O que o motivou a escrever a obra
“Reavaliando Verdades Distorcidas”?
- Foram vários fatores; uma espécie de "divida pessoal”
para com o Mestre Kardec, pois sempre o li e o interpretava em palestras, mas não
havia deixado muita coisa registrada nesse sentido; depois, minha esposa me
dizia que nem sempre bastava falar e que era preciso deixar bem definido de
onde eu tirava minhas deduções básicas; por fim, comecei a apresentar citações
de Kardec em meus cursos e seminários e observei que a reação e a percepção do público era
muito melhor e mais consistente. Sendo assim, preferi ampliar o leque e não deixar mais que certas
duvidas elementares continuassem sendo mais fortes do que as razões bem
assentadas já existentes para dissipá-las.
Como esta abra está sendo
"vista" pelas pessoas? Quais os comentários que têm feito?
– Uma coisa interessante está acontecendo em relação a este
livro: ele está sendo muito bem vendido e muito bem comentado por quem entende
que esta obra está desmistificando, de vez, um monte de crendices erigidas na
base do “sempre fui assim” tomada sem se lavar em consideração a base
Kardequiana. O outro grupo, aquele que sempre quis que fosse de um jeito que
não é, mas que simplesmente pinçava frases e palavras para ratificar suas
teorias pessoais está simplesmente calado. Não falam praticamente nada. Ou então
fazem como uma pessoa conhecida que, perguntada sobre o que ela achava da obra,
simplesmente alegou que não perderia tempo lendo-a porque só lê Kardec nos
originais franceses.
Na sua opinião, quais os motivos que levaram alguns espíritas a entenderem
de forma distorcida a proposta de Allan Kardec com relação ao Magnetismo e ao
trabalho de passes?
- A leitura, o estudo, a experimentação repetida e repetida
e o provar o que se faz não são práticas
muito habituais em nosso meio pelo menos não eram até poucos anos. Junte-se a
isso uma forte tendência a se aceitar tudo o que vem “do alto" sem maiores
investigações assim como a necessidade atávica de rituais e “orientadores
espirituais”, tudo isso fez com que “professores” aparecessem com ares de tudo
saberem e terem soluções para tudo,
respaldando seus saberes em informações de guias ou numa falsa mansuetude
evangélica, pela qual se afirma que “tudo são
os Espíritos". Estando criado o campo propicio para tal, o que menos
se buscou foi o estudo serio e aprofundado. E as limitações imposta pelos
achismos de toda ordem foram tão radicalmente plantadas que até parece blasfêmia
alguém dizer que Magnetismo e Espiritismo
uma só ciência e, por conta disso, deve-se fazer amplo uso daquela.
As Casas Espíritas geralmente mantém trabalhos de passe abertos a todos
que desejem recebê-lo, logo após as palestras públicas. Quais os benefícios e
os malefícios, se existem, deste tipo de atividade, com relação aos verdadeiros
objetivos do Magnetismo?
- Não diga que existam malefícios no sentido genérico, mas
nas experiências do dia-a-dia observa-se
que muita gente sai mal de cabines de passes e fica um desencontro imenso sobre
o que se fazer nesses casos e de quem é a culpa - quase sempre se aponta a
falta de fé do paciente como a geratriz do mal estar. Há uma confusão muito
grande entre o que é simples e o que é serio. Simples é tudo aquilo que se faz
com qualidade e conhecimento; sério é o que se realiza com intuitos bem
definidos e dirigidos ao bem. Portanto, o passe, simples e sério, não dispensa
estudo, conhecimento, experiência e vivencia.
Só que em nosso meio é muito comum se achar que o simples é o
insignificante e, portanto, não necessariamente serio. A partir daí surgem os
absurdos bem como os equívocos nos passes.
Este tipo de trabalho não estaria
desvirtuando o Magnetismo e as suas verdadeiras bases?
- De certa forma sim.
Tudo o que se faz em nome de algo ou alguém e que não seja ou esteja de acordo
com o que se advoga como origem está, por isso mesmo, em erro podendo gerar
danos de montas diversas e, muitas vezes, graves.
Como restabelecer o Magnetismo aliado ao Espiritismo diante da situação
em que se encontra hoje o entendimento dos passistas é dirigentes com relação
aquela ciência? E com relação aos pacientes, muitas vezes, ávidos de resolverem
suas problemáticas de forma imediatista?
- É um trabalho árduo, difícil e pouco reconhecido, mas que
precisa ser feito, bem feito, e não se permitir qualquer esmorecimento nesse sentido.
Trata-se da uma plantação complexa, demorada e de colheita ainda distante.
Afinal é muito mais fácil se dizer que para aplicar passes basta ter amor, boa
vontade e orar com fé do que se pedir estudo, ainda que elementar, sobre
fluídos, perispírito, centros vitais, magnetismo clássico, conhecer toda a obra
de Allan Kardec e, de quebra, ainda ter noções, no mínimo razoáveis, de
anatomia, fisiologia e patologia. Em minha visão, só há um meio: fazer, fazer,
fazer e fazer. Demonstrar na prática que Allan Kardec estava certo também nessa matéria e os que
forem assimilando isso também entrem no mesmo processo de fazer, fazer... Além
disso, deve-se pesquisar sempre, estudar sempre, comparar resultados sempre e
perseverar sempre. Quanto aos pacientes cabe aos dirigentes prestarem informações
explicações e razões de suas práticas a fim de, tornando-os esclarecidos, eles,
por sua vez, venham a cobrar melhor qualidade de tudo o que estiver sendo colocado
a serviço dos pacientes.
Na Revista Espírita de junho de 1858, Allan Kardec inseriu um texto
ditado pelo Espírito E. Quinemant: “...O magnetismo, desenvolvido pelo
Espiritismo, é a chave de abobada da Saúde moral e material da humanidade
futura”. Como devemos interpretar esta frase? Qual a responsabilidade dos
espíritas diante do que o Espírito disse?
- Este Espírito prestou ajuda relevante a Kardec em varias mensagens.
Sempre muito seguro e demonstrando dominar o assunto, suas palavras precisam
mesmo serem bem assimiladas. Apesar da frase apontada permitir várias abordagens,
fica bem evidente que o magnetismo é algo tão poderoso e útil que interferirá,
quando bem resolvido e aplicado, até mesmo na saúde moral dos indivíduos. Fica
até a questão: por que será então que não
investimos nisso com mais afinco? Confesso que não sei o porque. Nossa responsabilidade é nada pequena. A falsa ingenuidade de alguns
certamente criará embaraços em suas consciências no futuro, pois se somos responsabilizados
pelo bem que praticamos tanto como bem que
deixamos de praticar, imaginemos o que não nos pesará quando computarmos o mal
que fizemos por dissimulação ou desvia de interesses!
Qual mensagem você pode deixar de incentivo àqueles que desejam
conhecer mais e praticar melhor o magnetismo?
- Não gesto de me colocar como exemplo, pois sei de minhas limitações,
mas posso dizer que graças à perseverança e à determinação em experimentar, pesquisar,
estudar e seguir, mesmo quando quase todos eram contra e me escanteavam como se
faz com um louco ou perturbado, ainda assim prossegui e prossigo, pois o bem só
acontece se for praticado e não apenas se limitar ás discussões estéreis.
Sugiru que estudem, experimentem e prossigam, pois o retorno que se recebe já
nesta vida é algo tão extraordinário que vale a pena demais. E garanto:
fazendo-se esses estudos e aplicando-os com amor e vontade estar-se-á realizando todo o bem que Jesus
nos pediu e que Kardec bem orientou.
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