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terça-feira, 28 de agosto de 2012

Juiz Maxwel - Extraído da Revista Espírita de Allan Kardec de março de 1867

Juiz Maxwel - Extraído da Revista Espírita de Allan Kardec de março de 1867
 Desempenha-se neste momento, no teatro do Ambigu, um drama dos mais emocionantes, intitulado Maxwel, pelo Sr. Jules Barbier, e eis aqui em duas palavras o nó da intriga.
Um pobre tecelão, de nome Butler, é acusado do assassínio de um gentil homem, e todas as aparências são de tal modo contra ele que é condenado pelo juiz Maxwel a ser enforcado. Só um homem poderia justificá-lo, mas não se sabe o que lhe aconteceu. No entanto, a mulher do tecelão, num acesso de sono sonambúlico, viu esse homem e o descreveu; poder-se-ia, pois, reencontrá-lo. Um bom e sábio doutor que crê no sonambulismo, amigo do juiz Maxwel, veio informá-lo desse incidente, a fim de obter um adiamento da execução; mas Maxwel, cético com relação às faculdades que considera sobrenaturais, mantém a sua sentença, e a execução tem lugar.
Há algumas semanas daí, esse homem reaparece e conta o que se passou. A inocência do condenado é demonstrada, e a visão da sonâmbula justificada.
No entanto, o verdadeiro assassino permaneceu desconhecido. Quinze anos se passam, durante os quais se verifica uma multidão de incidentes. O juiz, acabrunhado de remorso, devota sua vida à procura do culpado. A viúva de Butler, que é expatriada levando sua filha, morre na miséria.
Mais tarde essa filha se torna cortesã na moda, sob um outro nome. Uma circunstância fortuita coloca-lhe nas mãos a faca que tinha servido ao assassino; como sua mãe, ela entra em sonambulismo, e este objeto, como um fio condutor, retornando-a ao passado, ela conta todas as peripécias do crime e revela o verdadeiro culpado que não é outro senão o próprio irmão do juiz Maxwel.
Não é a primeira vez que o sonambulismo é posto em cena; mas o que distingue o drama novo é que ali é representado sob uma luz eminentemente séria e prática, sem nenhuma mistura de maravilhoso, e em suas conseqüências mais graves, uma vez que ele serve de meio de protesto contra a pena de morte. Em provando que o que os homens não podem ver pelos olhos do corpo, não está escondido aos da alma, é demonstrar a existência da alma, e a sua ação independente da matéria. Do sonambulismo ao Espiritismo a distância não é grande, uma vez que se explicam um pelo outro; tudo o que tende a propagar um, tende igualmente a propagar o outro. Os Espíritos não se enganaram quando anunciaram que a ideia espírita brilharia por todas as espécies de caminhos. A dupla vista e a pluralidade das existências, confirmadas pelos fatos, e acreditadas por uma multidão de publicações, entram cada dia mais diante das crenças, e não se admira mais; são duas portas completamente abertas ao Espiritismo.






Extraído da Revista Espírita de Allan Kardec de março de 1867

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