Seja Bem Vindo ao Estudo do Magnetismo

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quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

QUAIS OS LIMITES QUE SE PODE ALCANÇAR ATRAVÉS DO MAGNETISMO?


QUAIS OS LIMITES QUE SE PODE ALCANÇAR ATRAVÉS DO MAGNETISMO?
JACOB MELO
Se eu fosse dar uma resposta simples, rápida e curta seria: o infinito, em todos os sentidos. Mas talvez alguns, lendo isso, categorizem tal afirmativa como delírio, alucinação, “viagem”, exagero... Quiçá outros dirão não entender e talvez um número reduzido compreendesse a real extensão do que proponho dizendo isso.
Quem tenha participado de algum dos meus mais recentes seminários ou cursos, já deve ter me ouvido falar da lagartixa. Animal com feições pré-históricas e que se alimenta basicamente de insetos, bichinho estranho do qual muita gente tem verdadeiro pavor, ele serve de base para minha argumentação. Senão vejamos.
Uma lagartixa, quando perde a cauda ou parte dela, tempos depois tem refeita essa parte, naturalmente. A Natureza não lhe roubou a capacidade de autoregeneração enquanto nós humanos apenas “a esquecemos” e o Magnetismo quiçá poderá trazer de volta essa condição.
Outra vertente interessante encontra-se no mundo dos habitantes das colméias. Quantos mistérios existem ali! A longevidade ali não segue um padrão tal como nos acostumamos com os padrões humanos. Vejamos isso:
Quando sabemos que uma abelha operária vive em média 35 dias, um zangão vive quase três vezes mais, enquanto uma rainha, de igual linhagem, chega a viver 7 anos, logo devemos pensar que a Natureza provê mecanismos diferentes para prolongar a longevidade das espécies.
Unindo esses dois dados – o da lagartixa com o das abelhas – temos a concluir que se até mesmo um membro pode ser refeito (lagartixa), pela própria Natureza, e a vida pode ter parâmetros de longevidade totalmente diferentes (as abelhas), por que não teríamos nós condições de repetir esses padrões de recomposição fisiológica e prolongamento de vida?
Quando os Espíritos afirmam que nos mundos elevados a “vida” é muito mais longa, certamente nos indicam que em nosso processo progressivo nos aguardam descobertas revolucionárias (no melhor sentido da palavra).
Tudo isso nos leva a refletir e concluir que estamos muito acanhados ainda ante nossas reais possibilidades de ação. E o terreno não é outro senão o do magnetismo, terreno fértil e abençoado onde repousam possibilidades profundas, apenas aguardando nossa disposição de estudar, pesquisar, aprender e aplicar.
Nem sei se ficou claro o ponto que quis deixar como destaque e analogia, mas se os animais podem e conseguem padrões diferenciados, e eles são vida em realidade, nós também podemos. Só que não conseguiremos nada disso ficando a espera do acaso.
O Magnetismo é ciência tão avançada que em O Livro dos Espíritos, respondendo a Kardec sobre os relacionamentos humanos, os Espíritos disseram, na questão 388, que aspectos dessa ciência ainda são desconhecidos e que um dia o serão melhor.
Ou seja, para um homem como Allan Kardec, que estudava, sabia e praticava o Magnetismo há mais de 35 anos, os Espíritos disseram que tem coisas dessa ciência que nem ele sabia, imaginem tudo o que temos ainda que desvendar!!!
O Magnetismo pode muito sim, pode tudo, e nós, os magnetizadores de hoje e de amanhã, ainda poderemos e iremos muito longe, onde grandiosas possibilidades nos aguardam.
Como??? Com vontade ativa, perseverança e estudo... E estudar significa ler, escrever, pesquisar, anotar, observar, experimentar, repetir, confiar, aprender com erros e acertos e nunca desistir nem abrir mão das responsabilidades intrínsecas que todos devemos ter quando a proposta é de avanços, com alegria e gratidão a Deus pelas vitórias.
O Magnetismo conta conosco. Vamos???!!!
Jornal Vórtice ANO III, n.º 06    Aracaju, novembro/2010

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

REFLEXÕES SOBRE O CARNAVAL!


REFLEXÕES SOBRE O CARNAVAL! 
Emanuel, Psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier

Nenhum espírito equilibrado em face do bom senso, que deve presidir a existência das criaturas, pode fazer apologia da loucura generalizada que adormece as consciências nas festas carnavalescas. É lamentável que na época atual, quando os conhecimentos novos felicitam a mentalidade humana, fornecendo-lhe a chave maravilhosa dos seus elevados destinos, descerrando-lhe as belezas e os objetivos sagrados da Vida, se verifiquem excessos dessa natureza entre as sociedades que se pavoneiam com os títulos de civilização. 
Enquanto os trabalhos e as dores abençoadas, geralmente incompreendidas pelos homens, lhes burilam o caráter e os sentimentos, prodigalizando-lhes os benefícios inapreciáveis do progresso espiritual, a licenciosidade desses dias prejudiciais opera, nas almas indecisas e necessitadas do amparo moral dos outros espíritos mais esclarecidos, a revivescência de animalidades que só os longos aprendizados fazem desaparecer. 
Há nesses momentos de indisciplina sentimental o largo acesso das forças das trevas nos corações e, às vezes, toda uma existência não basta para realizar os reparos precisos de uma hora de insânia e de esquecimento do dever. 
É estranho que as administrações e elementos de governos colaborem para que se intensifique a longa série de lastimáveis desvios de espíritos fracos, cujo caráter ainda aguarda a toque miraculoso da dor para aprender as grandes verdades da vida. 
Enquanto há miseráveis que estendem as mãos súplices, cheios de necessidades e de fome, sobram as fartas contribuições para que os salões se enfeitem e se acentue o olvido de obrigações sagradas por parte das almas cuja evolução depende do cumprimento austero dos deveres sociais e divinos. 
Ação altamente meritória seria a de empregar todas as verbas consumidas em semelhantes festejos na assistência social aos necessitados de um pão e de um carinho. Ao lado dos mascarados da pseudo-alegria, passam os leprosos, os cegos, as crianças abandonadas, as mãos aflitas e sofredoras. Por que protelar essa ação necessária das forças conjuntas dos que se preocupam com os problemas nobres da vida, a fim de que se transforme o supérfluo na migalha abençoada de pão e de carinho que será a esperança dos que choram e sofrem? Que os nossos irmãos espíritas compreendam semelhantes objetivos de nossas despretensiosas opiniões, colaborando conosco, dentro de suas possibilidades, para que possamos reconstituir e reedificar os costumes para o bem de todas as almas. 
É incontestável que a sociedade pode, com seu livre arbítrio coletivo, exibir superfluidades e luxos nababescos, mas, enquanto houver um mendigo abandonado junto de seu fastígio e de sua grandeza, ela só poderá fornecer com isso um eloquente atestado de sua miséria moral.
(Texto retirado do Boletim Informativo "A Voz do Caminho" Vitória-ES, Fevereiro, 1996, pág. 2)

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

DO PERIGO DE MAGNETIZAR, MESMO UMA ÚNICA VEZ, SEM INSTRUÇÃO PRELIMINAR (CAPÍTULO XIII)


DO PERIGO DE MAGNETIZAR, MESMO UMA ÚNICA VEZ, SEM INSTRUÇÃO PRELIMINAR (CAPÍTULO XIII)
TRADUÇÃO DE LIZARBE GOMES
Depois das explicações precedentes, torna-se mais fácil compreender que é perigoso magnetizar sem conhecer as consequências do ato que se vai fazer. A maior parte das pessoas que num excesso de bondade, de zelo ou de curiosidade tenta magnetizar, mesmo uma única vez, não tem nenhuma ideia do mal que possam fazer e dos arrependimentos que preparam para toda vida.
Elas evitariam fazer isso antes de ter um conhecimento exato dos efeitos magnéticos. Uma só sessão de magnetização pode, com efeito, comprometer a vida de um homem.
“Um perigo que é nulo nos incômodos leves e recentes, diz Deleuze, é maior nas doenças orgânicas e antigas. Pode-se fazer mal ao se magnetizar uma única vez com energia para dissipar uma dor interior produzida por um abscesso, por um humor que. há vários anos, se conduz, em certas épocas, sobre um órgão. Quando perturbamos um movimento que estava estabelecido ou que se excita um movimento contrário, é preciso regularizá-lo para que ele não traga nenhuma desordem.
Os acidentes que aconteceram porque se interrompeu bruscamente um tratamento começado não devem ser atribuídos ao magnetismo, mas à imprudência do magnetizador.” (Inst. Prat,. 283)
Quando há sonambulismo, os perigos são mais surpreendentes e também mais terríveis.
De início o contato ou toque de certos corpos leva às vezes a convulsões horríveis que colocam a vida do doente em perigo, eis um exemplo já antigo:
“Eu peguei um garrafa, disse Lehogais a Puységur, para dele me servir da maneira como Catarina (uma sonâmbula) me indicava. A Srta. Rousseau sofria ainda mais, mas não entrava em crise. Catarina se admirou: É singular – disse ela – quero tocar eu mesma esta garrafa”.
Eu a deixei fazer e examinava com atenção o efeito que isso produzia sobre a Srta. Rousseau; mas qual foi minha surpresa de ver, instantaneamente, Catarina cair em convulsões horríveis! Ajudado por minha esposa e por minha filha, eu não podia contê-la. Esta jovem, naturalmente de caráter dócil, cujas crises eram comumente tão calmas, se debatia com uma força surpreendente e entrava em crises assustadoras. Eu custei muito a acalmá-la e, bastante assustado pelo efeito que eu lhe havia causado, prometi a mim mesmo não mais tocá-la. À noite ela se foi mais tranquila, suportou tudo melhor do que de costume sem mesmo se ressentir de nenhuma fadiga do estado em que ficou.
Eu esperava que, não a tocando mais, ela não teria mais crise, mas no dia seguinte, na mesma hora, Catherine teve as mesmas convulsões da véspera! Mais uma vez foi difícil fazê-la retornar.
Enfim, durante quatro dias este estado se repetiu.
“O senhor avalia qual era o meu estado de inquietude e o quanto eu me reprovava por ter me servido de um meio o qual conhecia apenas imperfeitamente.”
Sim, sem dúvida, respondeu Puységur, o único perigo que há no uso do magnetismo é servir-se dele sem conhecer seus recursos; sua indiscrição pode ter desorganizado esta jovem pelo resto de seus dias.” (1)
Nas três obras que precedem esta, eu tive ocasião da falar da irreparável infelicidade que aconteceu a um jovem médico cheio de talento, de sinceridade e de boas intenções. Estando convencido da realidade do magnetismo, este jovem não quis se dar ao trabalho de abrir os livros que tratam da matéria. Que se pode aprender, dizia-se naquela época, nos escritos de homens que não são médicos?
Na primeira vez que ele magnetizou para provocar sonambulismo – pois ele nunca ouviu nada sobre medicina magnética – ele teve êxito; mas, apenas adormecida, sua doente lhe disse, vendo o estado em que se encontrava, que ela seria em tal época atacada por tal doença, que ela morreria tal dia e a tal hora! Espantado, sem ter nenhuma prática, apenas alguns conhecimentos de fatos semelhantes, o magnetizador improvisado se contentou em despertar sua sonâmbula, que morreu como ela havia anunciado.
Eis um outro fato que prova como é perigoso, com as melhores intenções, impor as mãos sobre um doente sem ter nenhuma idéia das consequências da magnetização.
Há um mês, um padre muito estimado e sábio físico me encaminhou uma senhora cuja filha de dezoito anos sofria da tísica; ele disse às duas que elas podiam confiar em mim.
A mãe, que conhecia o magnetismo apenas por ter visto fazer passes em sonâmbulas, anunciou sua determinação ao confessor: ela foi vê-lo com sua filha:
- Mas meu pai – lhe disse a senhora – eu vi magnetizar; em seguida a doente se torna sonâmbula; se o senhor quisesse magnetizar minha filha, nós saberíamos em que nos deter em sua doença.
O confessor se recusou, dizendo que, apesar de seu desejo de ser útil, ele nada entendia de magnetismo.
Mas a mãe, insistindo bastante e acreditando que só os homens podem magnetizar, mostrou-lhe a maneira de passar a mão diante do rosto. O padre pareceu surpreso que tal maravilha pudesse resultar de uma ação tão simples. A mãe da doente lhe suplicou ainda para tentar, afirmando que ela conhecia o Sr. Aubin Gauthier apenas de reputação ao passo que ela tinha nele, como homem e como confessor, uma ilimitada confiança.
Convencido, o padre elevou uma mão trêmula, desceu-a, depois recomeçou e continuou durante alguns minutos. Com efeito, a jovem adormeceu e o padre, depois de contemplar por um instante este espetáculo novo para ele, disse a doente:
- Você se tornou sonâmbula, minha filha?
- Sim, meu pai!
- Você poderá então nos dizer por si mesma o que pensa de sua doença?
- Meu estado é horrível!! É tarde demais, eu não escaparei!!
Com esta notícia arrasadora, a mãe entrou em desespero; o padre, desolado por ter servido de instrumento pelo qual se chegou a semelhante resultado, se apressou em destruir a ligação magnética e despertou a doente que não mais pode se tornar sonâmbula novamente.
Provocou-se assim, nesta jovem, uma crise útil para a qual a natureza estava preparada, e se a doente devia estar sonâmbula apenas por uma única vez, era preciso ao menos aproveitar para lhe dar o tempo de melhor ver o seu estado e indicar a si mesma os remédios convenientes.
Um homem que é verdadeiramente magnetizador se conduz de outra forma; ele sabe que um sonâmbulo, na primeira inspeção de seu interior, algumas vezes se assusta com o progresso de sua doença e com o estado em que ele se encontra. É por isso que ele lhe inspira a calma que o ajuda a apreciar sua posição e indicar os remédios que podem salvá-lo, testemunha Puységur.
(...)
Os fatos provam, evidentemente, ser necessário, em magnetismo, ter conhecimentos especiais e, acima de tudo, muita calma. Para prová-lo, citarei ainda Deleuze:
“Há sonâmbulos que experimentam repugnância em examinar seu mal; eles se assustam ao ver a desordem interior em seus órgãos. Neste caso, você não partilhará os temores de seu sonâmbulo; você empregará o poder de sua vontade para determiná-lo a trazer o mais escrupuloso exame de sua doença, a considerar sem medo o interior de seu corpo, como se este corpo lhe fosse estranho e a fazer esforços para descobrir os meios de cura. 
Se você tiver calma, se você sabe querer, seu sonâmbulo lhe obedecerá certamente; ele se tranquilizará e lhe explicará o perigo presente e os meios de remediá-lo. Talvez você não consiga curá-lo, mas você procurará todo o alívio possível e você saberá o que deve lhe esperar.
Não perca a esperança, mesmo quando lhe afirmarem que sua doença é incurável; seguidamente tenho visto sonâmbulos dizerem, nas primeiras sessões que seria impossível de arrancá-los da morte e, em seguida, encontrar-se a maneira de recuperá-los.” (Inst. Prát., 121 e 122)
(...)
AUBIN GAUTHIER
(1) Puységur, Memórias, 38 – Felizmente a natureza veio em socorro da doente; depois de fortes dores e de uma febre terçã que durou um mês, sua saúde retornou.
 Jornal Vórtice ANO III, n.º 06, novembro/2010   

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

CAUSA E NATUREZA DA CLARIVIDÊNCIA SONAMBÚLICA (OBRAS PÓSTUMAS)


CAUSA E NATUREZA DA CLARIVIDÊNCIA SONAMBÚLICA (OBRAS PÓSTUMAS)
Se procedermos por analogia, diremos que o fluido magnético, disseminado por toda a Natureza e cujos focos principais parece que são os corpos animados, é o veículo da clarividência sonambúlica, como o fluido luminoso é o veículo das imagens que a nossa faculdade visual percebe. Ora, assim como o fluido luminoso torna transparentes corpos que ele atravessa livremente, o fluido magnético, penetrando todos os corpos sem exceção, torna inexistentes os corpos opacos para os sonâmbulos. Tal a explicação mais simples e mais material da lucidez, falando do nosso ponto de vista. Temo-la como certa, porquanto o fluido magnético incontestavelmente desempenha importante papel nesse fenômeno; ela, entretanto, não poderia elucidar todos os fatos.
Há outra que os abrange todos; mas, para expô-la, fazem-se indispensáveis algumas explicações preliminares.
Na visão a distância, o sonâmbulo não distingue um objeto ao longe, como o faríamos nós com o auxílio de uma luneta.  Não é que o objeto, por uma ilusão de ótica, se aproxime dele, ELE É QUE SE APROXIMA DO OBJETO. O sonâmbulo vê o objeto exatamente como se este se achasse a seu lado; vê-se a si mesmo no lugar que ele observa; numa palavra: transporta-se para esse lugar. Seu corpo, no momento, parece extinto, a palavra lhe sai mais surda, o som da sua voz apresenta qualquer coisa de singular; a vida animal também parece que se lhe extingue; a vida espiritual está toda no lugar aonde o transporta o seu próprio pensamento: somente a matéria permanece onde estava. Há pois uma certa porção do ser que se lhe separa do corpo e se transporta instantaneamente através do espaço, conduzida pelo pensamento e pela vontade. Evidentemente, é imaterial essa porção; a não ser assim, produziria alguns dos efeitos que a matéria produz. É a essa parcela de nós mesmos que chamamos: a alma.
É a alma que confere ao sonâmbulo as maravilhosas faculdades de que ele goza. A alma é quem, dadas certas circunstâncias, se manifesta, isolando-se em parte e temporariamente do seu invólucro corpóreo.
Para quem quer que haja observado com atenção os fenômenos do sonambulismo em toda a sua pureza, é patente a existência da alma, tornando-se-lhe uma insensatez demonstrada até à evidência a ideia de que tudo em nós acaba com a vida animal. Pode-se, pois, dizer com alguma razão que o magnetismo e o materialismo são incompatíveis.
Se alguns magnetizadores se afastam desta regra e professam as doutrinas materialistas, é sem dúvida que se hão cingido a um estudo muito superficial dos fenômenos físicos do Magnetismo e não procuram seriamente a solução do problema da visão a distância. Como quer que seja, nunca vimos um único  sonâmbulo  que não se mostrasse penetrado de profundo sentimento religioso,  fossem quais fossem suas opiniões no estado vígil.
Jornal Vórtice ANO III, n.º 06, novembro/2010 

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

SONAMBULISMO NA PRÁTICA


SONAMBULISMO NA PRÁTICA
Adilson Mota
Na segunda edição do Jornal Vórtice, de julho de 2008, escrevemos artigo acerca do sonambulismo e suas características. Trataremos, hoje, dos aspectos práticos relativos ao fenômeno sonambúlico, ou seja, como reconhecer um sonâmbulo e como aproveitar as suas faculdades.
Há um ano e meio vimos trabalhando com o sonambulismo através de duas sonâmbulas, das quais a primeira foi descoberta ao ser tratada magneticamente. Ao receber passes, ela via-se fora do corpo, recebia instruções espirituais, orientava telepaticamente o magnetizador quanto às técnicas que deveriam ser utilizadas, via o ambiente material estando de olhos fechados, enxergava à distância, a maioria das informações podendo ser comprovadas após o término da aplicação.
A nossa ignorância no assunto dificultava o entendimento, deixando-nos indiferentes com relação ao que acontecia, até percebermos que aquele fenômeno se chamava sonambulismo.
O desconhecimento do assunto é a maior dificuldade que se apresenta. Os fenômenos que Kardec chamou de “fenômenos de emancipação da alma” são muitas vezes ignorados ou confundidos com mediunidade, fazendo se perca, às vezes, bons trabalhadores nesta área. Graças à análise apressada aliada à falta de conhecimento, muita gente tem, ainda, desenvolvido o medo das próprias faculdades, confundindo o sonambulismo com obsessão.
A melhor forma de saber se alguém é sonâmbulo é conversando com ele quando o transe chega. Através do diálogo, se poderá diferenciar um processo mediúnico ou obsessivo do sonambulismo. As respostas atestarão a presença de um terceiro ser (um Espírito desencarnado) ou a capacidade do próprio encarnado de se relacionar e conversar conosco, mesmo estando desprendido parcialmente do corpo físico. Se for um Espírito, ele poderá dizer que o é, se identificar, inclusive. Se tratando de um sonâmbulo, ele dirá que é ele mesmo que fala, podendo descrever as pessoas e coisas que percebe, seja do mundo físico ou espiritual, dentre outras capacidades, se ele já as tiver desenvolvido.
É importante saber que nenhum sonâmbulo é igual ao outro.
Apesar de haver características gerais, os graus de percepção, os níveis de transe, as potencialidades, enfim, de cada um, são muito particulares. Enquanto alguns veem os Espíritos, outros apenas os entreveem; alguns ouvem os Espíritos, outros captam seus pensamentos intuitivamente; há os que enxergam à distância ou através de obstáculos materiais, veem o interior do organismo físico, comunicamse telepaticamente, veem-se fora do corpo físico, enquanto outros o conseguem mais ou menos. É importante para quem vai lidar com o sonâmbulo saber destas diferenças a fim de não tentar lhe impor o desenvolvimento de um aspecto que ele não possui. O mais recomendável é que a faculdade desenvolva-se naturalmente, devendo, o magnetizador, apenas aproveitar da melhor forma os recursos disponíveis em cada sujet.
Apesar do caráter espontâneo que deve haver para o desenvolvimento das faculdades sonambúlicas, o magnetizador não será um sujeito passivo. Ele não é apenas o doador de fluidos para a magnetização que levará o  sujet ao transe e aos estágios sonambúlicos. O magnetizador é mais do que isso. Ele é o cuidador, controlador e direcionador do trabalho, a fim de que o mesmo alcance os resultados desejados.
Durante todo o transcorrer da sessão sonambúlica, deve o magnetizador zelar pela integridade física e psíquica do sonâmbulo, a começar pela acomodação do mesmo, pois este, em certo estágio do transe, perde o controle dos movimentos voluntários, com exceção dos que são necessários à fala. Deve, ainda, haver confiança recíproca, a fim de que o sonâmbulo mantenha a sua serenidade em qualquer percalço durante a tarefa, para que se entregue ao trabalho sabendo que alguém vela por ele. As nossas
sonâmbulas, às vezes, quando diante de uma situação espiritual muito negativa, relatam dificuldades de percepção.
É o momento em que fazemos uma prece, juntamente com elas, o que as deixa mais seguras e confiantes, além de que as dificuldades encontradas se desvanecem. O magnetizador pode, com a voz mesmo, infundir-lhe serenidade, segurança e confiança na Espiritualidade e em si mesmo. A cada sessão, vai-se criando uma interação magnética intensa entre magnetizador e sonâmbulo, ao ponto das disposições íntimas e dos pensamentos do magnetizador poderem interferir nos resultados alcançados pelo sonâmbulo.
Esta relação magnética, aumentando com o tempo, faz com que a necessidade de magnetização para provocar o transe seja reduzida bastando, às vezes, um comando de voz para o transe sonambúlico acontecer.
Não devem ser esperados, de início, grandes resultados. É um desenvolvimento que o exercício irá fazer através do tempo, com paciência e serenidade.
Os recursos oferecidos pelo  sujet devem ser deixados se manifestar espontaneamente, mas isto não deve ser tomado de forma absoluta, é preciso um direcionamento. E este é feito pelo magnetizador. No trabalho que realizamos, a cada sessão selecionamos um paciente a ser verificado. Mais abaixo, analisaremos a questão da quantidade de pacientes e da duração do trabalho. Pois bem, sem esta definição, o sonâmbulo poderia “ver” qualquer um que quisesse. Apesar disto ter um lado positivo, pois podemos colher informações sobre determinado paciente que, talvez, jamais averiguássemos, por outro lado, pode ser improdutivo.
O mesmo com relação aos detalhes referentes a cada paciente. O sonâmbulo deve ficar à vontade para relatar todas as desarmonias que percebe, o que não impede que, de vez em quando o magnetizador lhe peça para verificar este ou aquele órgão, este ou aquele centro de força, este ou aquele aspecto seja físico, energético, emocional ou espiritual. Dessa maneira, o rendimento se torna muito maior e mais rico.
Alguns dos leitores podem estar se questionando neste momento: e se isto o induzir a percepções ilusórias, ou seja, a perceber coisas criadas pela sua mente e não percepções reais a respeito do paciente? Não deveria, para evitar este percalço, deixar tudo acontecer espontaneamente? Primeiramente, compreenda-se que a espontaneidade não é garantia de autenticidade, pois a mente do sonâmbulo funciona sozinha e, a despeito do magnetizador, pode fantasiar. Em segundo lugar, há um meio que é o mais seguro para se saber da fidedignidade destas informações, que é a análise.
Todas as recomendações dadas por Allan Kardec relativas às comunicações mediúnicas devem ser seguidas com relação ao sonambulismo. Devem ser passadas pelo crivo da lógica e da razão, questionadas, comparadas. Só assim, chegaremos a discernir acerca do seu grau de confiabilidade.
Há mais um motivo para o magnetizador direcionar o trabalho quando necessário. Fora do corpo físico toma, o ser, uma maior independência e, sendo possuidor de vontade própria, pode, de início, por conta da inexperiência, tomar o rumo que quiser, ou quando há diferença entre os seus desejos enquanto no corpo físico e de quando liberto do mesmo. Neste caso, é necessário que o magnetizador chame o sonâmbulo ao trabalho a fim de que as suas finalidades sejam alcançadas.
A pergunta seguinte é: como estruturar um trabalho usando o sonambulismo?
O trabalho pode ser com um só sonâmbulo ou com vários, necessitando de um magnetizador para cada. É preciso, como já dito acima, que os sonâmbulos estejam bem acomodados, podendo ser em cadeiras ou em macas. Inicia-se com uma prece, após a qual se realiza a magnetização, certificandose de que o sonâmbulo esteja à vontade e relaxado.
O que fazer em seguida, somente a experiência poderá dizer, bem como os objetivos e propósitos de cada grupo e sessão. Pode-se verificar a situação de um ou de vários pacientes. Pode-se, inclusive, pedir a todos os sonâmbulos para diagnosticarem a situação do mesmo paciente para efeito de comparação dos resultados.
Terminados os relatos e não havendo mais nada que o sonâmbulo queira comunicar, inicia-se a desmagnetização, não sem antes deixá-lo amparado e tranquilo quanto ao retorno e ao bem-estar que deverá sentir depois que despertar. É comum, nas primeiras sessões, o sonâmbulo reclamar, ao retornar completamente ao corpo físico, de algumas dores e incômodos, muitas vezes originários das tensões e nervosismos do iniciante. Estas sensações podem ser atenuadas, caso o magnetizador tome as devidas precauções antes de fazê-lo retomar a sua consciência. Para isto, deve-se executar a desmagnetização sem pressa, longamente, podendo, ainda, sugerir verbalmente ao sonâmbulo ideias de bem estar, leveza e tranquilidade. Após a desmagnetização, faz-se uma prece de encerramento. No trabalho que realizamos, costumamos após todo o encerramento trocar impressões com as sonâmbulas, com vistas ao aprendizado geral.
Quanto à duração de cada sessão, não há regra, depende da disponibilidade dos participantes, devendo levar em conta o bom senso, pois há dispêndios de energia tanto por parte do sonâmbulo quanto do magnetizador.
Pode ainda ser aproveitado o sonambulismo de algum paciente, durante a aplicação de passes, quando o mesmo ocorre espontaneamente. Assim sendo, ele mesmo verificará a sua situação de doença, suas desarmonias e poderá dar indicações e recomendações de tratamento.
Uma última questão a analisar é com relação ao discernimento quanto àquilo que seja proveniente da faculdade sonambúlica ou da participação de Espíritos durante a sessão. O primeiro ponto é que devemos conquistar a confiança da Espiritualidade, atraindo os Bons Espíritos através dos propósitos elevados do trabalho, pautado no bem do próximo e da busca de aprendizado sincero, excluída toda curiosidade malsã. Assim sendo, eles auxiliarão muito mais do que se possa imaginar. Participarão de todo o processo, desde proteção até direcionamentos e informações. O segundo ponto é que às vezes é muito difícil ou até mesmo impossível delimitar onde termina a participação do sonâmbulo e começa a dos Espíritos. Na maioria das vezes, o sonâmbulo consegue fazer este discernimento. Uma das sonâmbulas com as quais trabalhamos faz todas as verificações sozinha a respeito do paciente. Quanto às técnicas magnéticas para o tratamento, ela transmite a orientação dada pelos Espíritos. Lembrando que esta não é uma regra para todos os sonâmbulos. O último ponto é que, quase sempre, fazer essa distinção não é o importante, mas sim o conteúdo informado, que deve sempre ser analisado.
Jornal Vórtice ANO III, n.º 05, outubro/2010    

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

CURA DE UMA FRATURA PELA MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL.


CURA DE UMA FRATURA PELA MAGNETIZAÇÃO ESPIRITUAL.
Nossos leitores se lembram, sem dúvida, do caso de cura quase instantânea de uma entorse, operada pelo Espírito do doutor Demeure, poucos dias depois de sua morte, e que relatamos na Revista do mês de março último, assim como o relato da cena tocante que teve lugar nessa ocasião. Esse excelente Espírito vem ainda assinalar sua boa vontade por uma cura mais maravilhosa ainda sobre a mesma pessoa. Eis o que se nos escreve de Montauban, em 14 de julho de 1865:
O Espírito do doutor Demeure vem de nos dar uma nova prova de sua solicitude e de seu profundo saber: eis em que ocasião.
Na manhã de 26 de maio último, a Senhora Maurel, nosso médium vidente e escrevente mecânico, teve uma queda infeliz e quebrando o antebraço, um pouco abaixo do cotovelo.
Essa fratura, complicada com distenções do punho e do cotovelo estava bem caracterizada pelo estalo dos ossos e o inchaço que lhe são os sinais mais certos.
Sob a impressão da primeira emoção produzida por esse acontecimento, os pais da Senhora Maurel foram procurar o primeiro médico encontrado, quando esta, retendo-os, tomou um lápis e escreveu medianimicamente com a mão esquerda: "Não vades procurar um médico; eu me encarrego disso. Demeure." Esperou-se, pois, com confiança. Segundo as indicações do Espírito, faixinhas e um aparelho foram imediatamente confeccionados e colocados. Uma magnetização espiritual foi em seguida praticada pelos bons Espíritos que ordenaram, provisoriamente, o repouso. Na noite do mesmo dia, alguns adeptos convocados pelos Espíritos se reuniram na casa da Senhora Maurel, que, adormecida por um médium magnetizador, não tardou em entrar em sonambulismo. O doutor Demeure continuou então o tratamento que não tinha senão esboçado de manhã, agindo mecanicamente sobre o braço fraturado. Já, sem outro recurso aparente que sua mão esquerda, nossa doente tinha tirado prontamente o primeiro aparelho, sendo mantidas somente as tirinhas, quando se viu esse membro tomar insensivelmente, sob a influência da atração magnética espiritual, diversas posições próprias para facilitar a redução da fratura. Parecia ser, então, o objeto de toques inteligentes, sobretudo no ponto onde deveria se efetuar a soldadura dos ossos; alongando-se em seguida sob a ação de trações longitudinais.
Depois de alguns instantes dessa magnetizações espiritual, a senhora Maurel só procedeu à consolidação das tirinhas e a uma nova aplicação do aparelho, consistente em duas tabuinhas se ligando entre si e ao braço por meio de uma correia. Tudo, pois, tinha se passado como se um cirurgião hábil tivesse operado ele mesmo visivelmente; e, coisa curiosa, ouvia-se durante o trabalho estas palavras que o aperto da dor, escapava da boca da paciente: "Não aperteis tão forte!... Vós me fazeis mal!..." Ela via o Espírito do doutor, e era a ele que se dirigia, suplicando para poupar sua sensibilidade. Era, pois, realmente um ser invisível para todos exceto para ela, e que lhe apertava o braço, servindo-se inconscientemente de sua própria mão esquerda.
Qual era o papel do médium magnetizador durante esse trabalho? Parecia inativo aos nossos olhos; sua mão direita, apoiada sobre a espádua da sonâmbula, contribuía com sua parte no fenômeno, pela emissão dos fluidos necessários à sua realização.
Na noite de 27 para 28, a Senhora Maurel, tendo desarranjado seu braço em conseqüência de uma falsa posição tomada durante seu sono, uma forte febre tinha se declarado, pela primeira vez; era urgente remediar esse estado de coisas. Reuniram-se, pois, de novo, em 28, e uma vez o sonambulismo declarado, a cadeia magnética foi formada, a convite dos bons Espíritos. Depois de vários passes e diversas manifestações, em tudo semelhantes às descritas mais acima, o braço foi recolocado em bom estado, não sem ter feito sentir a essa pobre senhora muitos sofrimentos cruéis. Apesar desse novo acidente, o membro já sentia o efeito salutar produzido pelas magnetizações anteriores; é o que prova o que segue, de resto. Desembaraçada momentaneamente de suas tirinhas, ela repousava sobre os cotovelos, quando, de repente, foi levantada alguns centímetros numa posição horizontal e dirigida docemente da esquerda para direita e reciprocamente; abaixou-se em seguida obliquamente e foi submetida a uma nova tração.
Depois os Espíritos se puseram a torcê-lo, a retorcê-lo em todos os sentidos e de tempo em tempo, fazendo movimentar jeitosamente as articulações do cotovelo e do punho. De tais movimentos automáticos impressos a um braço fraturado, inerte, sendo contrários a todas as leis conhecidas da gravidade e da mecânica, só à ação fluídica que se pode atribuir-lhe a causa. Se não fosse a certeza da existência dessa fratura, assim como os gritos dilacerantes dessa infeliz senhora, eu teria tido muita dificuldade, confesso-o, para admitir esse fato, um dos mais curiosos que a ciência possa registrar.
 Posso, pois, dizer, com toda a sinceridade, que me sinto muito feliz por ter podido ser testemunha de um semelhante fenômeno.
Em 29,30,31 e dias seguintes, magnetizações espirituais sucessivas, acompanhadas de manipulações variadas de mil maneiras, levaram a uma melhora sensível ao estado geral de nossa doente; o braço tomava todos os dias novas forças. O dia 31, sobretudo, é de se assinalar, como marcando o primeiro passo feito para a convalescença. Nessa noite, dois Espíritos que se faziam notar pelo brilho de sua irradiação, assistiam nosso amigo Demeure; pareciam lhe dar conselhos, e este se apressava em pô-los em prática. Um deles mesmo se punha, de tempos em tempos, à obra, e, por sua doce influência, produzia sempre um alívio instantâneo. Pelo fim da noite, as tabuinhas foram, enfim, definitivamente abandonadas e as faixinhas ficaram sozinhas para sustentar o braço e mantê-lo numa posição determinada. Devo acrescentar que, além disso, o aparelho de suspensão vinha se juntar à solidez suficiente da bandagem. Assim, no sexto dia após o acidente, e apesar da deplorável recaída sobrevinda em 27, a fratura estava em um tal caminho de cura, que o emprego dos meios postos em uso pelos médicos durante trinta ou quarenta dias teria se tornado inútil. No dia 4 de junho, dia fixado pelos bons Espíritos para a redução definitiva dessa fratura complicada com distensões, se reuniram à noite. A senhora Maurel, apenas em sonambulismo, se pôs a desenrolar as faixinhas que envolviam ainda seu braço, imprimindo-lhe um movimento de rotação tão rápido que o olho tinha dificuldade em seguir os contornos da curva que descrevia. A partir desse momento, ela se servia de seu braço como de hábito; ela estava curada.
No fim da sessão, ocorreu uma cena tocante, que merece ser narrada aqui. Os bons Espíritos, em número de trinta, formavam no começo uma cadeia magnética paralelaàquela que nós mesmos formávamos. A senhora Maurel, estando colocada, pela mão direita, em comunicação direta sucessivamente com cada par de Espíritos, recebia, colocada como estava no interior das duas cadeias, a ação benfazeja de uma dupla corrente fluídica enérgica. Radiante de alegria, esperava com solicitude a ocasião para agradecer-lhes efusivamente pelo concurso poderoso que tinham prestado à sua cura. A seu turno, recebia deles encorajamentos para perseverar no bem.
 Isto terminado, ela tentou suas forças de mil modos; apresentando seu braço aos assistentes, fazendo-os tocar as cicatrizes da soldadura dos ossos; ela lhes apertava a mão com força, anunciando-lhes com alegria a sua cura operada pelos bons Espíritos. Em seu despertar, vendo-se livre em todos seus movimentos, ela desmaiou, dominada por sua profunda emoção!.... Quando se é testemunha de tais fatos, não se pode senão proclamá-los bem alto, porque merecem atrair a atenção das pessoas sérias.
Por que, pois, encontra-se, no mundo inteligente, tanta resistência para admitir a intervenção dos Espíritos sobre a matéria?
Porque se encontram pessoas que crêem na existência e na individualidade do Espírito, e que lhes recusam a possibilidade de se manifestarem, é porque não se dão conta das faculdades físicas do Espírito que se afigura imaterial de maneira absoluta. A experiência demonstra, ao contrário, que, por sua natureza própria, ele age diretamente sobre os fluidos imponderáveis, e, conseqüentemente, sobre os fluidos ponderáveis, e mesmo sobre os corpos tangíveis.
Como procede um magnetizador comum?
Suponhamos que queira agir sobre um braço, por exemplo: concentra sua ação sobre esse membro, e por um simples movimento de seus dedos, executado à distância e em todos os sentidos, agindo absolutamente como se o contato da mão fosse real, ele dirige uma corrente fluídica sobre o ponto desejado. O Espírito não age de outro modo; sua ação fluídica se transmite de perispírito a perispírito, e deste para o corpo material. O estado de sonambulismo facilita consideravelmente essa ação, em conseqüência do desligamento do perispírito, que se identifica melhor com a natureza fluídica do Espírito, e sofre então a influênciaespiritual elevada à sua maior força.
Toda a cidade está ocupada com essa cura obtida sem o concurso da ciência oficial e cada um disse a sua palavra. Uns pretenderam que o braço não tinha sido quebrado; mas a fratura tinha sido muito e devidamente constatada por numerosas testemunhas oculares, entre outras pelo doutor D... que visitou a doente durante o tratamento; outros disseram: "É muito surpreendente" e ficaram nisso; é inútil acrescentar que alguns afirmaram que a senhora Maurel tinha sido curada pelo diabo; se ela não tivesse estado nas mãos de profanos, teriam visto ali um milagre. Para os Espíritas, que se dão conta do fenômeno, nisso vêem muito simplesmente a ação de uma força natural desconhecida até nós, e que o Espiritismo veio revelar aos homens.
Notas. - Se há fatos espíritas que poderiam, até certo ponto, atribuir à imaginação, como os de visões, por exemplo, não poderia ocorrer o mesmo aqui; a senhora Maurel não sonhou que tinha quebrado o braço, não mais do que as numerosas pessoas que seguiram o tratamento; as dores que ela sentia não eram da alucinação; sua cura em oito dias não é uma ilusão, uma vez que se serve de seu braço. O fato brutal está aí, diante do qual é preciso necessariamente se inclinar. Ele confunde a ciência, é verdade, porque, no estado atual dos conhecimentos, parece impossível; mas não foi assim todas as vezes que se revelaram novas leis? É a rapidez da cura que vos espanta? Mas é que a medicina não descobriu muitos agentes muito mais ativos do que aqueles que ela conhecia para apressar certas curas? Não se encontrou nestes últimos tempos o meio de cicatrizar quase instantaneamente certas feridas? Não se encontrou aquele de ativar a vegetação e a frutificação?
Por que não haveria aquele para ativar a soldadura dos ossos? Conheceis, pois, todos os agentes da Natureza, e Deus não tem mais segredospara vós? Não é mais lógico negar hoje a possibilidade de uma cura rápida, do que não o foi, no século último, negar a possibilidade de fazer, em algumas horas, o caminho que se gastavam dez dias para percorrer? Esse meio, direi, não está no códice, é verdade; mas é que antes de que a vacina ali estivesse inscrita, seu inventor não foi tratado de louco? Os remédios homeopáticos não são, não mais, o que impede os médicos homeopatas se encontrarem por toda a parte e curar. De resto, como não se trata aqui de um preparado farmacêutico, é mais do que provável que esse meio não figurará por muito tempo na ciência oficial.
Mas, dir-se-á, se os médicos vierem exercer sua arte depois de sua morte, vão fazer concorrência aos médicos vivos; é muito possível; no entanto, que estes últimos se tranqüilizem se lhes tiram algumas práticas, não é para suplantá-los, mas para lhes provar que não estão inteiramente mortos, e oferecer o seu concurso desinteressado àqueles que quiserem bem aceitá-lo; para melhor fazê-los compreender, mostram-lhes que, em certas circunstâncias, pode-se passar sem eles. Sempre houve médicos, e assim o será sempre; somente aqueles que aproveitarem as novidades que lhe trazem os desencarnados, terão uma grande vantagem sobre aqueles que ficarão para trás. Os Espíritos vêm ajudar o desenvolvimento da ciência humana, e não suprimi-la. Na cura da senhora Maurel, um fato que surpreendeu talvez mais do que a rapidez da soldadura dos ossos, foi o movimento do braço fraturado que parecia contrário a todas as leis da dinâmica e da gravidade. Contrário ou não, o fato aí está; uma vez que existe, é que tem uma causa; uma vez que se renova, e que está submetida a uma lei; ora, é esta a lei que o Espiritismo vem nos dar a conhecer pelas propriedades dos fluidos perispirituais. Esse braço que, submetido somente às leis da gravidade, não poderia se levantar, supondo-o mergulhado num líquido de uma densidade muito maior do que o ar, todo fraturado que está, sendo sustentado por esse líquido que lhe diminui o peso, poderá se mover nele sem dificuldade, e mesmo ser levantado sem o menor esforço; é assim que, num banho, o braço que parece muito pesado fora da água parece muito leve na água. Ao líquido substitui um fluido gozando das mesmas propriedades e tereis o que se passa neste caso presente, fenômeno que repousa sobre o mesmo princípio que o das mesas e das pessoas que se mantêm no espaço sem ponto de apoio.
Este fluido é o fluido perispiritual que o Espírito dirige à sua vontade, e do qual modifica as propriedades unicamente pelo ato de sua vontade. Na circunstância presente, deve-se, pois, se representar o braço da senhora Maurel mergulhado num meio fluídico que produz o efeito do ar sobre os balões.
Alguém perguntou a esse respeito se, na cura dessa fratura, o Espírito do doutor Demeure tinha agido com ou sem o concurso da eletricidade e do calor. A isso respondemos que a cura foi produzida, naquele caso, como em todos os de cura pela magnetização espiritual, pela ação do fluido emanado do Espírito; que esse fluido embora etéreo, não é menos da matéria; que pela corrente que lhe imprime, o Espírito pode impregná-lo e saturar todas as moléculas da parte enferma; que pode modificar-lhe as propriedades, como o magnetizador modifica as da água, e lhe dá uma virtude curativa apropriada às necessidades; que a energia da corrente está em razão do número, da qualidade e da homogeneidade dos elementos que compõem a cadeia das pessoas chamadas a fornecer seu contingente fluídico. Essa corrente, provavelmente, ativa a secreção que deve produzir a soldadura dos ossos, e leva assim a uma cura mais pronta do que quando ela é entregue a si mesma.
Agora, a eletricidade e o calor desempenham um papel nesse fenômeno? Isto é tanto mais provável quanto o Espírito não cura por um milagre, mas por uma aplicação mais judiciosa das leis da Natureza, em razão de sua clarividência. Se, como a ciência é levada a admiti-lo, a eletricidade e o calor não são fluidos especiais, mas modificações ou propriedades de um fluido elementar universal, eles devem fazer parte dos elementos constitutivos do fluido perispiritual; sua ação, no caso presente, é, pois, implicitamente compreendida, absolutamente como quando se bebe vinho, bebe-se necessariamente a água e o álcool.
Revista Espírita Setembro 1865