Franz Anton Mesmer - O
"pai" do Magnetismo Animal
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Publicado por Cleunice Rezende
Franz Anton Mesmer
MAGNETISMO X MATERIALISMO
O mesmerismo é uma visão espiritualista e positiva da natureza, e absolutamente incompatível com o materialismo ou mesmo com a visão religiosa dogmática e sobrenatural da Igreja.
Assim como para Hipócrates(1), a arte de curar,
segundo Mesmer, concentra-se em
recuperar e manter a saúde, considerada como um estado de equilíbrio.
Identificado o desequilíbrio presente no organismo do doente, o magnetizador, por meio de passes, imposição, insuflação, massagens, exerce uma ação dinâmica pelo magnetismo animal (ou fluido vital) no paciente.
Um tratamento metódico, em sessões regulares, permite que o ciclo da doença se complete rapidamente, invertendo a ação desagregadora e funesta provocada pelo desequilíbrio instaurado. Atingindo o estado crítico, o estado doentio está superado. Finalmente o equilíbrio orgânico se restabelece e o paciente volta ao seu estado saudável.
A terapia descoberta por Mesmer é, assim, muito diferente da supressão dos sintomas empregada pela alopatia. Os sintomas são fenômenos naturais fisiológicos que denunciam o desequilíbrio presente na economia orgânica.
A ação do medicamento alopático, suprimindo os efeitos observáveis, mascara a verdadeira causa da doença. No entanto, apesar dos sintomas estarem omitidos, o estado mórbido ainda permanece no corpo doente. Como conseqüência, se – por sorte – a própria natureza não restaurar sozinha a saúde, surgirão novos sintomas e o estado de desequilíbrio orgânico se agravará. Além de muitos remédios e tratamentos da época de Mesmer serem intoxicantes, venenosos e exaustivos; sua fundamentação científico-filosófica estava equivocada.
Algumas décadas depois, Hahnemann(2) recomendaria o mesmerismo na sua obra máxima, o Organon da arte de curar, e faria uso do magnetismo animal no tratamento de seus próprios pacientes, com uma intensidade relevante.
A medicina alopática mantinha uma orientação materialista sem solução da continuidade desde Galeno(3). E ainda hoje insiste nesse equívoco, afastando da humanidade os benefícios dos meios naturais da cura.
(Do livro:
“Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos” – Paulo Henrique
de Figueiredo )
Mesmer estava preocupado
unicamente com o conteúdo de sua descoberta, e não com a forma de aplicá-la.
Ele considerava transitório, e até mesmo irrelevante, o uso de instrumentos em
sua terapia. Em nenhuma parte de sua obra ele estabeleceu um método de cura que
pudesse ser ensinado ou seguido pelos médicos.
De acordo com Mesmer, um médico, conhecedor da fisiologia, da patologia e das teorias do magnetismo animal poderia encontrar em sua prática os meios mais adequados à sua natureza e a de seus pacientes:
“Esperam-se sem dúvida explicações sobre a maneira de se aplicar o magnetismo animal, e de torná-lo um meio curativo eficaz; mas como, independentemente da teoria, este novo método de curar exige indispensavelmente uma instrução prática e seguida, não creio ser possível dar aqui a descrição, nem desta prática, nem do aparelho e das máquinas de diferentes espécies, nem dos procedimentos de que me servi com sucesso, porque cada um, em conseqüência da sua instrução, se aplicará em estudá-los, e aprenderá por si mesmo a variá-los e a acomodá-los às circunstâncias e às diversas situações da doença.” (Mesmer, 1799)
O magnetizador deveria desenvolver seus métodos terapêuticos pelo livre exercício da experimentação, respeitando uma condição essencial da ciência.
Quando alguns
discípulos de Mesmer quiseram publicar
as anotações de seu curso, que continham a descrição de alguns instrumentos,
foram expressamente desautorizados por ele. Porém, agindo, contra a vontade de
seu mestre, levaram ao público seus 344 Alforismos* anotados durante as aulas.
Com o passar das
décadas, os magnetizadores abandonaram os grandes instrumentos. A segunda
geração – du Potet, Charpignon, Aubin Gautier, Foissac,
Lafontaine e outros – restringiu os recursos terapêuticos aos
passes, imposição de mãos, massagens, sopros, magnetização da água e
sonambulismo provocado.
Os instrumentos como a tina foram importantes durante o período experimental da ciência do magnetismo animal. O mesmo papel foi desempenhado pelas mesas girantes** e outros instrumentos, quando do surgimento da ciência espírita.
Edição de texto retirado do livro: “Mesmer, a ciência
negada e os textos escondidos” – Paulo Henrique
de Figueiredo – Ed. Lachâtre
* Alforismos de Mesmer, Paris, 1785.
Tina de Mesmer
(Museu de História da Medicina e da Farmácia de Lyon)
Nos primeiros
tempos da descoberta do magnetismo, Mesmer e outros magnetizadores faziam uso
de alguns instrumentos, como a tina (ou baquet), a varinha de metal, a magnetização da água,
garrafas e de árvores, para aplicação do magnetismo animal.
O instrumento mais utilizado por Mesmer, principalmente enquanto permaneceu em Paris, foi a ‘tina mesmérica’ ou ‘baquet’.
Descreveu Puységur * (1784):
“O fundo da tina
do senhor Mesmer é composto de garrafas arranjadas entre si de maneira
particular. Acima dessas garrafas, coloca-se água até uma certa altura; varas
de ferro, cujas extremidades tocam a água, saem dessa tina; e a outra
extremidade, terminada em ponta, se aplica sobre os doentes. Uma corda, em
comunicação com o reservatório magnético e o reservatório comum, liga todos os
doentes uns aos outros; de modo que existe uma circulação de fluido ou de
movimento que serve para estabelecer o equilíbrio entre eles. (...) Se desejar,
utiliza-se uma vara de ferro, terminada em ponta, apoiada no meio da tina, que
se pode tocar de tempo em tempo, ou de uma recarga que se pode operar à
vontade, mantendo este movimento na direção dada; e por intermédio da corda que
serve para ligar todos os doentes entre si, chega, como já disse acima, um
combate, em cada indivíduo, pelo restabelecimento do equilíbrio, do fluido ou movimento
elétrico animal.”
“Toca-se cada uma das garrafas que entram no
reservatório magnético, e se lhe comunica então uma impulsão elétrica animal;
carrega-se também a água que recobre as garrafas, e, por esta operação,
determinam-se as correntes de movimentos que serão levadas para os pontos
necessários dos doentes.”
“A tina, sem a
ajuda do magnetizador, não deve ser vista senão como um acessório do tratamento
magnético, pois que seu efeito, muito secundário, é primeiramente o de manter
um movimento já impresso do que imprimir um por si mesma.”
* Marquês de
Puységur – Discípulo de Mesmer
Os objetos eram utilizados apenas como condutores ou intermediários da ação do magnetizador. Quando visitavam Mesmer, os médicos alopatas ficavam confusos porque não encontravam qualquer tipo de remédio ou prática invasiva no tratamento dos doentes.
No entanto, Mesmer considerava transitório, e até irrelevante, o uso de instrumentos em sua terapia. A tina remediava o problema causado pelo pequeno espaço disponível no seu apartamento da praça Vendôme, sua clínica em Paris.
“É de se presumir que, se eu tivesse um estabelecimento cômodo, supriria as tinas. Em geral, uso apenas pequenos meios, e isso quando necessários.” (Mesmer, 1799)
Edição de texto retirado do livro: “Mesmer, a ciência negada e os textos escondidos” – Paulo Henrique de Figueiredo – Ed. Lachâtre
Mesmer realizou trabalhos ao ar livre, com pessoas que
o procuravam em busca de seu tratamento
Mesmer foi o médico
austríaco criador da teoria do magnetismo animal conhecido pelo nome de Mesmerismo. Nasceu a 23 de maio em Iznang, uma pequena vila
perto do Lago Constance. Estudou teologia em Ingolstadt e formou-se em Medicina
na Universidade de Viena. Provido de recursos, dedicou-se a longos estudos
científicos, chegando a dominar os conhecimentos de seu tempo, época de
acentuado orgulho intelectual e ceticismo. Era um trabalhador incansável,
calmo, paciente e ainda um exímio músico.
Em 1775, após
muitas experiências, Mesmer reconhece que pode curar mediante a aplicação de
suas mãos. Acredita que dela desprende um fluido que alcança o doente; declara:
“De todos os corpos da Natureza, é o próprio homem que com maior eficácia
atua sobre o homem”. A doença seria apenas uma desarmonia no equilíbrio da
criatura, opina ele. Mesmer, que nada cobrava pelos tratamentos, preferia
cuidar de distúrbios ligados ao sistema nervoso. Além da imposição das mãos
sobre os doentes, para estender o benefício a maior número de pessoas,
magnetizava água, pratos, cama etc., cujo contato submetia os enfermos.
Mesmer praticou durante anos o seu método de tratamento em Viena e em Paris, com evidente êxito, mas acabou expulso de ambas as cidades pela inveja e incompreensão de muitos.
Depois de cinco
tentativas para conseguir exame judicioso do seu método de curar, pelas
academias, é que publica, em 1779, a “Dissertação sobre a descoberta do
magnetismo animal”, na qual afirma que esta é uma ciência com princípios e
regras, embora ainda pouco conhecida.
A sua popularidade
prosseguiu por muitos anos, mas outros médicos o taxavam de impostor e
charlatão. Em 1784, o governo francês nomeou uma comissão de médicos e
cientistas para investigar suas atividades. Benjamin Franklin foi um dos
membros dessa comissão, que acabou por constatar a veracidade das curas, porém
as atribuíram não ao magnetismo animal, mas a outras causas fisiológicas
desconhecidas.
Em 1792, Mesmer
vê-se forçado a retirar-se de Paris, vilipendiado, e instala-se em pequena
cidade suíça, onde vive durante 20 anos sempre servindo aos necessitados e sem
nunca desanimar nem se queixar. Em 1812, já aos 78 anos, a Academia de Ciências
de Berlim convida-o para prestar esclarecimentos, pois pretendia investigar a
fundo o magnetismo. Era tarde; ele recusa o convite. A Academia encarrega o
Prof. Wolfart de entrevistá-lo. O depoimento desse professor é um dos mais
belos a respeito do caridoso médico:
“Encontrei-o dedicando-se ao hospital por ele mesmo escolhido. Acrescente-se a isso um tesouro de conhecimentos reais em todos os ramos da Ciência, tais como dificilmente acumula um sábio, uma bondade imensa de coração que se revela em todo o seu ser, em suas palavras e ações, e uma força maravilhosa de sugestão sobre os enfermos.”
No início de 1814,
ele regressou para Iznang, sua terra natal, onde permaneceria os seus últimos
dias, até falecer em 05/03/1815.
Assim foi Mesmer.
Durante anos semeou a cura de enfermos doando de seu próprio fluido vital em
atitude digna daqueles que sacrificam-se por amor ao seu trabalho e a seus
irmãos. Suas teorias atravessaram décadas e seu exemplo figura luminoso entre
os missionários que sob o açoite das críticas descabidas e as agressões da
calúnia, passam incólume escudado pelo dever retamente desempenhado. Seu nome
jamais se desligará do vocábulo “fluido” e sua vida valiosa pelos frutos que
gerou, jamais será esquecida por aqueles cuja honestidade de propósitos for o
ornamento de seus espíritos. A sua obra foi decisiva para demonstrar a
realidade da imposição das mãos como meio de alívio aos sofrimentos, tal como a
utilizavam os primeiros cristãos antigamente e os espíritas atualmente.
A magnetização
comum é uma verdadeira forma de tratamento, com a devida seqüência, regular e
metódica.
Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, se souberem cuidar do assunto convenientemente.
Eis as respostas dos Espíritos, a perguntas feitas a respeito:
1. Podemos considerar as pessoas dotadas de poder magnético como formando uma variedade mediúnica?
— Não podes ter
dúvida alguma.
2. Entretanto, o médium é um intermediário entre os Espíritos e os homens, mas o magnetizador, tirando sua força de si mesmo não parece servir de intermediário a nenhuma potência estranha?
— É uma suposição
errônea. A força magnética pertence ao homem, mas é aumentada pela ajuda dos
Espíritos a que ele apela. Se magnetizares para curar, por exemplo, e evocas um
bom Espírito que se interessa por ti e pelo doente, ele aumenta a tua força e a
tua vontade, dirige os teus fluidos e lhes dá as qualidades necessárias. *
3. Há, porém, excelentes magnetizadores que não acreditam nos Espíritos?
— Pensas então que
os Espíritos só agem sobre os que crêem neles? Os que magnetizam para o bem são
auxiliados pelos Espíritos bons. Todo homem que aspira ao bem os chama sem o
perceber, da mesma maneira que, pelo desejo do mal e pelas más intenções
chamará os maus.
4. O magnetizador que acreditasse na intervenção dos Espíritos agiria com
maior eficiência?
— Faria coisas que
seriam consideradas milagres.
5. Algumas pessoas têm realmente o dom de curar por simples toques, sem o emprego dos passes magnéticos?
— Seguramente. Não
tens tantos exemplos?
6. Nesses casos trata-se de ação magnética ou somente de influência dos Espíritos?
— Uma e outra.
Essas pessoas são verdadeiros médiuns, pois agem sob a influência dos
Espíritos, mas isso não quer dizer que sejam médiuns escreventes, como o
entendes.
7. Esse poder é transmissível?
— O poder, não,
mas sim o conhecimento do que se necessita para exercê-lo, quando se o possui.
Há pessoas que nem suspeitariam ter esse poder se não pensarem que ele lhe foi
transmitido. **
8. Podem-se obter curas apenas pela prece?
— Sim, às vezes
Deus o permite. Mas talvez o bem do doente esteja em continuar sofrendo, e
então se pensa que a prece não foi ouvida.
9. Existem fórmulas de preces mais eficazes do que outras para esse caso?
— Só a superstição
pode atribuir virtudes a certas palavras. E somente os Espíritos ignorantes ou
mentirosos podem entreter essas idéias, prescrevendo fórmulas. Entretanto, pode
acontecer que para pessoas pouco esclarecidas e incapazes de entender as coisas
puramente espirituais, o emprego de uma fórmula contribua para lhes infundir
confiança. Nesse caso, a eficácia não é da fórmula, mas da fé que foi aumentada
pela crença no uso da fórmula.
* A ação dos Espíritos é que realmente dá eficácia curadora ao magnetismo humano. Preste-se atenção à dinâmica do auxilio espiritual, revelada nessa esclarecedora resposta.
** Os Espíritos colocam aqui um problema comum de psicologia. Há magnetizadores e médiuns, hipnotizadores e sujeitos paranormais que só acreditam em suas faculdades e as desenvolvem sob a ação de outras pessoas. Trata-se de falta de confiança em si mesmas e não de poder das outras pessoas, que muitas vezes se julgam poderosas. Ilusão muito freqüente dos que se dizem capazes de desenvolver a mediunidade dos outros.
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