Há algum tempo vimos refletindo a respeito da estrutura de
funcionamento dos trabalhos de passe que comumente existem nas instituições
espíritas; os passes que são aplicados após as palestras de orientação
doutrinária.
Sem desmerecer o esforço e a boa vontade por parte de
dirigentes e passistas que militam nesta área das tarefas espíritas,
pretendemos aqui analisar a forma como estes trabalhos têm funcionado, em
confronto com a terapêutica empregada pelos magnetizadores, a qual era tão
comum na época de Kardec.
Há algumas décadas temos sido habituados a esperar que os
Espíritos tudo façam por nós (pelo menos na área dos passes), nos induzindo a
uma acomodação, fazendo estagnar aquilo que poderia ser muito melhor aproveitado
para o benefício do próximo: nossos recursos energéticos. Os Espíritos podem
nos ajudar e muito, quando realizamos o esforço para alcançar a ajuda. Quando
esperamos que eles tudo resolvam por nós, sem o esforço da nossa parte, ficamos
sem o auxílio deles. Portanto, se queremos que os Espíritos nos assistam,
precisamos “suar a camisa”.
Obras valiosas como Magnetismo Espiritual de Michaellus e
Magnetismo Curativo de Alphonse Bué, antes editadas pela Federação Espírita
Brasileira, infelizmente, hoje não mais o são, fazendo-nos perder um manancial
de conhecimentos teóricos e práticos a respeito desta ciência tão vasta que é o
Magnetismo. Fora as exceções, muitas obras hoje existem a respeito do passe nas
instituições espíritas, mas cujo valor se resume à teoria, caindo por terra o seu
valor prático, no que concerne àquilo que seja necessário para que alcancemos
os melhores resultados.
Se fizermos um estudo comparativo entre os resultados de
cura obtidos pelos magnetizadores clássicos e os passistas de agora, vamos
verificar, sem sombra de dúvida, de que lado se encontra a verdadeira terapia
de cura.
Onde está o equívoco? Nos passistas? Nas instituições espíritas?
Acreditamos que o problema está na estrutura que foi dada àqueles trabalhos.
Deixando de lado a passionalidade, vamos analisar friamente os seguintes itens:
a) Longas filas de pessoas para receber o
passe: todo mundo tem consciência de que muita gente que frequenta as filas de
passes não precisariam verdadeiramente estar ali. E por que estão? Falta orientação,
dirão alguns. Também achávamos isto até fazermos diversas palestras a respeito
deste assunto e, para nossa frustração, lá estava a fila tão longa quanto
antes.
Lógico que se deve continuar orientando de
forma sistemática, até por que sempre vamos ter pessoas “novas” nas
instituições espíritas.
Ocorre um verdadeiro paradoxo: busca-se o
passe mesmo sem precisar dele, enquanto que ao mesmo tempo não acreditamos no
alcance que ele pode ter.
Não acreditamos por que não conhecemos.
Esperamos milagres, mas não confiamos que o
Magnetismo pode curar uma doença séria.
Disse Kardec: um corpo em harmonia não
assimila o Magnetismo. E pode até prejudicar. É o mesmo que acontece quando
tomamos remédio estando sadios.
Procura-se avidamente o passe para a
resolução de pequenos desconfortos que poderiam facilmente ser sanados através
de uma prece, de uma reflexão ou de uma mudança de atitude. Mas preferem
entregar-se ao passe como a medida milagrosa e salvadora, que tudo deve fazer
por nós, enquanto continuamos brigando em casa e chegando ao Centro Espírita
com dor de cabeça para ser resolvida pelos passistas. Ao mesmo tempo, acreditam
que somente estas pequenas mazelas podem ser curadas pelos passes.
b) Necessidade de muitos passistas: para
suprir a demanda de pacientes, fazem-se, geralmente, cursos rápidos de passe, a
fim de “preparar” passistas em número suficiente para atender a todos.
A pressa nesta preparação deixa uma lacuna
enorme e perigosa, pois não há meios para que alguém se torne eficiente em
tratar as mais variadas moléstias físicas, emocionais ou espirituais, após
algumas horas de estudo.
Muitos magnetizadores, no passado, eram
médicos e largaram a medicina fundando clínicas e hospitais para tratarem os
doentes através do magnetismo.
Imaginemos alguém fazer isso depois de um
estudo de final de semana!
c) Necessidade de local amplo: quase nunca as
casas espíritas dispõem de muito espaço onde cada passista possa trabalhar de
forma conveniente utilizando os vários recursos magnéticos. Daí, o que vamos
ter é uma sala apertada, com muitos passistas, sem oferecer condições para que
se trabalhe de forma eficiente. Espaço para uma maca, nem pensar.
d) Escassez de tempo: para completar o
quadro, não há tempo para se atender demoradamente a tanta gente, da forma como
o magnetismo requer. Na estrutura atual, os passes precisam ser rápidos, de dois
a três minutos, comprometendo totalmente os resultados. Sem contar com a pressa
de quem recebe o passe e que quer ser logo atendido, sem demora, apesar dele
muitas vezes estar acostumado a frequentar os consultórios médicos sendo
forçado a aguardar horas por um atendimento. Mas aprendemos que o passe pode
fazer “milagres” e que podemos ser curados dos nossos males em rápidos minutos,
depois das mãos do passista terem se movimentado algumas poucas vezes.
Resultado final: pouca eficiência, poucos alcances positivos.
Enquanto os magnetizadores clássicos conseguiam curar
moléstias tidas muitas vezes como incuráveis, pelos médicos, mesmo
desconhecendo o perispírito, os centros de força e a interferência dos
espíritos, o que conseguimos nós com os passes?
E ainda há aqueles que acham que todos que costumam assistir
a palestras doutrinárias DEVEM receber passes todas as vezes que forem ao
centro espírita, mesmo sem necessidade.
Allan Kardec, que deve visitar as instituições espíritas vez
ou outra para aferição da tarefa por ele iniciada, deve se perguntar o que
estamos fazendo com a Doutrina Espírita que tanto trabalho lhe deu para colocar
em bases científicas.
Adilson Mota
Um comentário:
Gostei muito e acredito em cada palavra deste texto. As pessoas realmente não estão preparadas para o PASSE e algumas vão aos centros POR IREM...tipo assim: Se ajudar tudo bem.,..se não também.
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