O estudo dos passes, do
magnetismo, das curas espirituais despertam sempre muita atenção daqueles que
trabalham, estudam, que vivem, enfim, a atmosfera de esforços no bem existentes
no meio espírita. Kardec nos trouxe fundamentos básicos para a correta utilização
de todo esse conhecimento.
Qual a diferença entre passes e imposição de mãos?
Ambos são processos de
magnetização, ou seja, formas de se manipular os fluidos, a primeira, os
passes, implicam essencialmente na movimentação das mãos. A outra, na imposição
fica-se com as mãos paradas e espalmadas sobre um determinado local do corpo ou
órgão da pessoa que está recebendo os passes.
Em linhas gerais, como
funciona o processo de cura espiritual?
Basicamente, seguiremos a
descrição feita por Kardec em "A Gênese". Lá ele nos explica que as
moléculas doentes do corpo de quem recebe o passe são substituídas por
moléculas saudáveis a partir da ação fluidica que o magnetizador promove em
favor desse doente. Num aspecto mais amplo, a verdadeira cura espiritual compreende
a renovação moral do indivíduo. Por isso, em geral, na Casa Espírita organizada
a partir da Codificação, sempre se aplicam os passes juntamente com o ensino do
Evangelho.
Existe diferença entre
magnetismo e fluido?
Sim. O magnetismo é uma força
física, que nos permite agir sobre o fluido (matéria). Gosto sempre de
exemplificar para que fique mais claro esse entendimento: pode se ter muito
magnetismo e pouco fluido, por exemplo, Chico Xavier, já nos seus últimos anos
de vida não possuía quase nenhuma energia vital, mas continuava reunindo
multidões ao seu redor. Essa capacidade de atrair as pessoas é uma manifestação
da força magnética que ele possuía. Em contrapartida, existem pessoas com muito
fluido e quase nenhum magnetismo. Por exemplo, geralmente os jovens possuem uma
boa cota de energia, mas podem ser dispersivos, não conseguindo concentrar o
pensamento e a vontade, não conseguem concentrar a sua força magnética para bem
conduzir os fluidos.
Como o espiritismo vê os
chacras ou centros de força e as suas relações com o passe e curas espirituais?
O conhecimento dos centros de
força é um requisito básico para o médium ou magnetizador bem aplicar os
passes. Sendo os centros de força pontos de concentração de energias (no
perispírito) intimamente ligados ao sistema nervoso (no corpo físico) eles nos
ajudam na correta distribuição das energias que estamos manipulando durante os
passes mesmo que não saibamos exatamente qual o órgão ou região do corpo
adoentado, ou seja, eles conduzem por simples processos magnéticos os fluidos
até os pontos onde são necessários.
O nível moral da pessoa que
irá aplicar o passe exerce algum tipo de influência no processo?
Exerce. Os fluidos sempre
adquirem alguma característica daquele que os manipula. O fluido dos espíritos
de melhor qualidade acaba sendo adulterado pela condição moral do médium.
Quanto mais puro for o resultado final dessa mistura, mais rápida é a cura.
O aprendizado do médium
favorece a cura? O que dizer de significativos processos de curas que acontecem
em locais em que nem se acredita na influência dos espíritos?
O aprendizado do médium é
apenas um dos fatores que favorecem a cura. Há outros envolvidos. Como o
merecimento do enfermo, as condições do ambiente, a ação dos espíritos que se
dá em qualquer lugar, onde eles queiram agir, independente de religião e muitos
outros fatores vão participar do processo curador.
Há muita discussão no
movimento espírita sobre a necessidade ou não dos ditos "passes
padronizados", ensinados pelo emérito Edgard Armond e explicados por André
Luiz. Existem muitas casas, atualmente, adotando a simples imposição de mãos,
gesto usado corriqueiramente por Jesus. Qual a sua opinião sobre o assunto?
Depende da condição de
trabalho dos médiuns e dos espíritos e da direção de cada Casa Espírita. Como
falamos anteriormente, tanto o passe como as imposições são processos de
magnetização e, portanto, podem ser livremente aplicados.
É necessário o médium ter
conhecimentos de anatomia para aplicar passes com mais eficácia?
No Centro Espírita Léon Denis
o candidato ao trabalho da cura passa pelo menos quatro meses estudando noções
de anatomia humana, fisiologia e patologia. É meramente informativo, somente
noções básicas que ajudarão o médium a compreender um pouco mais sobre os
doentes, tratá-lo melhor. Como você vê, isso depende da forma como cada Casa
Espírita é dirigida e até das pessoas que trabalham nela. Mas não podemos
esquecer que, por exemplo, os apóstolos eram pessoas muito simples, com pouco
ou nenhum conhecimento nesse campo, e nem por isso deixavam de conseguir curas.
Na sua opinião, o que importa
mais: estudar ou praticar a mediunidade?
Estudar. Como tratar de algo
ou trabalhar em algo que você não conhece? Mas há casos, também, que se põe
esses médiuns "com mediunidade aflorada" em alguma tarefa onde eles
possam doar a energia que ainda não utilizam corretamente.
A preocupação com o estudo, no meu modo de ver, não
implica na diminuição das tarefas de cura, ao contrário, entendo que quanto
mais se conhecer do assunto, mais e melhor se poderá exercer essa atividade.
Talvez se faça confusão com trabalhos onde se façam as chamadas "cirurgias
espirituais", com médiuns de incorporação que fazem cortes ou outras
técnicas invasivas. Esse tipo de fenômeno me parece realmente que está desaparecendo,
mas não a cura através de passes magnéticos.
Este artigo foi publicado na
Revista Cristã de Espiritismo, edição 38.
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