A intuição funciona no magnetismo?
Mas é claro que funciona! Funciona e tem seu valor,
significado e importância. A intuição desempenha papel relevante não apenas no
magnetismo, mas em praticamente tudo em nossas vidas. Todavia não me parece que
todos saibamos distinguir uma intuição de algo que não seja espiritual,
influência de espíritos ou mesmo interferência de campos de energias pouco
estudados.
A Doutrina Espírita, já em seu primeiro livro – O Livro dos
Espíritos – aborda uma questão que é tão pertinente e relevante quanto,
irracionalmente, tem sido desprezada: a dupla vista. E isso é tão grave que se
alguém sair perguntando aos espíritas o que é dupla vista, incluindo os mais
antigos e eruditos, ouvirá, estarrecido, respostas destoantes do que escreveram
Kardec e os Espíritos. Pior do que isso: quase nunca se sabe o que é, não
procurando estudar ou entender o fenômeno e, menos ainda, desenvolvê-lo,
conforme indicado ao longo da Codificação. (A propósito sugiro que sejam lidas
ou relidas as questões 447 a 455 de O Livro dos Espíritos além de uma revisão
da vidência e dos efeitos visuais em O Livro dos Médiuns, ambos de Allan
Kardec).
Certamente alguém deve estar se perguntando: e o que tem
intuição com dupla vista? Diretamente, nada. Mas o assunto se insere. Vamos a
um exemplo clássico: quando um magnetizador ou passista, passando as mãos sobre
um paciente, sente uma espécie de força ou campo energético atraindo sua mão
para determinado local do corpo do paciente, e isso se dá de uma forma tão
consistente que fica irresistível aquela parada, qual argumento se emprega para
justificar o fato? Na quase totalidade dos que sentem esse fenômeno a resposta
é “uma intuição”. Seria mesmo uma intuição?
Em magnetismo, por mais que isso seja óbvio e redundante, é
valioso recordar que lidamos com forças físicas, verdadeiros campos energéticos
que se atraem ou se repulsam a depender de fatores próprios. E em sendo assim é
mais do que natural que determinadas ações e reações se pronunciem naturalmente
como simples consequência da lei de atração e repulsão. Será que isso é difícil
de ser percebido? Se não, então por que razão não se pensa no que é mais lógico
e natural em vez de se partir para explicações, digamos, espetaculares? Allan
Kardec, na questão 555 de O Livro dos Espíritos, aponta a ignorância pela
alimentação de ideias supersticiosas, contudo, neste caso, por vezes vejo algo
que está alem da ignorância e da superstição. Se é tão fácil reconhecer a
existência dessa lei de atração e repulsão no fenômeno indicado, por que será
que se prefere consignar à intuição algo que é tão visivelmente físico? A
intuição tem seu próprio espaço, assim como todos os demais fenômenos, mas não
julgo apropriado fazermos confusão entre eles. O magnetismo tem sua área de
ação – e é muito extensa – assim como a presença e a influência dos Espíritos
em nossas vidas e em nosso meio são constantes, todavia, usando um termo da
Codificação, o Magnetismo se liga mais aos fenômenos de efeitos físicos
enquanto a intuição está afeita aos efeitos inteligentes. Não que um seja
incompatível com o outro, mas são diferentes as origens e causas. O tato
magnético, fruto direto da dupla vista, é o mais vigoroso elemento que vige
quando “forças” invisíveis tomam nossas mãos nos passes ou as dirigem, muito
mais do que o poder que se pretende atribuir aos Espíritos de não apenas
manipularem fluidos, mas de igualmente fazerem-nos de marionetes, como se isso
fosse simples e fácil de se fazer. Estudemos as forças naturais com mente e
coração abertos. Abramos espaço para o entendimento e as reflexões acerca do
magnetismo e descobriremos que é nosso dever estarmos muito mais senhores de
nossas ações do que a tudo ficar atribuindo ação exclusiva dos Espíritos ou
mero fruto do merecimento ou acaso.
Jornal Vórtice ANO II, n.º 11, abril/2010
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