Do grau de sensibilidade magnética segundo a constituição e
o temperamento dos doentes
Mesmer disse: “Há corpos mais ou menos suscetíveis de
magnetismo”. E Puységur depois de numerosas observações, acrescentou já em
1784: existem doenças que, mesmo muito graves e perigosas, recusam a ação
magnética por certo tempo o que desencoraja às vezes o magnetizador e o
magnetizado. Eu acreditaria que tal doença que resiste à ação de um
magnetizador, cederia, talvez mais rápido, ao domínio de outro homem. Eu tive
doentes sobre os quais não pude jamais produzir o menor efeito, apesar do
desejo extremo que eles tinham de senti-lo e eu atribuo a causa apenas a minha
pouca analogia com eles.
A experiência ensinará talvez que tal homem será mais
próprio que outros a curar certas enfermidades; talvez também os temperamentos,
os caracteres trarão considerações na escolha dos tratamentos, pela razão de
que estas causas podem constituir analogias e relações mais diretas nos
indivíduos.
Eis, com efeito, o que demonstram sessenta anos de
experiências: A generalidade dos doentes
é sensível à ação magnética.
Há, entretanto aqueles sobre os quais o magnetismo não age,
seja por sua constituição, seu temperamento ou ao gênero da doença ou ainda ao
defeito de analogia com o magnetizador.
Há tal doença na qual a ação do magnetismo não se faz
perceber, tal outra onde ela será evidente.
O mesmo homem que era insensível em estado saudável provará
os efeitos do magnetismo quando estiver doente.
A sensibilidade se manifestará num incômodo leve e não terá
dado nenhum sinal numa doença grave.
Os mesmos homens são mais ou menos sensíveis à ação, segundo
as disposições momentâneas nas quais eles se encontram.
Enfim, várias pessoas se acreditam insensíveis à ação; mas é
porque eles não encontraram ainda o magnetizador que lhes convém.
Quanto mais a marcha da natureza for perturbada, mais é difícil
restabelecê-la; o magnetismo tanto age de uma maneira mais simples e mais
eficaz sobre as pessoas que levam um vida simples e frugal, que não tem sido
agitadas pelas paixões como sobre aquelas que perturbam sua vida pelos abusos
mundanos ou pelos abusos dos remédios.
As pessoas nervosas, quando influenciadas pelo magnetismo, apresentam
fenômenos singulares, mas elas oferecem menos exemplos de curas.
Os habitantes do campo, que vivem simplesmente se curam bem
mais facilmente e mais rápido que os outros.
Enfim, nas doenças crônicas, os sinais são menos sensíveis e
menos prontos que nas doenças agudas.
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Capítulo V do livro terceiro do TRATADO PRÁTICO DO
MAGNETISMO E DO SONAMBULISMO de autoria de Aubin Gauthier; tradução de Lizarbe Gomes.
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