Aqueles que conhecem alguma coisa da produção literária
mediúnica de Chico Xavier sabem da heterogeneidade de temas que são abordados.
Ali encontramos assuntos os mais variados de teor científico, moral,
filosófico, histórico. Não é de admirar que o passe e o magnetismo tenham sido
também lembrados pelos Espíritos. Vamos encontrar pequenos trechos esparsos
aqui e ali nas obras psicografadas por Chico Xavier, mas de forma intensa nas
transmitidas pelo Espírito André Luiz. Vamos nos deter, então, na nossa análise
a respeito do Magnetismo, nos escritos deste autor espiritual.
São diversas as referências e os exemplos de aplicação
magnética citados por André Luiz e que são levadas a efeito pelos Espíritos nas
mais diversas circunstâncias. Tanto em benefício como em prejuízo de encarnados
e desencarnados, André Luiz relata técnicas diversas utilizadas tanto pelos
bons quanto pelos maus Espíritos, pois, como disse Kardec, o fluido é neutro,
cabendo ao aplicador dar-lhe o direcionamento necessário de acordo com as suas
intenções boas ou más.
As técnicas magnéticas são descritas e postas em ação em
ocasiões variadas como no trecho abaixo, do livro Missionários da Luz: Anacleto
continuou de pé e aplicou-lhe um passe longitudinal sobre a cabeça, partindo do
contato simples e descendo a mão, vagarosamente, até à região do fígado, que o
auxiliador tocava com a extremidade dos dedos irradiantes, repetindo-se a
operação por alguns minutos. Surpreendido, observei que a nuvem, de escura, se
fizera opaca, desfazendo-se, pouco a pouco, sob o influxo vigoroso do
magnetizador em missão de auxílio. O fígado voltou à normalidade plena.
Esta e outras tantas citações semelhantes mostram os
Espíritos utilizando técnicas de passe diferenciadas para cada situação,
dependendo da circunstância, da doença e do doente.
Fiel aos ensinamentos de Allan Kardec que afirmou serem o
Magnetismo e o Espiritismo uma só ciência (O Livro dos Espíritos, questão 555),
não faltam exemplos na obra de André Luiz mostrando o quanto o Magnetismo é
útil e imensamente utilizado pelos Espíritos a fim de suavizar as dificuldades
dos semelhantes. Vejamos mais um trecho, ainda do Espírito André Luiz:
O passe é uma transfusão de energias, alterando o campo
celular. Vocês sabem que na própria ciência humana de hoje o átomo não é mais o
tijolo indivisível da matéria... que, antes dele, encontram-se as linhas de
força, aglutinando os princípios subatômicos, e que, antes desses princípios,
surge a vida mental determinante... Tudo
é espírito no santuário da Natureza. Renovemos o pensamento e tudo se
modificará conosco. Na assistência magnética, os recursos espirituais se
entrosam entre a emissão e a recepção, ajudando a criatura necessitada para que
ela ajude a si mesma. A mente reanimada reergue as vidas microscópicas que a
servem, no templo do corpo, edificando valiosas reconstruções. O passe, como reconhecemos, é importante contribuição
para quem saiba recebê-lo, com o respeito e a confiança que o valorizam. - Nos Domínios da Mediunidade, cap. 17.
Aqui o Espírito
analisa a influência da energia magnética doada através dos mecanismos do
passe. A sua ação nas células depende em grande parte da atitude mental do
recebedor para que a energia vital suplementar consiga, sob o controle da sua
mente, atuar de forma restauradora no organismo doente.
Técnicas de passe, benefícios do passe, condições
necessárias ao magnetizador, esforço a ser despendido pelo paciente, formas de
atuação do magnetismo no organismo são alguns dos tópicos que foram tratados
através da mediunidade de Chico Xavier. Reconhecendo a importância do
Magnetismo dentro do Espiritismo, e reconhecendo o potencial mediúnico
fidedigno de Chico, a Espiritualidade Maior não poupou esforços em trazer a
todos, os esclarecimentos complementares à obra da Codificação, dentre eles, o
uso do Magnetismo.
No livro Mecanismos da Mediunidade são analisados mais
alguns aspectos relativos ao passe e ao Magnetismo. No primeiro momento o autor
fala, mesmo que indiretamente, a respeito da relação fluídica que deve se
estabelecer entre magnetizador e paciente, apoiados por elos de confiança, a
fim de que os resultados não se façam esperar.
Estabelecido o clima de confiança, qual acontece entre o
doente e o médico preferido, cria-se a ligação sutil entre o necessitado e o socorrista
e, por semelhante elo de forças, ainda imponderáveis no mundo, verte o auxílio
da Esfera Superior, na medida dos créditos de um e outro.
Vê-se, no prosseguimento, que o auxílio espiritual não comparece apenas baseado no mérito de quem
recebe o passe, mas também através do esforço e demais requisitos apresentados
pelo passista, no seu desejo de curar. O magnetizador vai emitir as suas
energias, mas a sua assimilação vai ser facilitada pelo clima mental oferecido
pelo doente, como podemos analisar no próximo trecho.
Ao toque da energia emanante do passe, com a supervisão dos
benfeitores desencarnados, o próprio enfermo, na pauta da confiança e do
merecimento de que dá testemunho, emite ondas mentais características,
assimilando os recursos vitais que recebe, retendo-os na própria constituição
fisiopsicossomática, através das várias funções do sangue.
Explicando o mecanismo do passe, informa o autor que as
energias magnéticas se distribuem no organismo, seja físico ou perispiritual,
através da corrente sanguínea que, percorrendo todos os recantos necessários,
através das veias e artérias, carrega no sangue os componentes fluídicos
suficientes à recomposição celular. Chegando estas energias às células e estas absorvendo
o recurso energético, têm as suas funções reequilibradas, restaurando a
harmonia do organismo, como podemos ler em seguida.
O socorro, quase sempre hesitante a princípio,
corporifica-se à medida que o doente lhe confere atenção, porque, centralizando
as próprias radiações sobre as províncias celulares de que se serve, lhes
regula os movimentos e lhes corrige a atividade, mantendo-lhes as manifestações
dentro de normas desejáveis, e, estabelecida a recomposição, volve a harmonia
orgânica possível, assegurando à mente o necessário governo do veículo em que
se amolda.
Em seguida, o autor
espiritual explica a importância do envolvimento do doente no processo da cura.
A confiança, a vontade de melhorar e o esforço para atingir um maior equilíbrio
da mente, dá a si mesmo uma maior capacidade assimilativa dos recursos
curativos que se direcionarão às células atingindo a cura da doença.
VONTADE DO PACIENTE —
O processo de socorro pelo passe é tanto mais eficiente quanto mais intensa se
faça a adesão daquele que lhe recolhe os benefícios, de vez que a vontade do
paciente, erguida ao limite máximo de aceitação, determina sobre si mesmo mais
elevados potenciais de cura.
Nesse estado de ambientação, ao influxo dos passes
recebidos, as oscilações mentais do enfermo se condensam, mecanicamente, na
direção do trabalho restaurativo, passando a sugeri-lo às entidades celulares
do veículo em que se expressam, e os milhões de corpúsculos do organismo
fisiopsicossomático tendem a obedecer, instintivamente, às ordens recebidas,
sintonizando-se com os propósitos do comando espiritual que os agrega.
Muito poderemos aprender a respeito do Magnetismo através
dos escritos deste Espírito que compreendeu a importância deste tema dentro do
Espiritismo. Porém, não teria tomado ao seu encargo tamanha tarefa, se não
encontrasse no aparelho mediúnico, Chico Xavier, o instrumento dócil e fiel na
transmissão do conteúdo espiritual que transitava pelo seu cérebro. Cônscio da
sua responsabilidade de intermediário das mensagens provenientes das mentes
incorpóreas, soube, durante toda a sua missão, apagar-se e “limpar” os canais
mediúnicos através de uma moral ainda rara sobre a Terra, a fim de que a sua
mediunidade a retransmitisse límpida e pura.
Adilson Mota
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