Juiz Maxwel - Extraído da Revista Espírita de Allan Kardec de março de 1867
Desempenha-se
neste momento, no teatro do Ambigu, um drama dos mais emocionantes, intitulado
Maxwel, pelo Sr. Jules Barbier, e eis aqui em duas palavras o nó da intriga.
Um pobre
tecelão, de nome Butler, é acusado do assassínio de um gentil homem, e todas as
aparências são de tal modo contra ele que é condenado pelo juiz Maxwel a ser
enforcado. Só um homem poderia justificá-lo, mas não se sabe o que lhe
aconteceu. No entanto, a mulher do tecelão, num acesso de sono sonambúlico, viu
esse homem e o descreveu; poder-se-ia, pois, reencontrá-lo. Um bom e sábio
doutor que crê no sonambulismo, amigo do juiz Maxwel, veio informá-lo desse
incidente, a fim de obter um adiamento da execução; mas Maxwel, cético com relação
às faculdades que considera sobrenaturais, mantém a sua sentença, e a execução
tem lugar.
Há algumas
semanas daí, esse homem reaparece e conta o que se passou. A inocência do condenado
é demonstrada, e a visão da sonâmbula justificada.
No entanto,
o verdadeiro assassino permaneceu desconhecido. Quinze anos se passam, durante
os quais se verifica uma multidão de incidentes. O juiz, acabrunhado de
remorso, devota sua vida à procura do culpado. A viúva de Butler, que é expatriada
levando sua filha, morre na miséria.
Mais tarde
essa filha se torna cortesã na moda, sob um outro nome. Uma circunstância
fortuita coloca-lhe nas mãos a faca que tinha servido ao assassino; como sua
mãe, ela entra em sonambulismo, e este objeto, como um fio condutor, retornando-a
ao passado, ela conta todas as peripécias do crime e revela o verdadeiro
culpado que não é outro senão o próprio irmão do juiz Maxwel.
Não é a
primeira vez que o sonambulismo é posto em cena; mas o que distingue o drama
novo é que ali é representado sob uma luz eminentemente séria e prática, sem
nenhuma mistura de maravilhoso, e em suas conseqüências mais graves, uma vez
que ele serve de meio de protesto contra a pena de morte. Em provando que o que
os homens não podem ver pelos olhos do corpo, não está escondido aos da alma, é
demonstrar a existência da alma, e a sua ação independente da matéria. Do
sonambulismo ao Espiritismo a distância não é grande, uma vez que se explicam um
pelo outro; tudo o que tende a propagar um, tende igualmente a propagar o
outro. Os Espíritos não se enganaram quando anunciaram que a ideia espírita
brilharia por todas as espécies de caminhos. A dupla vista e a pluralidade das existências,
confirmadas pelos fatos, e acreditadas por uma multidão de publicações, entram
cada dia mais diante das crenças, e não se admira mais; são duas portas
completamente abertas ao Espiritismo.
Extraído da
Revista Espírita de Allan Kardec de março de 1867
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