EM QUE
PRINCÍPIOS SE FUNDAMENTA O TATO MAGNÉTICO? COMO DESENVOLVÊ-LO?
Os leitores
do Vórtice seguramente conhecem a estreita ligação do Espiritismo, desde seu
surgimento, com o Magnetismo. Não terá sido apenas casualidade o fato de Allan
Kardec ter-se especializado e praticado o magnetismo ao longo de 35 anos, assim
como não pode ser visto como ocasional ou extemporâneo o fato dos Espíritos, na
Codificação e em todas obras publicadas sob a responsabilidade do mesmo Kardec,
falarem, comentarem, sugerirem o estudo e apresentarem o embasamento de muitos
fatos tendo por base a ciência magnética.
Muito
embora seja, em si mesma, uma ciência independente, o Magnetismo está
interligado ao Espiritismo de uma forma tão indissociável que, usando as
palavras de Kardec, uma estará incompleta sem a outra. A despeito disso, os
espíritas, em sua maioria, parecem não se dar conta dessa verdade insofismável,
o que é lamentável.
O tato
magnético mais não é do que a capacidade (que alguns possuem e outros – uma
grande maioria – podem desenvolver) de sentir, perceber, registrar e até
diagnosticar o que um paciente está sentindo, onde ou do que está acometido.
Mas, dizem alguns, que nos livros básicos do Espiritismo não se fala do tato
magnético. É verdade, pelo menos nessa grafia, não fala mesmo. Mas... que tal
relermos pelo menos isso que está registrado em O Livro dos Espíritos (“Resumo
teórico do sonambulismo, do êxtase e da dupla vista”, no item 455)?
“A
emancipação da alma se verifica às vezes no estado de vigília e produz o
fenômeno conhecido pelo nome de segunda
vista ou dupla vista, que é a faculdade graças à qual quem a possui vê, ouve e
sente além dos limites dos sentidos humanos.
Percebe o
que exista até onde estende a alma a sua ação. Vê, por assim dizer, através da
vista ordinária, e como por uma espécie de miragem”... (grifos originais)... “O
poder da vista dupla varia, indo desde a sensação confusa até a percepção clara
e nítida das coisas presentes ou
ausentes. Quando rudimentar, confere a certas pessoas o tato, a perspicácia,
uma certa segurança nos atos, a que se pode dar o qualificativo de precisão de
golpe de vista moral. Um pouco desenvolvida, desperta os pressentimentos. Mais
desenvolvida mostra os acontecimentos que deram ou estão para dar-se”. (grifos
originais)
Tranquilamente
posso assegurar que o que chamamos e conhecemos como tato magnético nada mais é
do que uma das variantes do fenômeno chamado dupla vista. Afinal, o tato
magnético nos permite uma percepção além
dos limites dos sentidos humanos e, nalguns, confere o tato, a perspicácia, uma
certa segurança.
Mas, como a
justificar o fato de Kardec não ter sido muito explícito nesta, como em outras
questões do Magnetismo, recordemos aqui o que ele anotou em um dos seus mais
brilhantes artigos acerca do Magnetismo e o Espiritismo: “Dos fenômenos
magnéticos, do sonambulismo e do êxtase às manifestações espíritas há apenas um
passo; sua conexão é tal que, por assim dizer, é impossível falar de um sem
falar do outro. Se tivermos que ficar fora da ciência do Magnetismo, nosso
quadro ficará incompleto poderemos ser comparados a um professor de Física que se abstivesse de falar da luz.
Contudo, como o Magnetismo já possui
entre nós órgãos especiais justamente
acreditados, seria supérfluo insistirmos sobre um assunto tratado com superioridade de talento e de experiência. A
ele (o Magnetismo) não nos referiremos, pois, senão acessoriamente, mas de maneira suficiente
para mostrar as relações íntimas das
duas Ciências que, na verdade, não
passam de uma”. (grifei) – (In: Revista
Espírita, edição março-1858, artigo
“Magnetismo e Espiritismo).
Além da
ligação direta do Magnetismo com o Espiritismo, também dá base ao conhecimento
do tato magnético, a sua existência inclusive, muitas vezes, à revelia de
muitos possuidores dessa preciosa leitura fluídica ou energética.
E será
viável se desenvolver o tato magnético? Voltemos a Allan Kardec, novamente em O
Livro dos Espíritos, questão 450:
450. A
dupla vista é suscetível de desenvolver-se pelo exercício?
“Sim, do
trabalho sempre resulta o progresso e a dissipação do véu que encobre as coisas.”
a) - Esta
faculdade tem qualquer ligação com a organização física?
“Incontestavelmente,
o organismo influi para a sua existência. Há organismos que lhe são
refratários.”
E
completemos essas respostas com o que ele anotou em A Gênese, Cap. 14, item 22:
“É nas propriedades e nas irradiações do fluido perispirítico que se tem de
procurar a causa da dupla vista, ou vista espiritual, a que também se pode
chamar vista psíquica, da qual muitas pessoas são dotadas, frequentemente a seu
mau grado, assim como da vista sonambúlica”.
Portanto, é
perfeitamente possível o desenvolvimento dessa prática, e aqui trago o que há
de mais simples nesse exercício.
Como nem
todos magnetizadores trazem o tato magnético desenvolvido espontaneamente,
muitas vezes é preciso treiná-lo, dar-lhe precisão. Os exercícios costumam se
dar pela aproximação, lenta e gradual, da ou das mãos do magnetizador em
direção ao magnetizado, oportunidade em que o magnetizador deve estar bastante
atento para a infinidade de sensações que poderão ocorrer enquanto “tateia” –
quase sempre sem toque físico – os campos magnéticos do magnetizado.
Obviamente
que haverá necessidade de confrontação entre o que ele percebe e o que o
paciente sente, pois dessa forma, ele vai se assenhoreando do que cada percepção
psico-tátil vai lhe dizendo. Tomemos, por exemplo, um paciente com câncer numa
mama. Independente do magnetizador saber disso ou não, ele sentirá, quando
passar a ou as mãos por aquela região, algo gerando uma sensação, um tipo de
registro não comum aos demais, em relação àquele paciente. Quando confrontar as
informações ele saberá que aquele registro provavelmente estará referindo ao
câncer. À medida que ele vai reproduzindo esse procedimento com outros
pacientes e obtendo os resultados do que vem registrando, adquirirá uma
segurança sempre crescente, de forma que, depois de uma boa prática, terá
bastante segurança dos diagnósticos que virá a fazer.
Importa
distinguir, entretanto, que alguns magnetizadores possuem o que se chama tato
magnético natural, também conhecido como empatia fluídica ou apenas como dupla
vista dirigida à saúde. Nesses casos, costumam os possuidores dessa variante do
tato magnético sentirem em si mesmos, todos os sintomas que o paciente está
sentindo ou portando no momento em que é estabelecida relação magnética entre
ambos.
Num
primeiro momento, os exercícios costumam ser menos precisos; percebem-se
regiões grandes, pouco específicas e com diagnósticos um tanto quanto
superficiais. No caminhar dos exercícios, essa percepção vai-se refinando, até
chegar ao ponto de se ter perfeito registro tanto de campos densos como
daqueles por demais sutis, tais quais nadis, pequenos concentrados fluídicos em
determinadas regiões do perispírito, doenças ainda não detectadas por aparelhos
clínicos ou, ainda, crisálidas de futuros focos, verdadeiros estados latentes
de desarmonias em processo de somatização.
Por fim,
estando a prática feliz do magnetismo totalmente consorciada à Vontade do magnetizador, não se desenvolverá o tato magnético se não houver um desejo forte,
vigoroso e sincero de se chegar ao ponto que se busca, empregando os meios ao alcance e
entregando-se sem parcimônia aos exercícios que levarão ao ápice do desenvolvimento.
Jornal Vórtice
ANO II, n.º 09, fevereiro/2010
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