Pelo fato dos conceitos da Física induzirem nossos reflexos imediatos à ideia dos ímãs ou dos campos oriundos da passagem da eletricidade como sendo o que se entende por magnetismo, da mesma maneira como vem do mesmo berço a percepção vulgar que se tem quando se fala em fluidos – estes seriam apenas estados da matéria – fica sempre pendente uma explicação básica que nos posicione quando falamos em Magnetismo enquanto ciência que lida com os fluidos.
Franz Anton Mesmer, que popularizou a expressão Magnetismo Animal (depois reduzida apenas a Magnetismo) foi o grande nome dessa ciência. Não que não tenha havido gente tão grande ou até mais conhecida do que ele – Moisés e Jesus viveram muito antes dele e certamente podem ser indicados como os maiores magntizadores de todas as épocas –, entretanto, sob o nome Magnetismo, devemos a Mesmer seu estudo mais aprofundado, sua codificação e sua repercussão mais emblemática.
Médico alemão nascido em maio de 1734, na cidade de Iznang, viveu até quase completar 81 anos, desencarnando em março de 1815 em Meersburg, sul da Alemanha.
Desde 1773 começou a atuar como magnetizador, em princípio utilizando-se de ímãs, mas tres anos depois, conhecendo seu próprio poder de curar e avançando com os estudos e a divulgação do poder da vontade humana em gerar fluidos capazes de transformar doenças em saúde, dispensou os ímãs e passou a exercer uma multiplicidade de curas empregando apenas seu dom fluídico ou magnético. A partir de então, em meio a polêmicas e descasos, o Magnetismo ganhou destaque em todos os meios.
Confundem-se o Magnetismo com o sonambulismo, pois este teve seu apogeu quando induzido por aquele. E foi ainda do Magnetismo que derivou o hipnotismo.
Freud, em sua base inicial da psicanálise, estudou e praticou o magnetismo, o sonambulismo e também o hipnotismo, daí extraindo aprendizados que seriam fundamentais em suas conclusões, mesmo que depois tenha deixado de lado esse saber.
Hippolyte Léon Denizard Rivail, mais tarde cognominado Allan Kardec, estudou e praticou o Magnetismo e o sonambulismo durante 35 anos até dar início à codificação do Espiritismo. Mas esse conhecimento foi muito além de um rápido estudo ou de uma prática superficial; ele identificou os laços íntimos entre essa Ciência e seus fenômenos com a essência do que os Espíritos vinham trazendo com a Nova Doutrina. Desde a introdução do primeiro livro espírita, O Livro dos Espíritos, à questão de número 555 da mesma obra, além de um sem-número de artigos e anotações colocados nos outros livros que publicou e na Revista Espírita que editou ao longo de quase 12 anos, sempre deixou claro e inequívoco a existência dos estreitos laços que unem as duas ciências, a tal ponto que ‘se dela nos afastarmos ficaremos paralizados’ – que é o que, por sinal, hoje se observa no que tange aos aspectos e estudos científicos do Espiritismo.
O Magnetismo é a ciência que estuda, analisa e sugere métodos para que se empregue, com eficiência, os fluidos magnéticos ou os fluidos da alma humana, em favor dos que deles precisam. A mesma ciência ainda ensina como evitar grandes perdas sutis e energéticas, como recuperar energias vitais, como dissolver concentrados ou congestionamentos energéticos nocivos, como agir com eficiência no campo das curas e da recuperação de estados de saúde, e assim por diante.
Como ciência pode preparar, ensinar e orientar os interessados a melhor lidarem com essas forças sutis, as quais, em última instância, são as propulsoras da vida orgânica.
Ainda há estudos acerca do chamado Magnetismo Espiritual, que corresponde ao emprego de energias muito mais sutis ainda, peculiares ao meio e ao ambiente dos Espíritos desencarnados.
Por ter nascido como uma ciência laica, não havia, oficialmente, indicações de uso concomitante de orações, necessidade de se possuir fé, convites a reflexões, meditações e outros. Aos magnetizadores era preconizado estudo continuado, avaliações e acompanhamentos constantes e muita vontade, uma vontade tão determinante quanto possível, mas que nunca viesse a se transformar em arrogância ou prepotência. Aliás, os magnetizadores, via de regra, precisavam ser saudáveis, física, emocional e moralmente, pois não se pode esperar de um magnetizador vulgar os grandes feitos que a Natureza pode fazer de bom.
Na prática espírita o uso do magnetismo recebeu o nome mais simples de “passes”. No início isso foi útil, mas hoje se percebe que ficou um largo espaço dentro do que pede uma boa interpretação do que isso venha a ser; graves distorções, infelizmente, foram geradas, pois enquanto Allan Kardec fala de magnetismo humano, espiritual e misto, muitos espíritas só consideram como válido o chamado “passe espiritual”, com isso anulando tudo o que a base espírita ensina e orienta. Por outro lado, os que preferem a ‘simplicidade’ do passe ensinam que para se ser passista só precisa ter boa-vontade, fé e oração, já que, alegam, “os Espíritos fazem tudo”. Na verdade, os passistas devem ser pessoas que possuam boa base teórica e prática do Magnetismo, com a diferença dos magnetizadores clássicos por conta da orientação espírita, que pede sejam evocados, pela oração e pela fé, os Espíritos afins com essas atividades. Só que o item Vontade (fator determinante para se obter ou se realizar bons e vigorosos atos magnéticos) jamais deveria ter sido trocado pelo de boa-vontade (o qual nem sempre leva as pessoas a, de fato, serem e fazerem o que é imprescindível).
Espero que esses pontos básicos tenham sido bem entendidos.
Um abraço.
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