CRESCER Uma
necessidade na prática do magnetismo
Os temas
relacionados ao Magnetismo são fascinantes. É raro alguém ficar indiferente
quando o assunto é abordado convenientemente. Ele fascina, e o motivo é
bastante simples e óbvio: convida-nos a conhecer e estudar faculdades nossas e
diz que podemos muito. Aliado a isto, o estudo e a prática do Magnetismo nos
colocam no limiar entre a matéria e o espírito. Qualquer um, desde que
conhecedor de seus princípios, pode tocar, sentir, experimentar um contato
direto com o mundo imaterial que nos cerca e irá descobrir o que Jesus desejou
que entendêssemos quando proclamou que o ser humano também é um deus e que
pelos poderes da fé nada seria impossível.
O Barão du
Potet, reproduzindo orientação de um de seus sonâmbulos, assim nos diz a cerca
do assunto: “O homem, criatura celeste, não foi de tal sorte abandonado por seu
criador, que não lhe tenha restado um reflexo de sua divindade. Este reflexo é
o que chamamos de magnetismo. É esse ascendente que faz a vontade do homem agir
sobre os sentidos, a matéria e a vontade de outro homem”.[1]
J.P.F.
Deleuze enumera entre as noções gerais e princípios para magnetizar dizendo que
“o homem tem a faculdade de exercer sobre seus semelhantes uma influência
proveitosa, dirigindo sobre eles, por sua vontade, o princípio que nos anima e
nos faz viver”, e vai além afirmando que a primeira condição para magnetizar é
querer fazê-lo. Ensina ainda que “a faculdade de magnetizar existe em todos os
homens; mas nem todos a possuem no mesmo grau. Esta diferença de poder
magnético entre os diversos indivíduos se dá em razão de que uns são superiores
aos outros por certas qualidades morais ou físicas. Na ordem moral estas
qualidades são: a confiança em nossas próprias forças, a energia da vontade, a
facilidade de concentrar e manter nossa atenção, o sentimento de benevolência
que nos une ao ser que sofre, a força de ânimo que faz com que mantenhamos a
tranquilidade e conservemos o sangue frio em meio as mais alarmantes crises, a
paciência que impede que nos fatiguemos em uma luta longa e penosa, o
desinteresse que nos faz esquecer de nós mesmos para ocupar-nos somente daquele
a quem cuidamos e que alijemos de nós a futilidade e a curiosidade”.[2]
Estas duas
citações são suficientes para que nos deparemos com um fato: qualquer um pode
magnetizar, mas nem todos obterão os mesmos resultados. A diferença não é feita
pelo conhecimento formal, teórico ou mesmo prático (com a perfeição dos
movimentos das técnicas). O grande diferencial é dado pelo coeficiente de
desenvolvimento humano de cada magnetizador, ou seja, pelo seu crescimento moral,
e neste brilha cristalino a necessidade de confiar em si mesmo como filho de
Deus e no poder extraordinário da vontade.
É nesta
linha de ideias que Allan Kardec também conduz nosso pensamento: “O poder da fé
recebe uma aplicação direta e especial na ação magnética; por ela o homem age
sobre o fluido, agente universal, lhe modifica as qualidades e lhe dá uma
impulsão, por assim dizer, irresistível. Por isso, aquele que, a um grande
poder fluídico normal junta uma fé ardente, pode, apenas pela vontade dirigida
para o bem, operar esses fenômenos estranhos de cura e outros que, outrora,
passariam por prodígios e que não são senão as consequências de uma lei
natural”.[3]
É sabido
que o exercício da fé e da vontade que é ensinado por estes grandes pensadores
não é um exercício cego, tampouco aquele tido por artigo religioso. E mesmo a
espiritualidade, ampliando as noções dos magnetizadores e inserido uma visão
nova sobre muitos fatos, veio nos dizer que não falava de fé sob o aspecto
religioso e, sim, como a “vontade de querer, e a certeza de que essa vontade
pode receber seu cumprimento.”[4]
É frequente
as pessoas duvidarem de sua própria fé, exatamente por que não sabem definir
este sentimento e os referenciais culturais que temos não nos servem de boa
base. Em geral, são tidas como pessoas de fé aquelas que seguem seus preceitos
religiosos à risca, que são capazes de fazer romarias de joelhos, que aguardam
a realização de milagres. Nada disso é fé, ao menos não no sentido em que os
magnetizadores, Kardec e a espiritualidade nos levam a refletir.
A melhor
definição de fé que encontrei até o momento é a expressa em O Evangelho Segundo
o Espiritismo, na mensagem intitulada “A fé divina e a fé humana”, assinada por
um espírito que, simplesmente, se deu a conhecer como um espírito protetor.
Diz-nos ele que “a fé é o sentimento inato, no homem, de sua destinação futura;
é a consciência que tem das faculdades imensas cujo germe foi depositado nele,
primeiro em estado latente, e que deve fazer eclodir e crescer por sua vontade
ativa.”[5]
Poderíamos
substituir o termo fé (tão desgastado pela incompreensão) por confiança e
auto-confiança. Confiança em Deus, nas leis que regem a vida e na justiça de
sua aplicação; o Espiritismo é um manancial para adquirirmos essa confiança; e,
a autoconfiança, decorrente do fato de nos reconhecermos criaturas celestes com
reflexos da divindade, e para tanto, o Magnetismo é um exercício vital.
É uma
verdadeira academia para desenvolvimentos nos músculos da alma (risos) de
fé/confiança e vontade.
Unem-se,
Magnetismo e Espiritismo, em um mesmo convite aos seus trabalhadores: a
autotransformação, o esforço constante em tornar-se um ser humano melhor, em
empregar uma vontade ativa no próprio crescimento e daí resultam os chamados
“prodígios”; eles são a mera consequência do desenvolvimento das faculdades
humanas,e assim, crescer, evoluir como ser humano é uma necessidade do
magnetizador.
[1] Manual
do Estudante Magnetizador.
[2]
Instrucción Práctica Sobre El Magnetismo, Editora Amélia Boudet, Barcelona,
1998. (tradução livre)
[3] O
Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XIX, item 5, IDE, Araras/SP.
[4] Idem,
item 12.
[5] Idem
JORNAL VÓRTICE
ANO II, n.º 06, novembro/2009
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