REVIVENDO OS CLÁSSICOS - Barão du Potet
O Magnetismo parece lento em sua marcha, obscuro em sua
ação. Às vezes tudo parece incerto, nada promete o sucesso. A dúvida está em
torno de vocês; sua segurança em você, magnetizador, parece temerária. Sua
palavra não encontra eco. Aguarda-se, sem esperança, uma cura anunciada e nada
a indica.
É um momento bem crítico e se ele se prolonga, o que acontece
muito, o magnetizador perde toda a consideração; pede-se a ele que apresse o
resultado prometido, como se ele pudesse, simples instrumento da natureza,
fazer mais rápido do que ela. É como querer, do grão semeado ontem, a espiga já
madura. Não se atormentem, magnetizadores! Sejam mais calmos do que aqueles que
desconhecem a potência deste agente invisível aos olhos e que se introduz, sem ruídos,
através dos tecidos. Esperem, fechem os ouvidos às palavras desmoralizadoras
que ouvem em seu redor, pois talvez a prova esteja prestes a acabar e no
momento no qual você, descontente consigo mesmo, acredite não ter mais nada a
esperar da natureza e de seu agente, um sinal evidente de sua ação virá
sustentar sua fé e sua coragem.
Tenha o cuidado de exercer seus sentidos no que escapa aos
desatentos; distinga bem o que vem da doença ou do magnetismo. Veja se a
magnetização desenvolveu um pouco mais de calor na pele, se ela produz algum
pequeno movimento nervoso nos membros, uma tendência ao sono, uma leve
lentidão, pois é preciso verificar que uma leve impulsão imprimida na
circulação pode determinar mudanças no estado do doente.
Repouse seguidamente, evite o esgotamento de suas forças.
Saiba esperar em silêncio, sem cessar de esperar.
Uma cura, em muitos casos, é um verdadeiro milagre da
natureza e para que ela se operasse foi preciso o concurso de algum agente
divino. Com efeito, os remédios materiais não tiveram potência, quaisquer que
fossem suas virtudes reconhecidas e sua energia. Antes de lhe chamarem,
magnetizador, esgotaram toda a série de medicamentos e depois, enfim, reconhecendo
a doença como incurável, incurável mesmo do ponto de vista da ciência, o doente
lhe foi abandonado e como a natureza igualmente usou seu próprio poder na luta,
ela deixou a morte invadir o domínio humano. As forças materiais exteriores pressentem
então sobre a vida, recalcam o que resta até o último refúgio que,
seguidamente, parece ser o centro epigástrico.
Mas a praça é cercada, a morte terá vencido a vida, a praça
será tomada. Paciência! Você lhe trouxe um socorro inesperado por vias
misteriosas; as brechas já feitas são reparadas pouco a pouco pelo fluido magnético
e os diques rompidos são refeitos; há mesmo a chance de que o inimigo seja
repelido dos lugares que tanto o aproximam da cidadela. Enfim, a luta pode ser
retomada com o concurso do poderoso auxiliar que você traz e a morte, em certos
casos, pode estar em fuga.
Curar pelo magnetismo é uma obra filosófica bem superior às
obras da medicina. Nula é a comparação que se possa estabelecer entre os dois modos
de cura. Nós repetimos: há algo de divino na arte magnética. Pode-se sentir bem
melhor do que se saberia expressar.
Veja em qual ponto aquele que magnetiza deve moralmente ser
diferente do médico comum. Este não se inquieta, segue seu caminho,
distribuindo suas especificações, prescrevendo seus venenos, infectando os
órgãos com seus gases deletérios e materiais corrosivos, destruindo assim as
malhas mais delicadas do tecido humano, alterando a sensibilidade e, lançando
assim, a cada instante, óleo sobre o fogo que nos anima. E, em seu orgulho e em
sua vaidade, o médico comum crê verdadeiramente ser médico. Sim, ele terá visto
por vezes, seres sobreviverem a tantos abalos e longe de tremer à vista dos
perigos que sua arte expôs os doentes, ele prossegue, até o dia em que ele mesmo
provar tais remédios. Somente então sua inteligência se abre às claridades
divinas e ele reconhece sua impotência e sua vaidade.
A medicina das escolas se tornou uma mentira, uma ilusão.
Não é uma ciência verdadeira, mas um amontoado de idéias sistemáticas que não
pode sustentar a razão.
O magnetizador, bem
diferente do médico, deve escutar em si o que se passa, recolher-se em espírito.
Ele deve amar não apenas no instante em que trata a quem magnetiza. É preciso
que ele desperte docemente as forças entorpecidas, que ele evoque a
inteligência, não aquela que é adquirida pelo estudo, mas aquela que sustentou
e construiu o edifício humano e que, por uma transfusão de vida, ele dê ao
celeste obreiro, os materiais que lhe faltam, ou seja, um extrato de todas as
forças da natureza, o agente a quem chamamos de magnetismo.
Esta é a diferença
capital entre as duas artes, entre a medicina das escolas e a medicina
magnética: a primeira, toda materialista, a outra, ao contrário, mais moral do
que física. Esta exige sensibilidade e devotamento, a calma da prece, a fé em
si, tudo o que os falsos sábios desprezam e os médicos rejeitam para longe
deles, pois eles se fizeram filhos da matéria, industriais e traficantes; seu coração
está morto, suas mãos não tem nenhuma potência, mas a ignorância humana é tão
geral e tão profunda que eles são e serão ainda, por muito tempo, os ministros
da saúde pública. Mas forçosamente ou voluntariamente é preciso que eles venham
a nós; se mais tardarem, mais perderão em consideração e seus interesses estarão
comprometidos.
Tradução Lizarbe Gomes
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