Uma panorâmica dolorosa sobre
o que estão e estamos fazendo com a união entre o Espiritismo e o Magnetismo.
Por Jacob Melo ( fevereiro 2012 )
Pergunta: Para respeitar a
liberdade de consciência, dever-se-á deixar que se propaguem doutrinas
perniciosas, ou poder-se-á, sem atentar contra aquela liberdade, procurar
trazer ao caminho da verdade os que se transviaram obedecendo a falsos
princípios?
Resposta: “Certamente que
podeis e até deveis; mas, ensinai, a exemplo de Jesus, servindo-vos da brandura
e da persuasão e não da força, o que seria pior do que a crença daquele a quem
desejaríeis convencer. Se alguma coisa se pode impor é o bem e a fraternidade.
Mas não cremos que o melhor meio de fazê-los admitidos seja obrar com
violência. A convicção não se impõe.”
Na questão (841) acima, de O
Livro dos Espíritos, Allan Kardec expõe sua preocupação com a existência de
doutrinas perniciosas bem como do comportamento que deveríamos ter em relação a
elas. Na resposta foi dado o aval da lógica com amor; agir sim, mas sem
violências.
No Novo Testamento, dentre
outros momentos, temos Jesus também se referindo ao assunto. Destaco o que está
em Mateus, 10-16 a 18: “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos;
portanto, sede prudentes como as serpentes e simples como as pombas. Acautelai-vos
dos homens; porque eles vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão nas suas
sinagogas; e por minha causa sereis levados à presença dos governadores e dos
reis, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios”.
A advertência de Jesus quanto
ao que podem esperar aqueles que se propõem a ajustar os rumos pede prudência e
simplicidade. Prudência e bom-senso andam de mãos dadas, como também estão
simplicidade e base. Em termos de Espiritismo, focando o que venho tratando
nesta série, o bom-senso kardequiano e a base kardequiana deveriam ser
suficientes para as mudanças, os ajustes e as correções, todavia parece que a
covardia tem ocupado a vaga do bom-senso e a conivência o assento da
simplicidade.
Continuando com Mateus no
mesmo capítulo, versículos 26 a 28, Jesus prossegue, como a complementar sua
sábia advertência: “Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não
haja de ser descoberto, nem oculto que não haja de ser conhecido. O que vos
digo às escuras, dizei-o às claras; e o que escutais ao ouvido, dos eirados
pregai-o. E não temais os que matam o corpo, e não podem matar a alma...”.
Depois de mais de dois meses
sem postar outro artigo nesta página, ainda tratando do momento espírita em
face do Magnetismo, percebo que há quem tenha refletido positivamente acerca de
alguns dos desvios graves que vimos observando no âmago da vivência Espírita. O
que é mais grave, entretanto, é que ainda não consigo ter em mim qualquer
conclusão que justifique o procedimento da parte de uma maioria, inclusive dos
que dizem conhecer a base kardequiana, aí incluindo-se dirigentes,
palestrantes, orientadores, enfim, pessoas tidas como de alto nível de
conhecimento espírita, e seguirem desenfreados, meio que desgovernados, sem
destino e passando a ideia de que sabem exatamente para onde vão e o que
esperam construir. Pior: levam no roldão uma quantidade enorme de pessoas muito
crédulas e pouco atentas.
A mim me intriga sobremaneira
que exista maior número de pessoas dispostas a se acomodarem e a quase nada fazerem
para corrigir os rumos do que reconhecem estar desviados, do que empregarem a
palavra, o empenho, o diálogo ou mesmo o exemplo para convencerem o que
significa Doutrina Espírita.
Medo do sinédrio? Temor dos
que imperam? Mas hoje já não contamos com esse tipo de tribunais, apesar de ser
notório que existem divisões, não de forma explícita, mas com peso suficiente
para afastar, denegrir, por sombras em quem não rezar pela cartilha de quem
dirige. Entretanto, quem trabalha pelo e para o Bem, de quem e de onde espera
alguma recompensa, algum troco?
São louvados os heróis do
passado. Mesmer, hoje respeitadíssimo, foi vilipendiado, execrado, defenestrado
de todo e qualquer meio político e acadêmico e se não foi morto ou condenado,
deveu isso à sua coragem consistente, à sua determinação perseverante e ao fato
de também ser uma “autoridade”, posto que portador dos títulos acadêmicos
necessários.
Mas, quantos Mesmeres existem?
Quantos falarão de dentro de nossas almas?
Alegar-se-á, certamente, que
Mesmer não era espírita – em sua época o Espiritismo ainda não havia surgido.
Com isso se pretenderá alijá-lo dessa Doutrina. Mas, conforme já tratei tantas
vezes, foi Allan Kardec, e foram os Espíritos que nos trouxeram a Doutrina
Espírita, quem apontaram-no como mestre da Ciência na qual devemos nos manter
apoiados.
Entretanto, eu ficar repetindo
isso parece não fazer qualquer eco onde deveria ressoar, Por isso quero
novamente buscar a palavra dos Espíritos para não pensarem que penso sozinho.
Questão 627 de O Livro dos
Espíritos: Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a
utilidade do ensino que os Espíritos dão? Terão que nos ensinar mais alguma
coisa?
E aqui está a resposta: “Jesus
empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de
conformidade com os tempos e os lugares. Faz-se mister agora que a verdade se
torne inteligível para todo mundo. Muito necessário é que aquelas leis
sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e
ainda menos os que as praticam. A nossa missão consiste em abrir os
olhos e os ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os
hipócritas: os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem
suas torpezas. O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos,
para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e
apreciar com a razão. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus
anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar
a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda
de amor e de caridade.” (grifos meus)
A hipocrisia; eis aí os
Espíritos Superiores destacando-a. Semelhantemente a Jesus. E não pode ser de
outra maneira; se não há fatos conhecidos que expliquem o porque dos desvios
tão graves que veem sendo cometidos contra a base espírita -- e se há eles não
são apresentados --, o manto que dá cobertura a tudo isso só pode ser essa
figura mesmo: a hipocrisia. E os Espíritos não se fizeram de rogados não; basta
vejamos outra questão do mesmo livro:
842. Por que indícios se
poderá reconhecer, entre todas as doutrinas que alimentam a pretensão de ser a
expressão única da verdade, a que tem o direito de se apresentar como tal?
Eis a resposta: “Será aquela
que mais homens de bem e menos hipócritas fizer, isto é, pela prática da lei de
amor na sua maior pureza e na sua mais ampla aplicação. Esse o sinal por que
reconhecereis que uma doutrina é boa, visto que toda doutrina que tiver por
efeito semear a desunião e estabelecer uma linha de separação entre os filhos
de Deus não pode deixar de ser falsa e perniciosa.”
Menos hipócritas! Aqui surge
uma inquietante pergunta: podem hipócritas gerar menos hpocrisia, menos
hipócritas? Para um bom entendimento da pergunta destaco que a expressão aqui
usada foi muito empregada por Jesus e pelos Espíritos Superiores, inclusive
pelo próprio Allan Kadec. É uma palavra dura, cruel, mas não há sofismas que
oculte seu efeito nocivo, seja em pessoas e em instituições, seja em quem for
continuar vestindo faces de cordeiros e escondendo carrancas de lobos.
Fico imaginando que alguns
pensarão: e onde está a mansuetude que Jacob referiu no início do artigo? E
respondo: está na sinceridade desses argumentos. Argumentos duros, bem o sei,
porem indispensáveis, notadamente quando quem está no barco sente que o
comandante está deixando-o à deriva. Pois além de se estar perdendo o rumo,
ainda se compromete desviando os rumos dos outros barcos. Daí ser conveniente
ouvir os Espíritos novamente:
837. Que é o que resulta dos
embaraços que se oponham à liberdade de consciência?
“Constranger os homens a
procederem em desacordo com o seu modo de pensar, fazê-los hipócritas. A
liberdade de consciência é um dos caracteres da verdadeira civilização e do
progresso.”
Nossa! Com isso fica até
bastante pesado no tocante ao que podemos dizer ou pensar de quem age assim,
não é mesmo? Ainda bem que foram os Espíritos quem disseram, senão... eu seria
sacrificado!
Mas vamos concluir. Concluir
de forma indagadora...
Será mesmo que quando se diz o
que tem sido dito acerca de passes e ação dos Espíritos em cabines de passes,
nesse universo de desisformação no qual nos encontramos, de desrespeito ao que
Kardec e os Esíritos nos trouxeram, nesse imenso oceano de navegantes perdidos,
estamos, de fato, contribuindo para que o Espiritismo seja a Doutrina que se
propõe ser? Se assim for, para que estudar? Para que os Espíritos nos
advertiram ser o progresso fruto do desenvolvimento intelectual e moral? Será que
acreditar que apenas tal ou qual movimento ou não-movimento de mãos seja o
suprassumo de uma ciência e, assim, com isso veremos transformados os aspectos
científicos básicos do Espiritismo em tão singela atitude? Seria a Ciência
Espirita e a ciência Magnetismo tão pobres? Será que difundir que “os Espíritos
fazem tudo” é corresponder à verdade que o Espiritismo tão bem ensina em suas
obras fundamentais? Será que os espíritas que difundem o “simplório da fé sem
saber e sem fazer” sabem mesmo o que Allan Kardec e os Espíritos Superiores
orientaram como base segura para avançarmos? Em meio a tantas dúvidas será que
deveremos seguir na mesma atitude acomodada de “eles sabem o que fazem” e, com
a maior tranquilidade, continuarmos “lavando as mãos”? Criticamos tanto a
Pilatos, mas, é justo se questione, o que temos feito com os pedidos de
respeito e socorro que a nossa vigorosa doutrina vem pedindo e os sofredores
vem buscando? Estarão certos aqueles que desviam essa base apenas porque têm
anos de atividades no currículo, contam com mediunidade explícita, são
convidados especiais de grandes eventos, escrevem muitos livros ou simplesmente
dirigem Casas ou setores mediunicos??? Nada pessoal e nem qualquer indireta a
quem quer que seja, mas ou refletimos, corrijimos os rumos e somos o que
devemos ser agora, ou depois não teremos o que reclamar ante o atraso de novos
milênios que poderiam ser vencidos com decisões tomadas numa bem pensada
encarnação.
Que qualquer pessoa emita sua
opinião sobre o que quer que seja é um direito inalienável do ser humano; mas
aqueles que tem responsabilidade de falar em nome do Maior, do Bem, do Senhor
tirem ou deixem muito claro o que se trata de ponto de vista estritamente
pessoal em certas recomendações, ou, como sabem, responderão tanto pelos
equívocos em que se metem, como igualmente pela queda de muitos que lhes ouvem
e crem em suas palavras.
Dizer que o passe espírita
está dissociado do Magnetismo é NEGAR ALLAN KARDEC, não importa que quem o diga
se afirme espírita legítimo; dizer que os Espíritos fazem tudo é desvirtuar
completamente a grande verdade da Vida; seguir culpando ou apontando o
não-merecimento pelas falhas e pelos erros que são cometidos nas cabines de
passes não servirá de desculpas amanhã, pois a ninguém é dado o direito da
alegação de não conhecer a lei – e, neste caso, a lei é o estudo verdadeiro de
tudo o que aí está para quem quiser saber o quê, como, quando, onde e em quem
fazer.
Ainda escreverei mais um
artigo nesta série, mesmo lamentando que muitos que deveriam ler e refletir
sobre tudo isso não lhe queira dar atenção.
Um comentário:
Vovô Pedro,o mesmo Espírito na vestimenta de carne como Franz Antoine Mesmer.É bom trazer a conhecimento de todos o nome de Grandes Homens, que provam-nos que o Pai Celestial, jamais nos deixou órfãos em todas as épocas da humanidade. Peço-vos visitar o BLOG http://almaeespirito.zip.net/ comente e deixe também comentários.Divulgue.
SELL-Sociedade Espírita Lápis de Luz
R.VL 42 Nº 57 Nova Contagem - Contagem M.G.
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