O PASSE
Jacob Melo,
Entrevista Para "A Jornada"
17/07/2001
Jacob Melo, esta entrevista não
pretende esgotar o assunto e sim dar uma visão geral e esclarecer algumas dúvidas e tabus sobre o Passe.
Desde já agradecemos sua colaboração.
A Jornada: — O passe é somente uma prática Espírita?
Jacob Melo: Não. Muitas religiões, seitas e mesmo terapias
alternativas usam o passe como um dos seus mecanismos de cura, apesar de
normalmente usarem nomes diferentes e, por vezes, princípios estranhos e
confusos.
AJ: — Os passes dos Espíritas são mais ou menos
eficientes dos que não crêem no Espiritismo?
JM: Conforme propuseram os Espíritos a Allan Kardec, quando
acreditamos nos Espíritos temos condições de realizar verdadeiros
"milagres". Mas não são apenas os espíritas que acreditam nos
Espíritos. Portanto...
AJ: — Quais são os objetivos do passe? Além do físico,
ele pode influir na Moral do receptor?
JM: Em tese, melhorar o paciente em vários níveis: orgânico,
emocional, psíquico e espiritual. A moral pode ser alcançada em conseqüência da
melhora geral obtida pelo passe, mas não que o passe, por si só, tenha em si
condições de modificar a moral de alguém pelo simples fato de recebê-lo.
AJ: — É comum o passista sentir fadiga após uma sessão de passes?
JM: Sendo o passe com doação de fluidos do próprio passista (passe
magnético), isto é sempre provável de ocorrer, podendo o mesmo chegar à
delicada situação de fadiga fluídica
(sugiro, a respeito, a leitura do capítulo referente ao tema em algum dos meus
livros sobre passes: "O Passe", editado pela FEB ou "Manual do
Passista", pela Minémio Túlio).
AJ: — Quando isso ocorre pode significar algum
desequilíbrio do passista?
JM: Pode significar doação em excesso, uso indevido de técnicas ou
mesmo congestão fluídica.
AJ: — Ao aplicar passe em uma pessoa obsidiada, o
obsessor também se beneficia?
JM: Obviamente que sim, daí eles tentarem afastar suas presas dos
tratamentos fluidoterápicos.
AJ: — Sabemos que no passe parte dos fluidos emanam do
Passista e parte emana dos Espíritos. Qual é a porção de cada um (%)?
JM: Não é possível definir isso. Posso dizer que os chamados passes
espirituais são aqueles onde os fluidos espirituais predominam, enquanto que os
magnéticos são os predominantemente anímicos.
AJ: — Porque os Espíritos precisam dos passistas?
JM: Principalmente por conta da cola psíquica (recomendo a leitura
dos meus livros já citados).
AJ: — Qual é a "dose" certa de fluidos a serem
doados no passe? Como podemos saber?
JM: Só mesmo a prática e a observação criteriosa, apoiada no
estudo, pode dizer o quanto e como se realizar certos tratamentos com
fluidos.
AJ: — Qual é a duração ideal na aplicação do passe?
JM: Para os chamados passes espirituais, usualmente varia de 1 a 2
minutos. Os magnéticos são quase sempre muito mais demorados.
AJ: — Por quanto tempo os benefícios do passe podem agir
sobre o receptor?
JM: Se tudo for bem assimilado e as "dosagens" forem
aplicadas corretamente, os benefícios diretos chegam a mais de setenta e duas
horas. Por isso se recomenda, especialmente a quem faz tratamento semanal,
tomar água fluidificada ao longo da semana, como complemento indispensável do
mesmo.
AJ: — O passe tem o mesmo efeito nos animais?
JM: Não. Dependendo do fluido que se aplica, pode o passe no animal
chegar a matá-lo. O próprio Allan Kardec fulminou um cachorro dele.
AJ: — O passe age diferentemente nos centros de força
(Chakras)?
JM: Tanto neles quanto fora deles.
AJ: — Muitos centros aplicam o passe apenas com a
imposição de mãos sobre o Centro de Força Coronário, dizendo que este se
encarrega de distribuir os fluidos para os outros de acordo com a necessidade.
Isso é correto?
JM: Não concordo, pois se houver aplicação de fluidos magnéticos
(humanos) em dosagem elevada ou com densidade muito baixa, pode haver
congestionamento do centro e isso seria muito desconfortável e mesmo
prejudicial ao paciente. O ideal é que após as imposições sejam aplicados
dispersivos localizados para evitar essas congestões. Apenas os passes
eminentemente espirituais em tese não congestionam os centros vitais por
imposições.
AJ: — A fé influencia na qualidade do passe?
JM: Certamente. O Evangelho está cheio de evidências e
registros.
AJ: — O passe age sobre todas as pessoas ou somente
beneficia os que têm merecimento?
JM: Age sobre todos nós, pois, de uma forma direta ou indireta,
todos temos merecimento, já que todos somos filhos de Deus. Mas é preciso que
se considere que nem todos receberão os benefícios na mesma intensidade nem do
mesmo modo.
AJ: — Qual o cuidado ao aplicar passes em pessoas
enfermas?
JM: Primeiro, saber o que está fazendo; depois, evitar os riscos
decorrentes de doenças infecto contagiosas; por fim, não expô-la a situações
perigosas ou constrangedoras.
AJ: — Quando a origem do problema é cármica, o passe pode
interferir?
JM: Entendendo por "cármica" a expressão decorrente da
lei de causa e efeito, pode sim. Veja-se que uma doença, qualquer uma,
normalmente tem uma origem cármica — seja de um passado distante, seja de um
passado imediato. E como os passes atuam com relativa eficiência em muitas
destas, obviamente ele interfere no carma.
AJ: — Qual deve ser a condição física e moral do
passista?
JM: Fisicamente o passista deve estar com o organismo isento de
vícios, não contaminado nem congestionado, medianamente alimentado e ser
"usinador" de fluidos, para o caso do passista magnético (abstração
feita a mulher gestante, crianças, pessoas com problemas mentais e/ou
obsessivos, indivíduos tomando remédios controlados ou que atuem no sistema
nervoso central, crianças, jovens e idosos em carência fluídica). Em termos
morais, o ideal é que ele esteja bem harmonizado, em estado de oração e com a
consciência tranqüila.
AJ: — Há pessoas "viciadas" em passes, são os
conhecidos "Papa passes", isso pode ser prejudicial a eles?
JM: Todas as vezes que nos apropriamos indevidamente de algo que
poderia ser destinado com maior proveito a outrem, estamos, por isso mesmo,
contraindo compromissos. Isto, por si só, já indica que o "papa
passes" está se prejudicando. Depois, em termos mais diretos, tomar muitos
e seguidos passes pode congestioná-lo ou sugestioná-lo negativamente, de sorte
que quando vier realmente a precisar dos passes os mesmos não façam o efeito
desejado.
AJ: — Como funciona o passe a distância?
JM: Mais conhecido como irradiação, sua ocorrência ideal se
verifica quando emissor (passista) e paciente estão sintonizados, ao mesmo
tempo, no sentido de dar e receber os fluidos em trânsito. Esta sintonia
favorece significativamente os resultados.
AJ: — Quais são os tipos de passe e qual a diferença
entre eles?
JM: Podemos generalizar e considerar apenas três: os espirituais,
os magnéticos e os mistos. Nos primeiros, os fluidos são predominantemente dos
Espíritos; nos magnéticos, preponderam os fluidos do magnetizador; e nos mistos,
há uma espécie de equilíbrio entre as duas fontes de fluidos.
AJ: — O passe aplicado em pessoas inconscientes tem o
mesmo efeito?
JM: Dependendo da inconsciência, sim ou não. Se se trata de alguém
dormindo ou em coma, por exemplo, o resultado pode ser considerado muito bom,
mas se a causa da inconsciência é motivada por bebidas ou efeitos de drogas,
haverá uma perda substancial dos benefícios.
AJ: — Como a alimentação influencia na qualidade do passe
(Passista e Receptor)?
JM: Para ambos os envolvidos, uma alimentação pesada, muito
carnívora, hiperácida, muito condimentada ou muito volumosa, há embaraços de
diversos matrizes, todos eles prejudicando tanto a doação quanto a captação.
Para o passista, o jejum também é potencialmente prejudicial, tanto na
"usinagem" quanto para seu próprio aparelho digestivo. O ideal é
fazer uma refeição leve antes do passe, de preferência sem carnes e sem
estimulantes.
AJ: — Qual a importância das Palestras que ocorrem antes
dos Passes?
JM: Muito grande. Pelas palestras doutrinárias podemos dar o
complemento indispensável que o "bom passe" solicita. Como o passe
deve atender a um tratamento integral, holístico, a explanação evangélica,
tratando da moral e das idéias, favorece a que as reformas interiores sejam
analisadas e mais facilmente assimiladas.
AJ: — O passe pode ser aplicado em qualquer local ou
somente nas Casas Espíritas?
JM: Observadas as questões de conveniências e de condições gerais
de equilíbrio e bom senso, o passe pode ser aplicado em qualquer lugar, a
qualquer hora. Todavia, ressalto que o local ideal será sempre a Casa
Espírita.
AJ: — Os passes coletivo surtem o mesmo efeito?
JM: Em tese sim, mas casos que requeiram tratamento especializado e
com a presença e a atuação direta de um magnetizador serão melhor resolvidos se
contarem com outras condições mais apropriadas.
AJ: — Qual deve ser a postura do passista ao aplicar o
passe? (Postura, respiração, atitude mental, roupas, etc.)
JM: Sobretudo, a da coerência com a moral ensinada pela Doutrina
Espírita. Nada de excessos nem de faltas; nada de exageros ou despropósitos. O
equilíbrio é a posição mais sensata. Com ele, nada de respirações ofegantes nem
excessivas gesticulações (salvo os casos que requeiram técnicas, as quais devem
ser sabidas, conhecidas e bem realizadas). A atitude mental deve ser de oração
e comunhão com o mundo espiritual superior; de fé, confiança e de conhecimento
acerca do que realiza.
AJ: — No momento do passe como devem ser os
"Pensamentos" do Passista?
JM: De amor; pelo que faz, pelo paciente, pelos Espíritos e por si
mesmo. Só quem ama verdadeiramente está habilitada a transmitir com eficiência projeções
amorosas. Para se conseguir esse estado, deve-se amar continuamente. E como
ponte, a oração e a fé são fundamentos básicos.
AJ: — Qual é a distância ideal entre as mãos do passista
e o receptor?
JM: Depende do que pretenda realizar. Sugiro o estudo do magnetismo
para saber o que de fato deve ser feito — particularmente, posso recomendar
meus dois livros já mencionados.
AJ: — Uma pessoa pode aplicar passe em si mesmo?
JM: Pode, mas nem sempre é eficaz. Se a necessidade do auto passe
prende-se a problemas emocionais, psicológicos e/ou espirituais, dificilmente
uma técnica de passes, que não seja a meditação e/ou a oração, resultará
positiva. Mas para casos orgânicos e/ou perispirituais localizados pode ser que
o auto passe desempenhe relevante papel. Mais uma vez, será necessário o estudo
detido do assunto para se ter certeza do que, como, quando e onde fazer.
AJ: — Os passes devem ser aplicados de uma maneira
diferente nas crianças?
JM: Normalmente o são. As crianças recebem, via de regra, fluidos
muito subtis, bem menos densos do que os adultos e idosos. Assim, é conveniente
evitar-se demorados concentrados fluídicos em crianças (principalmente por
imposições) e, por medida de segurança, terminar os passes nelas com técnicas
dispersivas.
AJ: — Os passes podem interferir na mediunidade da pessoa
que está recebendo, despertando ou interferindo? Como agir no caso de
manifestação mediúnica no momento do passe?
JM: Se for numa cabine, tentar evitar aplicando-se dispersivos
sobre o coronário, frontal e laríngeo ou mesmo sobre o umeral (vide
"Manual do Passista"). Mas se for numa reunião mediúnica, onde se
pretenda uma manifestação, fazer-se concentrados fluídicos nesses mesmos
centros.
AJ: — Pode-se aplicar passe em desdobramento (viagem
astral)?
JM: Pode sim e temos disso vários depoimentos.
AJ: — Como os remédios podem interferir no Passe (Passista
e receptor)?
JM: Positivamente, quando favorecendo ao refazimento do organismo;
negativamente, quando agindo de forma contrária ou congestionando o paciente.
Vejamos um exemplo. Os compostos e tratamentos radioterápicos resolvem partes
dos problemas a que se destinam, mas seus efeitos colaterais são
"terríveis". Passistas harmonizados podem ajudar sobremaneira nesses
tratamentos. Mas quando o passista toma ou ingere alguns medicamentos que
atacam o sistema nervoso, podem vir a prejudicar os pacientes, pelo que deve
ser observado muito critério para tais casos.
AJ: — Se por acaso um passista cobra pelo seu
"serviço" (soube que isto ocorre nos EUA), isto influi na qualidade
de seu passe?
JM: Duas coisas: a moral ou a ausência dela não interfere diretamente
no magnetismo, mas as desarmonias que uma ausência de moral provoca pode afetar
negativamente as usinagens fluídicas, vindo a desnaturá-las. A cobrança pelo
serviço do "passe espírita" é totalmente despropositada e
anti-doutrinária, pelo que deve ser evitada. Mas pessoas que estudam o
magnetismo e suas variantes e se "formam", por assim dizer, podem
exercer a faculdade, que é como uma outra qualquer. Um outro ponto a destacar é
que tenho visitado regularmente os Estados Unidos e não tenho visto nem sabido
de grupos e/ou passistas que cobrem pelos seus serviços de passes. A exceção de
dá por aqueles que não são espíritas e praticam toda sorte de técnicas em nome
de cursos e treinamentos os mais variados possíveis que fazem.
AJ: — No caso das gestantes, como devemos agir? Elas
podem aplicar ou receber passes?
JM: A prudência recomenda que elas se abstenham de aplicar,
principalmente se elas forem magnetizadoras. Como pacientes, normalmente lhes
são indicados passes dispersivos.
AJ: — Pode-se aplicar passe na criança ainda no período
de gestação?
JM: Pode sim, mas usualmente aplicamos passes na mãe e os fluidos,
por ela, atingem a criança naquilo que elas necessitam.
AJ: — Muitas pessoas mantém as mãos viradas para cima
para "receber" melhor o passe. Isso faz diferença?
JM: Nenhuma, a não ser pelo atavismo de que possam estar
envolvidas. As mãos abertas para cima indicam que a mente está
"pedindo", não passando, portanto, de uma resposta fisiológica para
uma atitude psicológica.
AJ: — No momento do passe o passista deve manter os olhos
abertos?
JM: O ideal é que ele esteja de olhos semicerrados. É mais
seguro.
AJ: — Há casas Espíritas que dizem que o passe só pode
ser aplicado por uma pessoa do mesmo sexo do receptor, alegando que há
diferenças no tipo de fluidos de homens e mulheres. Isso é correto?
JM: No meu modo de ver e sentir a realidade do magnetismo, esse argumento
não passa pelo crivo do bom senso nem da lógica.
AJ: — No centro em que atuo, a Câmara de Passes possui
até 22 passistas trabalhando ao mesmo tempo. Já que as pessoas atendidas têm
necessidades diferentes, pode haver algum tipo de "interferência" ou
"mistura" de fluidos?
JM: Não creio. Além do direcionamento feito por cada passista, o
Mundo Espiritual normalmente atua com muita eficiência nessas ocasiões.
AJ: — Fora do Espiritismo existem as Benzedeiras. O que
elas fazem pode ser chamado de Passe?
JM: Pode sim. A diferença é que elas não estudam, mas, se
observarmos com cuidado, elas fazem a aplicação das técnicas do magnetismo com
muita propriedade e riqueza, dando verdadeiros "banhos" de
conhecimentos em muitos passistas espíritas.
AJ: — Qual deve ser o comportamento do passista no dia em
que for aplicar passes em termos de alimentação, atividades físicas, sexo,
vícios, etc.?
JM: O de moderação. Alimentação leve e quantidades menores do que
as habituais, atividades físicas nunca além do necessário, evitar-se práticas
sexuais ou mesmo provocações da libido, abster-se dos vícios, inclusive os
mentais e orar bastante, policiando-se para não se stressar ou se descontrolar
emocionalmente.
AJ: — Para finalizar, gostaríamos de saber sua opinião
sobre a atuação dos sites Espíritas quanto a divulgação e o estudo da Doutrina
Espírita?
JM: Estão muito bons, mas para ótimos ainda teremos um longo
caminho a percorrer. Mas isso é natural. Apenas não deveríamos nos acomodar,
pensando que já temos e fazemos o melhor.
AJ: — Considerações finais.
JM: Muito obrigado pela oportunidade desta entrevista. Quero dizer
aos amigos que nos leram que em fins de agosto de 2001 estaremos lançando um
novo trabalho sobre passes, pela editora Martin Claret (de São Paulo). Trata-se
do livro: "Cure-se e cure pelo passe". Um livro feito à base de
perguntas e respostas e muitas ilustrações de primeiríssima qualidade. Aguardo
vocês nas páginas desse novo livro. Até lá!!!
Muita Paz!
Abraço,
Jacob Melo
Fonte: A Jornada
Fonte: A Jornada
Nenhum comentário:
Postar um comentário