A historia do magnetismo nos mostra que, urna vez observado
seu aspecto terapêutico, sempre manteve estrita ligação com os processos de
cura. Veremos de maneira sucinta urna genealogia que se inicia nas civilizações
antigas chegando a nós como ciência. Serão mencionados alguns nomes que
contribuíram para a evolução do conhecimento do magnetismo ressaltando que o
tema já foi abordado por diversos estudiosos.
É no séc. XIX, com a fundamentação dos estudos espíritas„
que a ação do magnetismo em comunhão com
a Doutrina Espírita atinge sua total compreensão ao conjugar ação magnética e
reforma mural. Léon Denis (1846-1927), filósofo
espírita e um dos principais continuadores da Doutrina após Kardec,
chega mesmo a afirmar que o magnetismo "não só nos leva a crer na
existência da alma, mas também nos dá a posse de maravilhosos recursos. A ação
dos fluidos sobre o humano é considerável."
(Depois da Morte).
O uso de fluidos vitais era muito difundido no Egito antigo
no intuito de aliviar os males físicos. Viajantes procuravam os sacerdotes que
detinham o conhecimento das técnicas de manipulação desses fluidos (imposição
das mãos, insuflação, desdobramento) ainda hoje utilizadas por vários segmentos
religiosos e esotéricos. Na Revista Espírita (abril de 1858), o Espírito Méhemet Ali, antigo paxá do Egito e que em
outras encarnações havia sido sacerdote confirma os conhecimentos que a
civilização egípcia tinha da alma, contudo de maneira mística de supersticiosa
conforme os costumes da época. É nos
templos egípcios que o grego Hipócrates (460-377
a.C.) vai estudar e conceituar o principio natural do organismo humano (Vis Medicatrix curae). Ele rejeitava as práticas
supersticiosas de cura e que não poderiam ser explicadas cientificamente.
Acreditou que a natureza nos dá os meios necessários para a cura do corpo, propondo
então uma medicina científica. Seus métodos foram adotados pelo médico grego
Galeno (131 -200) cujos estudos e descobertas ligados a terapêutica, anatomia,
fisiologia, patologia e sintomatologia decidiram o rumo da historia da
medicina.
Jesus, que possuía um grande potencial magnético, mostrou
que a vontade era determinante para alcançar o alivio das aflições. Diante
daqueles que o procuravam sempre afirmava: "A tua fé te curou".
Surgem no decorrer dos séculos outros estudiosos e práticos
e com eles novas técnicas eram desenvolvidas. Mas a Igreja, especificamente a
partir da Idade Média, viu o magnetismo como manifestação satânica, o que nos mostra
Gabriel Delanne em O Espiritismo Perante
a Ciência: o Padre Athanasius Kircher (1601-1680) inventor, físico, matemático,
alquimista alemão de grande conhecimento das ciências naturais relata que os
escritos do ocultista e médico escocês Robert Fludd (1574-1637) eram "inspiração" do
diabo.
Grande contribuidor de estudos posteriores do magnetismo, Isaac
Newton (1642-1727), no prefácio de sua obra Philosophiae Naturalis
Principia Methematica, de 1687, nos diz que: "Gostaria de que pudéssemos derivar
o resto dos princípios da natureza dos princípios mecânicos pelo mesmo tipo de
raciocínio, pois por muitas razões sou induzido a suspeitar de que todos eles
possam depender de certas forças pelas quais as partículas dos corpos, por
algumas causas até aqui desconhecidas, ou são mutuamente impelidas umas em
direção às outras, e se ligam em formas regulares, ou são repelidas e se
afastam uma das outras." (Citação extraída do Plato IFUSP Instituto de Física da USP - de Carlos Lopes
de Matos).
Samuel Hahnemann (1755-1843), considerado o Pai da
Homeopatia, desvenda e aplica ao uso medicinal o principio curativo das leis da
Natureza, princípios descobertos por Hipócrates. Neste mesmo século.
Franz Anton Mesmer (1730 - 1815) cria a teoria do magnetismo animal em
sua tese de doutorado Díssertatío physico-medíca de planetarum influxu em 1766,
utilizando a expressão "Gravitação Animal" que mudaria posteriormente
para magnetismo animal comparando o principio vital e a teoria da gravitação de
Newton. Mesmer foi um capitulo especial
no grande avanço da ciência magnética. Demonstrou que a imposição das mãos,
lava ao alivio dos sofrimentos, como faziam os primeiros cristãos. O marquês Puységur
(1751 – 1825) grande defensor do caráter cientificista do magnetismo foi seu
discípulo. A ele atribui-se a descoberta do hipnotismo quando "por
acaso", tratando de um paciente, deixou este em estado sonambúlico. Puységur
associou o sonambulismo provocado aos processos terapêuticos magnéticos.
Allan Kardec (1804-1869),
discípulo do médico espírita Du Potet (1796-1881), propôs a associação das
terapias do magnetismo animal, homeopatia e a medicina orgânica. Nos fala na
Revista Espírita (de 1868): "São, em nossa opinião, três ramos da arte de
curar, destinados a se suprirem e a se completarem segundo a circunstancia, mas
das quais nenhum poderá ser uma panaceia universal do gênero humano." E
diz ainda: "E, nesse plano de renovação social, não poderão ficar de fora
o restabelecimento e a manutenção da Saúde." Recuperação da base espiritual,
fluídica e vitalista.
No séc. XX, com espírito André Luiz, através do médium
Francisco Candido Xavier, explica na obra Evolução em Dois Mundos, que "a ação
do passe magnético sobre o sangue influencia com mais amplitude e eficiência as
entidades celulares do estado orgânico". A afirmação se torna importante
quando temos a ciência de que até pouco tempo a prática da sangria era
utilizada para liberação de males físicos. O estudo do Magnetismo prossegue e
nos anos 70, nos EUA, na New York University, a Enfermeira Dolores Krieger, observou
que através do toque (denominada por ela de "toque terapêutico”), poderia utilizar os fluidos vitais para a
cura de varias enfermidades. Sem o uso de técnicas invasivas reunia-se com suas
turmas de alunos para estas práticas. Varias instituições de saúde, inclusive no
Brasil, utilizam o Método Krieger- Kunz (denominação para o toque terapêutico).
Atualmente, Jacob Melo, estudioso na área da ciência magnética, realiza no Rio
Grande do Norte, estado onde mora, terapia de cura pelo magnetismo em pessoas
portadoras de depressão. Em sua obra A Cura da Depressão pelo Magnetismo Jacob
relata sua experiência de 42 dias em depressão profunda e as técnicas de tratamento
desenvolvidas a partir da sua vivencia. Algumas instituições espíritas no
Brasil e em alguns países (EUA, por exemplo) adotaram o método de Tratamento da
Depressão pelo Magnetismo - TDM - com resultados muito positivos. Poderíamos
continuar nosso relato por várias outras vertentes que utilizam o fluido vital
como um meio de alivio às aflições físicas. Apenas acreditamos que as aflições só
deixarão de existir se tivermos consciência de que somos responsáveis por elas
e que o equilíbrio interior só completará o seu ciclo se nossa vontade for
capaz de movimentar o fluido magnético que naturalmente existe em nós.
Alexsandra Mesquita
Nenhum comentário:
Postar um comentário