1. A dupla vista, igualmente chamada de segunda vista, é o nome que se dá
ao fenômeno pelo qual certas pessoas, em perfeito estado de vigília, conseguem
perceber cenas e fatos passados a distância ou exclusivamente na esfera
espiritual.
2. Kardec perguntou aos instrutores espirituais se existe alguma relação
entre o sonho, o sonambulismo e o fenômeno da dupla vista. Responderam os
imortais que tudo isso é uma só coisa. O que se chama dupla vista é o resultado
da libertação do Espírito sem que o corpo esteja adormecido. A dupla vista ou
segunda vista, afirmam eles, “é a vista da alma”.
3. Exemplos desses fatos existem inúmeros na literatura espírita,
especialmente nos clássicos. Um deles é o que se passou com o vidente sueco
Swedenborg, que podia ver e descrever com precisão Espíritos e cenas do mundo
espiritual.
4. A história registra também muitos casos dessa ordem, como o ocorrido com
Apolônio de Tiana, que, estando a ensinar a seus discípulos em praça pública,
interrompeu-se de repente, na atitude ansiosa de quem espera alguma grave
ocorrência, e em seguida anunciou o assassínio de Domiciano, morto sob o punhal
de um liberto.
Dupla vista (o
mesmo que segunda vista ou clarividência): efeito da emancipação da alma que se
manifesta no estado de vigília. Faculdade de ver as coisas ausentes como se
estivessem presentes. Aqueles que dela são dotados não vêem pelos olhos, mas
pela alma, que percebe a imagem dos objetos por toda parte onde ela se
transporta, e como por uma espécie de miragem. Esta faculdade não é permanente.
Certas pessoas a possuem sem saber: ela lhes parece um efeito natural, e produz
o que denominamos visões.
Resumo de O Livro dos Espíritos (LE):
- LE 447: O fenômeno chamado dupla vista (*) tem
relação com o sonho e o sonambulismo. Na dupla vista o Espírito tem maior
liberdade, embora o corpo não esteja adormecido. A dupla vista é a vista da
alma.
(*) NOTA DE J. HERCULANO PIRES: Kardec usou duas
expressões: “Segunda vista” e “dupla vista”, com evidente preferência pela
primeira. Em português, sendo comum a “dupla vista”, demos preferência a usar
“dupla vista”.
- LE 448: A faculdade da dupla vista é
permanente, mas, o seu exercício, não. Nos mundo menos materiais que o vosso,
os Espíritos se desprendem mais facilmente e se põem em comunicação apenas pelo
pensamento, sem excluir, entretanto, a linguagem articulada; também a dupla
vista é para a maioria uma faculdade permanente; seu estado normal pode ser
comparado ao dos vossos sonâmbulos lúcidos, e essa é também a razão por que
eles se manifestam para nós mais facilmente do que os encarnados de corpos mais
grosseiros.
- LE 449: A dupla vista se desenvolve espontaneamente
ou pela vontade. A vontade desempenha um grande papel. Podemos tomar por
exemplo certas pessoas chamadas leitoras da sorte, algumas das quais possuem
essa faculdade, e verás que a vontade as ajuda a entrar no estado de dupla
vista e nisso a que chamais de visão.
- LE 450: A dupla vista é suscetível de se
desenvolver pelo exercício, o trabalho sempre conduz ao progresso, e o véu que
encobre as coisas se torna transparente.
- LE 450a: Nesta faculdade, a organização física
desempenha o seu papel; há organizações que se mostram refratárias.
- LE 451: Muitas vezes numa família, muitos
membros possuem a faculdade da dupla vista, isto se deve, a similitude de
organizações, que se transmite, como as outras qualidades físicas; e depois, o
desenvolvimento da faculdade, por uma espécie de educação, que também se
transmite de um para o outro.
- LE 452: Em certas circunstâncias, pessoas
desenvolvem a dupla vista, em algumas doenças, na proximidade de um perigo, uma
grande comoção, pode desenvolvê-la. O corpo se encontra às vezes num estado
particular, que permite ao Espírito ver o que não podeis ver com os olhos do
corpo.
NOTA DE ALLAN KARDEC: Os tempos de crise e de
calamidades, as grandes emoções, todas as causas, enfim, de superexcitação
moral provocam às vezes o desenvolvimento da dupla vista. Parece que a
providência, em presença do perigo, nos dá o meio de conjurá-lo. Todas as
seitas e todos os partidos perseguidos oferecem numerosos exemplos a respeito.
- LE 453: As pessoas dotadas de dupla vista nem
sempre tem consciência disso; para elas, é coisa inteiramente natural, e
muitas dessas pessoas acreditam que, se todos se observassem nesse sentido,
perceberiam ser como elas.
- LE 454: Podemos atribuir a uma espécie de dupla
vista a perspicácia de certas pessoas que, sem nada terem de extraordinário,
julgam as coisas com mais precisão do que outras, pois, podemos dizer que a
alma irradia mais livremente e julga melhor do que sob o véu da matéria.
- LE 454a: Esta faculdade pode, em certos casos, dar a presciência das
coisas (pressentimentos), porque há muitos graus desta faculdade, e o mesmo
indivíduo pode ter todos os graus ou não ter mais que alguns.
- Kardec empregou o termo, pela primeira vez, em O
Livro dos Espíritos. Quando se referia à faculdade, ora falava em
Clarividência, ora em Clarividência Sonambúlica, ora em Dupla Vista, ora
em Segunda Vista.
- R. Tischner escreve: “Entendemos por
clarividência o conhecimento extra-sensorial de fatos objetivos dos quais
não fomos informados, sendo que a percepção pelos sentidos comuns é
excluída. Esses fatos (acontecimentos, objetos) devem pois fugir
completamente à ação dos sentidos, quer estejam esses acontecimentos e
objetos perto do médium (criptoscopia), quer estejam a uma distância que
torna inacessíveis aos sentidos (telescopia, clarividência no espaço),
quer enfim estejam afastados no tempo (clarividência no tempo); no último
caso, é necessário ainda distinguir a vidência no passado (retroscopia) e
a vidência no futuro (profecia)”.
- Clarividência no Espaço. Faculdade
extra-sensória da clarividência que se processa no Espaço.
- Clarividência no Tempo. Faculdade
extra-sensória da clarividência que se processa no tempo.
- Clarividência Onírica. Estado em que o
indivíduo, (e a fenomenologia supranatural está repleta de casos
semelhantes), sonha que uma pessoa, que ele não pode reconhecer, morreu
dessa ou daquela maneira, o que se realiza a seu tempo ou logo após, como
ocorreu, conforme relato de Emilio Servadio, com José Desilla, que sonhou
estar com uma pessoa, que lhe comunica ter sido astro de cinema
norte-americano e ter tido uma morte em determinadas circunstâncias. Dois
dias depois, José Desilla vem a saber, pelos jornais, da morte de Lon
Chaney, famoso artista cinematográfico, que morrera nas mesmas
circunstâncias relatadas no sonho.
- Clarividência sonambúlica. Faculdade
extra-sensória da clarividência que se processa no estado de sonambulismo.
- Clarividência Telepática. Leitura a
distância na mente de pacientes.
- Clarividência Telestésica. Faculdade
paranormal em que o sensitivo tem percepção de paisagens ou objetos a
longa distância.
- Clarividência Xenoglóssica. Faculdade em que
o médium recebe, pela mediunidade de clarividência, mensagens em línguas
estrangeiras.
- Clarividente (do latim clarividentem).
Indivíduo com faculdade de Clarividência.
- Vidência (de vidente). Faculdade
caracterizada pela visão que o médium vidente tem de seres desencarnados
ou de coisas pós-tumulares.Boirac reputa Vidência termo impróprio para a
percepção que designa. Para substitui-la propõe Metagnomia.
- Vidente (do latim videntem). Médium que
possui a faculdade de vidência.
- Metagnomia (do grego metá + gnome + ia)
É o mesmo que Clarividência, Crisptestesia, Dupla Vista, Segunda Vista,
Lucidez, Lucidez Sonambúlica, Metagnosia, Panestesia, Telestesia,
Vidência, Segunda Vista. Metagnomia é termo criado por Émile Boirac
para designar a faculdade de tomar conhecimento da realidade que está
acima das possibilidades da inteligência que funciona em condições
chamadas normais.
- Médiuns videntes – Os que vêem os Espíritos
em estado de vigília. A visão acidental e fortuita de um Espírito, em
determinada circunstância, é muito freqüente, mas a visão habitual ou
facultativa dos Espíritos, sem qualquer distinção é excepcional. A
condição atual do nosso organismo físico ainda se opõe a essa aptidão. Eis
porque é conveniente não acreditar sempre, sem provas, nos que
dizem ver os Espíritos. (Allan Kardec no livro “O Livro dos
Médiuns”).
Um comentário:
Muito obrigada por tanto material de estudo!!!
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