EM QUE SITUAÇÕES PODEMOS UTILIZAR E QUAIS OS LIMITES PARA A AUTOMAGNETIZAÇÃO?
Quando
comecei a trilhar meus primeiros passos no promissor caminho dos passes,
aprendi que o autopasse não deveria existir. Mas isso não ecoava bem em mim
mesmo. E nas poucas vezes que quis debater o assunto, facilmente surgia quem
dissesse: “Quem você pensa que é para duvidar dos mais velhos?”
Entretanto,
algo seguia me dizendo não ser tão simples ou tão restritivo o uso dos recursos
fluídicos, a ponto de não poderem ser auto aplicáveis.
Quando
escrevi O Passe (*) ainda tinha dúvidas sobre vários pontos do Magnetismo e
minha experiência, aos olhos de muitos, ainda que lastreada em muitos anos de
prática e estudos, parecia trazer poucas certezas. O acesso às literaturas
clássicas era muito difícil, especialmente por não haver quase nada traduzido
para o português. Isto tudo se confirma em algumas de minhas anotações naquela
obra. E sobre o tema em foco fica fácil se perceber que pelo menos uma grande
vertente deixou de ser considerada. Vejamo-la.
Um
magnetizador está bem, saudável, em pleno exercício de suas atividades magnéticas,
mas se sente uma fisgada na perna, ou um ferimento decorrente de uma pancada
involuntária, ou ainda uma dor localizada e que é de fácil acesso às suas mãos,
fica claro que ele poderá se automagnetizar. Mas isso dará certo? Tanto dá que
são muitos e muitos os casos de magnetizadores e passistas que resolvem se ajudar
e vencem, com relativa facilidade, os entraves ou os males que os atrapalhavam.
Essa
possibilidade é tão patente e gritante que todos os povos, em todos os tempos,
ensinaram seus descendentes e, por extensão, suas futuras gerações, a sempre considerarem
essa realidade em seus próprios benefícios. E, corroborando com esse fato,
praticamente todos os magnetizadores clássicos escreveram, em seus livros,
muitas opiniões favoráveis, chegando alguns a sugerirem técnicas específicas,
como foi o caso de Du Potet e Deleuze.
O que
parece não funcionar é quando o magnetizador está fora de seu padrão harmônico,
em que seu campo “energético” não condiz com a necessidade do mesmo estar bem,
pois, nesse caso, seus gestos se parecerão mais com meros ritos do que o que
pede a vera magnetização.
Outro ponto
é quando o magnetizador está com um problema nalgum local de difícil acesso
para ele ou quando ele mesmo duvida de seu poder de se autocurar. Isto até parece
ser uma forma de a Natureza o convidar a pedir auxílio, a fazê-lo sentir que
nem tudo lhe é possível e que uma boa dose de humildade faz muito bem a
qualquer personalidade.
Continuo
acreditando que apenas gestos, sem o preparo e o conhecimento devidos ou sem a
condição física, psíquica e moral compatíveis, não serão potentes o suficiente
para resolverem enfermidades no próprio magnetizador, ainda assim, fundado na
confiança de que a misericórdia Divina é sempre mais abundante do que qualquer
um de nós podemos imaginar, não descarto que consigamos grandes vitórias, mesmo
estando fora do que poderia ser classificado como “melhor padrão” de
doação/captação de fluidos/bênçãos.
(*)
Transcrição de trecho escrito em meu livro O Passe, em seu capítulo 8, item 6.2
- O Auto-Passe:
Esta é uma
questão que tem sido apresentada como tabu, posto que tem servido a uns como recomendação
de uso e prática, e a outros como críticas, por vezes despropositadas. Ocorre que
é grande o número de médiuns e magnetizadores que recomendam o autopasse,
segundo as técnicas do magnetismo. Particularmente somos contra tal prática;
pelo menos da maneira como normalmente é sugerido. Nossa posição, contudo, não
é de fazer crítica, mas de refletir conforme a lógica.
Raciocinemos:
uma das recomendações básicas que fazemos aos passistas é que estejam
equilibrados, harmonizados, em boa vibração, para melhor poderem ajudar aos pacientes.
Por que isso? Porque nós, como filtros (e usinadores) que somos, não devemos
contaminar os fluidos que vêm dos planos espirituais (nem os que usinamos) em benefício
do próximo. Ora, desde que nos sentimos com necessidade de receber o passe é
porque não estamos, ainda que momentaneamente, atendendo àqueles requisitos;
então, como teríamos condições de filtrar (e usinar) esses fluidos? Apenas por
causa das técnicas? Mas se estamos, em tese, descompensados, não estaríamos
tecnicamente impossibilitados de tal ação? Por outro lado, se o autopasse se
der com o uso dos fluidos magnéticos animais de origem do próprio
médium-paciente, não será o problema mais grave ainda? Afinal, esses fluidos,
essa energia, estarão desbalanceados, descompensados, posto que estarão saindo
de um médium em desarmonia, e, acreditamos, não será reabsorvendo-os, por
simples técnica, pelo auto-magnetismo, que iremos reequilibrá-los,
recompensá-los.
(Acrescentei
os entre-parênteses)
As observações
acima levam em consideração, é de se notar, as técnicas e a origem do fluido no
sentido magnético humano, pois o autopasse, no sentido espiritual do termo,
existe. E como é ele? É, em técnica, o mais simples de todos, mas, em execução,
às vezes nem tanto: trata-se da oração, da prece sentida, religiosa, santa, verdadeira
e pura. E isso não somos nós que o dizemos de forma isolada; o próprio Cristo
nos ensinou quando nos asseverou “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis;
batei, e abrir-se-vos-á” (Mateus, 7, 7), com isso apontando a necessidade de
uma ação efetiva pela oração responsável e consciente, aliada ao trabalho
individual e intransferível. Mas como quando estamos perturbados fica, por
vezes, difícil fazermos uma prece com essas características, recorramos antes a
um bom livro de mensagens para depois, mais tranquilos, fazermos nossa prece,
nosso autopasse.
(...)
E o que diz
Kardec? “A prece, que é um pensamento, quando fervorosa, ardente, feita com fé,
produz o efeito de uma magnetização, não só chamando o concurso dos bons
Espíritos, mas dirigindo ao doente uma salutar corrente fluídica” (Allan Kardec,
in Revista Espírita, set. 1865, artigo “Da Mediunidade Curadora”, item 11).
Apesar de
respeitarmos as opiniões em contrário, pois sabemos que quem as assimila deva
ter referencial(is) que as justifique, não concordamos com o autopasse como
técnica, salvo dentro dos padrões já
expostos em relação à prece e ao recolhimento. Por esse motivo, nos omitimos de
apresentar e discutir a técnica do magnetismo que a tal prática se reporta.
Afinal, se a prece, além de ser a principal chave para abrir os canais de
ligação com os Planos Superiores, é o
que muitas vezes necessitamos para recebermos o magnetismo restaurador dos Espíritos, que adiantará nos movermos em
técnicas quando Eles só nos solicitam, para este caso, apenas a oração? Não é o
fundo mais valioso que a forma? E, por outra, será que atraímos os Espíritos, e
suas energias, pelos gestos físicos que façamos ou por nossa posição mental?
Se estamos
precisando de energias magnéticas animais, tenhamos a humildade devida e nos
tornemos pacientes, aguardando, respeitosa e confiantemente, nossa vez para
recebermos o passe. Ao demais, no capítulo III do mesmo livro O Passe já discutimos
detidamente se o espírita ou o médium precisam do passe, e se este dispensa o
esforço próprio.
JORNAL VÓRTICE ANO VI, n.º 08- janeiro -2014 Pág.18
JORNAL VÓRTICE ANO VI, n.º 08- janeiro -2014 Pág.18