MAGNETISMO,
tratamento ou não?
“Há aqueles
que têm como uma verdadeira heresia se falar em curas materiais num Centro Espírita.”
Certa vez,
um companheiro de trabalho espírita me disse: acredito que João (nome fictício)
já poderia ter o seu tratamento encerrado, pois ele já aprendeu a aceitar com paciência
e resignação a sua situação.
É uma pessoa
evangelizada e sabe carregar a dificuldade com otimismo.
João estava
acometido de uma faringite e de uma labirintite.
Realmente
era uma pessoa que, diante da dor, sabia portar-se de cabeça erguida, sem
perder a alegria e o entusiasmo pela vida.
Candidatou-se
ao tratamento magnético na instituição espírita com a esperança de curar-se das
suas dificuldades de saúde. O Magnetismo já tinha conseguido amenizar a sua
doença e ele prosseguia no seu tratamento.
João
continuou com o tratamento, já que paciência não se desenvolve com aplicações
magnéticas e sim através de orientações bem compreendidas e bem vividas. O tratamento
continuou até onde foi possível ao Magnetismo amenizar as suas desarmonias
físicas.
Infelizmente,
muitos passistas sentem-se incapazes de tentar sanar ou mesmo aliviar os problemas
de saúde das pessoas que procuram a Casa Espírita.
Acredita-se
não ser possível, buscando-se apenas dar-lhes uma sensação de bem estar e resignação
na dor. Remete-se então o paciente ao profissional da saúde para que este
possa, através dos seus recursos materiais, curá-lo.
Com todo
respeito à Medicina e à Psicologia, que tanto bem têm feito aliviando as dores
da Humanidade.
Por que a dificuldade
de entendimento de que os passes podem ir mais longe na harmonização da pessoa
doente? A resposta, acredito que seja: por não se voltar a atenção às lições valiosas
deixadas por Allan Kardec no que se refere ao Magnetismo como terapia curativa
e aos grandes exemplos de mestres como Mesmer e os magnetizadores que o
seguiram.
Há aqueles
que têm como uma verdadeira heresia se falar em curas materiais num Centro Espírita.
Ora, grandes Espíritos que viveram na Terra cuidaram de aliviar ou curar a dor
do próximo mesmo que fosse física.
Jesus, além
das orientações morais, não se furtou a curar surdos, cegos, mudos, paralíticos,
gente com toda espécie de sofrimento, mostrando como deveríamos praticar a
caridade.
E ainda
disse: Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do reino que vos foi preparado
desde o princípio do mundo; - porquanto, tive fome e me destes de comer; tive
sede e me destes de beber; careci de teto e me hospedastes; - estive nu e me vestistes;
achei-me doente e me visitastes; estive preso e me fostes ver. - Mateus, cap.
XXV
A Madre
Tereza de Calcutá fundou hospitais a fim de tratar as doenças dos irmãos necessitados,
exemplificando a caridade e o amor ao próximo, conforme o ensinamento de Jesus.
Da mesma
forma, o Dr. Bezerra de Menezes, quando encarnado, era médico e curava corpos.
E pelo que se sabe através da literatura espírita, ele continua, do mundo
espiritual, assistindo os doentes que ainda se encontram na carne.
Em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo V, item 27, vamos encontrar a
seguinte passagem: Pensam alguns que, estando-se na Terra para expiar, cumpre
que as provas sigam seu curso. Outros há, mesmo, que vão até ao ponto de julgar
que, não só nada devem fazer para as atenuar, mas que, ao contrário, devem
contribuir para que elas sejam mais proveitosas,tornando-as mais vivas. Grande erro.
É certo que as vossas provas têm de seguir o curso que lhes traçou Deus;
dar-se-á, porém, conheçais esse curso?
Sabeis até
onde têm elas de ir e se o vosso Pai misericordioso não terá dito ao sofrimento
de tal ou tal dos vossos irmãos: “Não irás mais longe?” Sabeis se a Providência
não vos escolheu, não como instrumento de suplício para agravar os sofrimentos
do culpado, mas como o bálsamo da consolação para fazer cicatrizar as chagas
que a sua justiça abrira? Não digais, pois, quando virdes atingido um dos
vossos irmãos: “É a justiça de Deus, importa que siga o seu curso.”
Dizei
antes: “Vejamos que meios o Pai misericordioso me pôs ao alcance para suavizar o
sofrimento do meu irmão.
Vejamos se as
minhas consolações morais, o meu amparo material ou meus conselhos poderão
ajudá-lo a vencer essa prova com mais energia, paciência e resignação.
Vejamos
mesmo se Deus não me pôs nas mãos os meios de fazer que cesse esse sofrimento;
se não me deu a mim, também como prova, como expiação talvez, deter o mal e
substituí-lo pela paz.”
A Doutrina
Espírita oferece um tratamento integral orientando a alma enferma, harmonizando
o perispírito e cuidando das consequências que são as doenças que se expressam
no corpo físico. Descuidar-se de uma destas facetas seria desconsiderar o ser
humano desviando-se da prática da caridade.
Outros
irmãos espíritas condenam que se use o termo “tratamento” nos trabalhos
espíritas. Buscando o Minidicionário Ruth Rocha, encontramos, dentre as
diversas definições para esta palavra, o seguinte: Tratamento é o processo de
combater uma enfermidade.
O que faz o
Magnetismo senão combater enfermidades?
Pela definição,
ele estabelece um tratamento. Ora, o Magnetismo é uma terapia de cura que
oferece como medicamento unicamente a energia vital, o magnetismo do passista
ou magnetizador. Com este medicamento natural ele gera curas, alivia sintomas,
restabelece a saúde das pessoas. Repassando os olhos no passado, paramos extasiados
diante das curas fantásticas que Mesmer e os demais magnetizadores conseguiam,
bem acima do alcance médico da época. E pode ser assim no presente, se enxergarmos
que esta capacidade também possuímos em maior ou menor grau.
Mas,
pergunta-se: o que é que tem se dissermos que tratamento magnético não é
tratamento? O que é que muda?
Hoje,
talvez não mude nada, mas... e daqui há trinta ou cinqüenta anos quando novas gerações
de espíritas surgirem e se acostumarem desde cedo a ouvir que o Magnetismo não
trata, que passe tem que ser coisa rápida e que ele é apenas um auxiliar da Medicina?
Será de vez
relegado ao plano inferior a que hoje já o arremeteram, como “coisa” de menor
importância. E o esforço da Divindade em trazer à Terra através de tantos
missionários, em várias épocas, a cura através dos fluidos, terá sido em vão.
Enquanto
acharmos que para aplicar passes nada precisamos saber, apenas esperar os Espíritos
atuarem e que dois minutos são suficientes para tal, os resultados serão
exíguos e muito distantes das reais possibilidades do Magnetismo.
“Trataremos”
apenas a paciência do doente.
Com a
correta compreensão desta vasta ciência que é o Magnetismo, desenvolvida através
do estudo, da pesquisa e da reflexão, aliada à sua prática conscienciosa e
desinteressada, os papéis serão invertidos, pois a Medicina, tratando apenas o corpo
físico, atua na superfície da doença, enquanto que o Magnetismo, conseguindo
acessar a causa perispiritual, passa a ser a terapêutica principal.
Além de
tudo, o Magnetismo é a forma de tratamento mais natural, simples e barata que existe.
Deveríamos, portanto, desenvolver e incentivar a sua prática, a fim de que tão fabuloso
manancial não se perca, podendo se expandir por toda parte levando saúde e harmonia
para os que sofrem neste planeta de provas e expiações.
Jornal Vórtice
ANO II, n.º 07, dezembro/2009
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