O termo magnetismo já era
usado no século XVII por Van Helmont. Era conhecido como "magnetismo
animal", mas ganhou foro de doutrina somente com o austríaco Franz Anton
Mesmer, que, através de suas memórias impressas, estabeleceu 27 proposições
acerca do fenômeno. Ele dizia que os astros agiam sobre nós, outros astros e
corpos animados, sendo que esta influência tinha um agente, que era o fluido
cósmico universal. Os corpos gozavam de propriedades análogas às do ímã,
podendo ser transmitidas para outros corpos animados ou inanimados. Afirmava
ainda que a doença era um desequilíbrio deste magnetismo corporal.
Já o termo hipnotismo foi criado pelo médico inglês
Braid, depois de ver algumas sessões com o magnetizador La Fontaine. Ele dizia
ter descoberto a causa da magnetização de um corpo sobre outro, que era a
sugestão do magnetizador ao agir sobre os centros nervosos. Com isso, ele quis
dar ares de ciência à questão, batizando o fenômeno com um novo nome.
Devemos olhar o magnetismo
sempre tendo em mente um fim importante para sua utilidade e, por sermos
espíritas, utilizarmos esta força juntamente com os espíritos. Por certo,
agindo como médium, teremos nossas disposições fluídicas melhoradas pelos
espíritos trabalhadores do bem. Portanto, façamos uma "auto-hipnose"
todos os dias, com idéias otimistas fortalecidas por tudo aquilo que já
aprendemos com a doutrina espírita. Desse modo, estaremos sempre com as mãos no
serviço do bem, não tendo tempo para acomodar as "sugestões do mal"
em nós.
Franz Anton Mesmer, conhecido
como o "pai do mesmerismo", ainda é considerado como cientista e
inovador por uns e como charlatão por outros. Qual a sua opinião?
Mário Coelho – Vejo Mesmer
da mesma forma que qualquer homem implantador de idéias. Ele trouxe as bases
para que entendêssemos o magnetismo, muito embora tenha sido taxado de
charlatão em algumas de suas demonstrações. Muitos dos erros de Mesmer não
foram equívocos da doutrina que trazia, mas da própria ânsia de querer provar a
realidade de seus estudos para aqueles que o pressionavam tenazmente. Acho que
tudo foi fruto da própria época, do desejo de crer por parte de alguns e de
combater por parte de outros.
Segundo Mesmer, a doença é o
magnetismo desequilibrado. Sendo assim, a hipnose pode ajudar a reequilibrar o
corpo? De que maneira?
Mário Coelho – O hipnotismo
com finalidade médica ajuda o equilíbrio da mente no sentido de sugestionar o
doente a tirar de dentro dele algumas idéias fixas que são substratos da
doença. Porém, fazemos isso mesmo sem conhecermos hipnotismo. Quando temos uma
dor e começamos a criar idéias otimistas sobre ela ou procuramos entender sua
causa, isto é uma auto-sugestão para redimensionarmos nossa dor. Por exemplo: é
mais fácil para um espírita aceitar a dor da morte de um ente querido do que um
não-espírita, mas a perda não é a mesma para ambos? No entanto, com
conhecimento, o espírita redimensiona sua dor, tornando-a menor. Ele aceita
porque entendeu e se preparou para tal. No fundo, é um trabalho junto à própria
mente e, porque não dizer, ao próprio espírito.
O magnetismo pode ser
confundido com transe mediúnico? A pessoa hipnotizada está sempre acompanhada
por alguma entidade?
Mário Coelho – Há pessoas
que se auto-hipnotizam inconscientemente e entenda-se essa hipnose no sentido
de fortificar em si uma idéia fixa. Desse modo, vemos pessoas com crise
emocional simulando inconscientemente uma incorporação mediúnica. Primeiro, ela
tem a crise com uma pseudo perda da consciência, ao ponto das pessoas que não
conhecem profundamente o tema acharem que ela estava caída no chão por ação de
espíritos. Depois, muitas vezes, a pessoa sai desse transe como se tivesse
mesmo desincorporando. São sutilezas que aqueles que têm contato com pessoas
sofridas no centro espírita encontram vez por outra.
O magnetismo tem poder de
cura?
Mário Coelho – Sim, o próprio
Allan Kardec nos fala isso na Revista Espírita e nas obras da codificação.
Antes de ver fenômenos espíritas, ele estudou magnetismo durante 30 anos. Em A
Gênese, Kardec afirma que nem sempre é possivel se dizer quando a pessoa foi
magnetizadora pura e simples. Ou seja, imbuído pelo desejo de ajudar, o
magnetizador sempre será auxiliado por um bom espírito, daí ele passa a atuar
como médium.
O passe magnético deve ser
aplicado aos doentes em hospitais?
Mário Coelho – Em muitos
países, os magnetizadores e até mesmo os médiuns são cadastrados como agentes
de saúde. Muitos centros espíritas fazem o serviço de visita aos enfermos que
queiram, que tenham idéias espíritas ou aceitam as mesmas. Mas isso é um
serviço previamente preparado, no qual o médium não vai para magnetizar, mas
para fazer um auxílio apoiado nos espíritos. Se já temos consciência espírita,
não há motivos para sairmos dando passes como magnetizadores sem um
planejamento.
Uma pessoa que vai magnetizar
outra pode, de alguma maneira, vir a prejudicá-la?
Mário Coelho – Caso não tenha
conhecimento das técnicas de magnetismo ou mesmo dos próprios mecanismos das
doenças, pode prejudicar sim. Certa vez, um médium passista amigo meu, ao ver a
filha com um leve ataque de asma brônquica, decidiu agir como magnetizador e
passou a jogar fluido no tórax da criança, só que ela começou a piorar
instantaneamente. Por que isso aconteceu? A asma, por si só, já é uma doença
hiper reativa e, ao irradiar fluidos, meu amigo só aumentou ainda mais a
reatividade dos brônquios. Na verdade, ele deveria ter dado os passes para
dispersar os fluidos do corpo da filha.
O magnetismo é algo inerente
ao ser humano?
Mário Coelho – Sim, todo
ser humano é portador de magnetismo, já que este nada mais é do que uma
transformação de nosso fluido vital. Sendo assim, teoricamente, todos podemos
magnetizar. Sem querer, agimos da mesma maneira que os magnetizadores do
passado, que também utilizavam o passe de sopro para aliviar dores.
Este artigo foi publicado na
Revista Cristã de Espiritismo, edição 17
Nenhum comentário:
Postar um comentário