Allan Kardec |
Explicação do Fenômeno da Lucidez
É a alma
que confere ao sonâmbulo as maravilhosas faculdades de que ele goza. A alma é
quem, dadas certas circunstâncias, se manifesta, isolando-se em parte e
temporariamente do seu invólucro corpóreo. Para quem quer que haja observado
com atenção os fenômenos do sonambulismo em toda a sua pureza, é patente a existência
da alma, tornando-se-lhe uma insensatez demonstrada até à evidência a idéia de
que tudo em nós acaba com a vida animal. Pode-se, pois, dizer com alguma razão
que o magnetismo e o materialismo são incompatíveis. Se alguns magnetizadores
se afastam desta regra e professam as doutrinas materialistas, é sem dúvida que
se hão cingido a um estudo muito superficial dos fenômenos físicos do
Magnetismo e não procuram seriamente a solução do problema da visão a
distância.
Como quer
que seja, nunca vimos um único sonâmbulo que não se mostrasse penetrado de
profundo sentimento religioso, fossem quais fossem suas opiniões no estado
vígil.
Voltemos à
teoria da lucidez. Sendo a alma o princípio básico das faculdades do sonâmbulo,
necessariamente nela é que reside a clarividência e não nesta ou naquela parte
circunscrita do corpo material. Essa a razão por que o sonâmbulo não pode
indicar o órgão dessa faculdade, como designaria os olhos, se se tratasse da
visão exterior. Ele vê por todo o seu ser moral, isto é, por toda a sua alma, visto
que a clarividência é um dos atributos de todas as partes da alma, como a luz é
um dos atributos de todas as partes do fósforo.
Onde quer,
pois, que a alma possa penetrar, há clarividência; essa a causa da lucidez dos
sonâmbulos através de todos os corpos, sob os mais espessos envoltórios e a
todas as distâncias.
EXTRAÍDO
DEOBRAS PÓSTUMAS, Explicação do Fenômeno da Lucidez
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