Barão
Jules Denis Du Potet de Sennevoy
(1796-1881)
Um grande expoente do estudo do magnetismo
animal, no século XIX, na França.
Du Potet começou seus experimentos em 1821
e registrou-os no “Le Propagateur du Magnétisme animal”, jornal que fundou em
1827, e no “Journal de Magnétisme”, fundado também por ele em 1845 e em
atividade até 1861, sendo posteriormente reativado por Hector Durville.
Logo o barão se mostrou um magnetizador
extremamente eficaz, e quando Dr. Husson, que trabalhava no Hospital de
Hotel-Dieu, de Paris, estava procurando alguém para ajudá-lo com seus
experimentos de sonambulismo magnético, Du Potet foi escolhido.
Desenvolveu um sistema chamado “magnetismo
mágico”, que revisava a doutrina tradicional do magnetismo de um fluido
magnético universal, incorporando-lhe a antiga noção de um poder espiritual
universal, que servia de base para a “mágica natural”. Esta concepção, muito
diferente da visão mecânica de Mesmer, considerou o magnetismo como uma ponte
entre o espírito e a matéria, ou entre corpo e alma. Na visão de Du Potet, os
mesmeristas que reconheciam a verdadeira natureza do magnetismo poderiam
produzir “mágicas”, com curas milagrosas e vários outros fenômenos.
O barão afirmava ter descoberto no
magnetismo animal a “mágica da antiguidade”. Fenômenos de aporte, resistência
ao fogo, levitação de corpos humanos e comunicações com Espíritos foram freqüentemente
observados e estudados por ele. Em visita a Inglaterra, apresentou estes
fenômenos ao Dr. John Elliotson, primeiro expoente do magnetismo animal na Grã
Bretanha. Durante anos Du Potet escreveu uma série de livros que mantiveram o
tema do magnetismo animal em constante debate na França.
Antes, porém, em Paris, o Magnetismo também
atrairá a atenção do pedagogo, homem de ciências, Professor Hippolyte Léon
Denizard Rivail (Allan Kardec). Consoante o Prof. Canuto Abreu, em sua célebre
obra O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Rivail
integrava o grupo de pesquisadores formado pelo Barão Du Potet
(1796-1881), adepto de Mesmer, editor do Journal du Magnétisme e
dirigente da Sociedade Mesmeriana. À página 139 dessa elucidativa obra,
depreende-se que o Prof. Rivail freqüentava, até 1850, sessões
sonambúlicas, onde buscava solução para os casos de enfermidades a ele
confiados, embora se considerasse modesto magnetizador.
Os vínculos, do futuro Codificador da
Doutrina Espírita, com o Magnetismo, ficam evidenciados nas suas anotações
intimas, constantes de Obras Póstumas, relatando a sua iniciação no
Espiritismo, quando em 1854 interessa-se pelas informações que lhe são
transmitidas pelo magnetizador Fortier, sobre as mesas girantes, que lhe diz:
"parece que já não são somente as pessoas que se podem
magnetizar"..., sentindo-se à vontade nesse diálogo com o então
pedagogista Rivail. São dois magnetizadores, ou passistas, que se encontram e
abordam questões do seu íntimo e imediato interesse.
Mais tarde, ao escrever a edição de março
de 1858 da Revista Espírita, quase um ano após o lançamento de O Livro dos
Espíritos em 18.04.1857, Kardec destacaria: "O Magnetismo preparou o
caminho do Espiritismo"(...). Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e
do êxtase às manifestações espíritas (...) sua conexão é tal que, por assim
dizer, é impossível falar de um sem falar de outro". E conclui, no seu
artigo: "Devíamos aos nossos leitores esta profissão de fé, que terminamos
com uma justa homenagem aos homens de convicção que, enfrentando o ridículo, o
sarcasmo e os dissabores, dedicaram-se corajosamente à defesa de uma causa tão
humanitária
É o depoimento inconteste do valor e da
profunda importância da terapia através dos passes, e, mais tarde, em 1868, ao
escrever a quinta e última obra da Codificação, A Gênese, abordaria ele a
"momentosa questão das curas através da ação fluídica", destacando
que todas as curas desse gênero são variedades do Magnetismo, diferindo apenas
pela potência e rapidez da ação. O princípio é sempre o mesmo: é o fluido que
desempenha o papel de agente terapêutico, e o efeito está subordinado à sua
qualidade e circunstâncias especiais.
Os passes têm percorrido um longo caminho
desde as origens da humanidade, como prática terapêutica eficiente, e,
modernamente, estão inseridos no universo das chamadas Terapêuticas
Espiritualistas.
Tem sido exitosa, em muitos casos, a sua
aplicação no tratamento das perturbações mentais e de origem patológica.
Praticado, estudado, observado sob variáveis nomenclaturas, a exemplo de
magnoterapia, fluidoterapia, bioenergia, imposição das mãos, tratamento
magnético, transfusão de energia-psi, o passe vem notabilizando a sua qualidade
terapêutica, destacando-se seus desdobramentos em Passe Espiritual (energias
dos Espíritos), Passe Magnético (energias do médium) e Passe Mediúnico
(energias dos Espíritos e do médium), constituindo-se, na atualidade, em
excelente terapia praticada largamente nas Instituições Espíritas.
Os magnetizadores do passado, já
pressentiam o mundo espiritual atuando na magnetização (Deleuze, Du Potet,
etc.) Mesmer afirmava que o fluido obedecia a leis mecânicas e que os efeitos
eram exclusivamente de ordem física, ao passo que a maioria dos magnetizadores
viu nele um fenômeno espiritual, sujeito a leis psíquicas e não físicas.
Obras do autor:
——Du Potet de Sennevoy, Baron. Cours de
magnétisme animal. N.p., 1834. 1840.
——Discours sur le
magnétisme animal. N.p., 1833.
——Essai sur
l'enseignement philosophique du magnétisme. N.p., 1845.
——Exposé des expériences sur le magnétisme
animal. N.p., 1821.
——An Introduction
to study animal magnetism. N.p., 1860.
——La Magie dévoilée ou principes des
sciences occultes. 1852. Translated as Magnetism and Magic. Edited by A. H. E. Lee. London,
1927.
——Manuel de
l'étudiant magnétiseur ou nouvelle instruction pratique du magnétisme fondée
sur 30 années d'observations. N.p., 1846.
——Traité complet de magnétisme animal.
Cours en douze leçons. 4° edition. Paris, Baillière, 1882.
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