim. Mas isto é a exceção à regra, visto
que os fluidos animalizados são mais compatíveis com as necessidades de um
órgão físico.
Falta-nos analisar a questão da rapidez da cura. Se o
tratamento fosse executado por um magnetizador, ele teria sido, provavelmente,
mais lento. A capacidade de influenciar o campo vital de alguém, os fluidos
vitais a possuem em escala muito menor que os fluidos dos Espíritos bons. A
sutilidade dos fluidos destes últimos lhes dá um poder de transformação e de
penetração capaz de operar curas de forma imediata ou em prazos bastante
curtos, de acordo com a sua elevação.
Já os nossos fluidos densos operam com lentidão, necessitando
de um verdadeiro tratamento, mais ou menos longo, metódico e continuado.
“O fluido humano sendo menos ativo, exige uma magnetização
prolongada e um verdadeiro tratamento, às vezes, muito longo... O fluido
espiritual, mais poderoso em razão de sua pureza, produz efeitos mais rápidos
e, freqüentemente, quase instantâneos”, escreveu Kardec em outro artigo da mesma
Revista.
Existe então, na realidade, esta gradação nos efeitos de
acordo com o potencial fluídico, a origem do fluido e a sua maior ou menor
qualidade. Esta última depende diretamente do nosso estado de saúde física e
emocional, além do nosso padrão moral, colocando-se em primeira linha a
humildade e o desinteresse.
Adilson Mota
Nenhum comentário:
Postar um comentário