QUAIS OS
FATORES QUE INFLUEM NO TEMPO DE APLICAÇÃO DE UM PASSE?
JACOB MELO responde
Não sei se
o leitor concorda comigo, mas até mesmo a questão “tempo de aplicar um passe”
termina gerando disse-me-disse. São tantas opiniões que dá para se sentir
cheiro de incompreensão no ar.
Um ponto
decisivo a se perceber na questão, como em muitas outras que envolvem os
passes, é buscar a origem. Afinal, de onde vem o passe? A resposta mais objetiva
é: de uma ciência conhecida como Magnetismo.
Mas,
advoga-se, isso (o passe) é aprendido de forma natural ou mesmo “transferido”
pela simples boa vontade... Lógico que isso pede uma contestação: e o que é
natural ou que se aprende de que jeito for, dispensa a justeza de uma ciência?
Sabemos sim que as ciências se formaram a partir das práticas, mas, via de regra,
essas práticas se aprimoraram à medida em que as ciências aplicaram métodos e
controles, observações e repetições para chegarem ao melhor e mais apropriado
para o uso até mesmo daquilo considerado como básico.
Pode parecer
divagação minha estender o assunto por esse caminho, mas fica difícil tratar de
coisas simples como a proposta na pergunta, sem que se busque uma base segura,
do contrário ficaremos restritos a apenas mais uma opinião no meio das muitas e
quase sempre discordantes existentes.
Sabemos – e
isso parece ser consensual – que cada caso é um caso, cada paciente um paciente
e que, por princípio, ainda que existam medidas ou referências médias e padrões,
a ação, a reação e a interação de cada paciente com o magnetizador é sempre única.
Sendo assim parece ressaltar que não é de boa medida se estabelecer um padrão fechado
para a solução do questionamento básico.
Atribui-se
a Chico Xavier a informação de que “um passe não deve durar mais do que o tempo
de um Pai Nosso”. Eu “leio” essa resposta do Chico pela ótica da sabedoria que ele
sempre emprestou às suas palavras, ao seu jeito mineiro de ser. Ora,
respondendo assim, Chico dizia qual era o padrão que ele considerava. Mas se o
padrão que ele considerava era o próprio padrão como ele orava um Pai Nosso,
logo se percebe que não se trata de um Pai Nosso rapidinho, mas um Pai Nosso
meditado, sentido, profundo como ele devia pronunciar, claramente pode levar desde
rápidos segundos até mesmo horas...
Nota-se,
nessa resposta do Chico, que ele considerava a possibilidade infinita de variações
de tempo enquanto a maioria tende a ler que isso significaria um tempinho curto
de passe.
Estudando o
Magnetismo, como muitos leitores deste Vórtice vêm fazendo, rápido se percebe que
o tempo de passe depende de uma série muito grande de variáveis. O tipo de
problema a ser tratado, o ambiente, a habilidade do magnetizador, a maneira
como o paciente se porta, as questões atinentes à fé, à vontade, ao nível da
profundidade e do conhecimento de como se passar o magnetismo, o potencial magnético
empregado, a predominância ou não da ação espiritual, enfim, de uma inumerável
relação de fatores.
Posso
imaginar que o leitor esperaria uma resposta, digamos, mais precisa, do tipo:
para tal caso, considerando-se essas variáveis, tantos minutos; para tal
problema, ante essas outras circunstâncias, tanto tempo, e assim por diante.
Lamentavelmente não funciona dessa maneira.
É preciso que
nos assenhoreemos de mais experiências, melhores estudos e busquemos progredir
na arte e na ciência do Magnetismo a fim de sermos mais e mais efetivos,
melhores realizadores do bem e não nos limitemos a ficar transferindo
responsabilidades, do tipo: deixe que os Espíritos tomem conta; se não melhorou
é por falta de merecimento; quando Deus quer tudo é possível... Se esses argumentos
são verdadeiros, muito mais verdade é encontrada na responsabilidade que todos
temos, passistas, assistidos, dirigentes, estudiosos ou mesmo simples curiosos,
no levar adiante o bem, sempre da melhor forma, com a maior segurança possível
e também com a consciência de que se ainda não chegamos tão adiante como
gostaríamos é sinal de que ainda temos muito a galgar, pelo que todos os esforços
devem ser empreendidos.
Sugiro que
deixemos de acreditar em números e tempos pré-determinados e busquemos sentir
melhor o paciente, doar com mais vontade e sabedoria e agir com a responsabilidade
de quem sabe ter diante de si um ser que precisa ser ajudado e não apenas receber
gestos padronizados por nossas inexperiências.
Jornal
Vórtice, Ano II, n.º 08, janeiro/2010
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