DO
DESENVOLVIMENTO DAS CRISES CAPÍTULO IX
TRADUÇÃO DE
LIZARBE GOMES
Enquanto
dure a sessão, o magnetizador, sejam quais forem as crises que se apresentem,
deve ter uma inteira confiança em si mesmo.
Ele deve
estar seguro de não estar enganado se conservar seu sangue-frio e sua coragem.
Ao contrário, se ele se assusta, se ele se perturba, os acidentes que surgirem
são por sua própria falha e não do magnetismo.
Quando uma
crise sobrevém, é preciso deixá-la se desenvolver sem interrompê-la; mas não é
preciso contribuir para que ela se prolongue.
É preciso
aproveitar as crises que acontecem naturalmente. Se há dores na parte doente,
se surgem movimentos nervosos, espasmos, transpiração, entorpecimento, sono,
deixa-se o tempo necessário para a crise se desenvolver, tomando-se as
precauções convenientes para que a transpiração não pare ou para que o doente
não sofra nenhum acidente; ele se acalma pouco a pouco pelos passes.
Se ele
adormecer pelo sono ordinário ou pelo sonambulismo, não é preciso despertá-lo
subitamente. No primeiro caso, o impediríamos de tornar-se sonâmbulo; no
segundo caso, lhe causaríamos convulsões.
Para
evitar, de todas as maneiras, estes inconvenientes, ninguém deve tocá-lo ou ao
menos, aqueles que não estejam em contato com ele.
Há crises
úteis, ainda que dolorosas e elas são indispensáveis; é uma prova de que o
magnetismo age. Estas crises se assemelham àquelas causadas por um vomitório ou
um purgante; elas cessam, depois recomeçam. O doente deve ter a força e a
paciência de suportá-las.
Se as dores
são locais, o magnetizador as acalma ali concentrando a ação; se elas são
gerais, ele faz passes à distância, que são calmantes, refrescantes e dão novas
forças.
Quando uma
crise se manifesta, o magnetizador deve deixar tempo para que ela se desenvolva
e contribuir para uma magnetização conforme o estado do doente e, sobretudo,
deixá-lo apenas quando a crise tiver terminado.
Todo
magnetizador deve se convencer, diz Puységur, do quanto é perigoso o estado de
convulsão abandonado a si mesmo, a menos que se opere sobre os epilépticos,
sobre os quais o magnetismo só age bem lentamente. Todas as vezes em que se
encontre indivíduos nos quais o magnetismo produz convulsões, é preciso evitar
abandoná-los a si mesmos e ainda mais procurar aumentar este estado violento; é
preciso, ao contrário, fazer todos os esforços para acalmar e somente deixar o
doente quando ele estiver em um estado de certa tranqüilidade.
Obs: a
seguir vem citação de Deleuze, reforçando as palavras do autor. as quais optamos
por não transcrever, pois já estão expressas no texto. (NT)
AUBIN
GAUTHIER
Jornal
Vórtice ANO III, n.º 03, agosto/2010
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