Deformidades
na exteriorização
Descrevendo
o desdobramento de um médium, André Luiz nos oferece alguns dados que permitem
uma comparação. “O médium, assim desligado do veículo carnal, afastou-se dois
passos, deixando ver o cordão vaporoso que o prendia ao campo somático.
Enquanto o equipamento fisiológico descansava imóvel, Castro, tateante e
assombrado, surgia junto a nós em uma cópia estranha de si mesmo, porquanto, além
de maior em sua configuração exterior, apresentava-se azulada à direita e alaranjada
à esquerda”. O espírito esclarece ainda que, quando foi submetido a um médium
para renovar as operações magnéticas, Castro teria recuado o duplo etérico até
o corpo físico, que engoliu instintivamente certas faixas de força, e se
apresentado normalmente fora da matéria densa a partir desse instante.
Essa
deformidade existente na exteriorização do duplo etérico foi observada por
Mircea Eliade. “Eu vi o corpo do médium, não o físico, mas o fluídico. Estava
sentado, porém, tinha uma grande diminuição dos membros inferiores, as pernas se
apresentavam curtas e disformes, projetando-se para um lado. Era uma parte distorcida,
como se visse uma sombra na parede que, ao movimentar o corpo, tomasse a forma
com distorção. A cor era esbranquiçada, como um duplo do médium”, contou.
A
clarividente verificou que aplicaram uma espécie de “máscara”, parecida com a utilizada
em combates de esgrima, antes da tela final de proteção, algo branco que dava a
impressão de ser acolchoado, tomando parte da testa até mais ou menos a boca.
Ajustada
essa máscara, o duplo etérico começou a tomar proporções corretas,
reajustando-se todo o corpo fluídico. Porém, é de se notar que, ao invés de uma
figura maior, o médium teve os membros diminuídos. Só que em outro registro,
ela anotou que viu “todo o rosto do médium ondulando como uma imagem desfocada,
com coloração inicialmente esbranquiçada”.
Comparando-se
a descrição de André Luiz com as referidas acima, no que tange à coloração com
que se apresenta o duplo etérico, notamos a divergência com relação à
localização das cores azul e laranja (ou avermelhada). Em nosso grupo de
trabalho, também tinha sido observada a luminosidade avermelhada à direita e azulada
à esquerda, o que não só coincidia com aquelas observações, mas também com as
de Shaffica Karagulla, registradas durante as pesquisas feitas sobre os pólos do
ímã com a clarividente Diana.
Segundo seu
registro, o campo de energia da mão direita (avermelhada) e o pólo sul do ímã
(com uma névoa de cor avermelhada) se repeliam, enquanto que, ao segurar o
mesmo pólo com a mão esquerda (azulada), ocorria uma atração entre os dois
campos. Com o pólo norte, que apresentava uma névoa azulada, aconteceu exatamente
o contrário, criando um campo de atração com a mão direita e de repulsão com a
esquerda.
As cores
dos pólos do ímã correspondem à descrição feita pelo barão Reinchenbach acerca
de uma experiência realizada com a senhorita Nowstuy, em abril de 1774, na
cidade de Viena, Áustria: pólo sul, amarelo-avermelhado; pólo norte, azul.
Correspondem também às experiências do dr. Luys. Então haveria uma contradição
com a descrição de André Luiz? É bem verdade que o próprio dr. Luys apurou
também que alguns dos sensitivos percebiam o lado direito com uma coloração
azul (violeta nos histéricos) e o esquerdo emitindo eflúvios vermelhos, o que coincide
com o registro de André Luiz.
A solução
dessa aparente contradição é dada pelo próprio dr. Luys. Ele esclarece que, muitas
vezes, os sensitivos invertem as colorações que atribuem aos fluídos, isto é,
existem aqueles que vêem o vermelho no lado direito e o azul no esquerdo.
Quando isso acontece, fazem sempre do mesmo modo, apresentando-se as cores dos
pólos do íma igualmente alteradas, ou seja, invertidas.
O duplo
etérico também aparece à evidência de modo distinto, como se a “pele” que o
reveste fosse retirada e se pudesse enxergá-lo interiormente. Há muito tempo, tivemos
a ocasião de observar, ao lado de um médium que expressava a comunicação de um
espírito sofredor, um duplo formado por finos fios, com uma luminosidade
semelhante a tubos de neon. Parecia uma múmia, com a particularidade de que os fios
eram finíssimos. Outros médiuns também realizaram observações desse tipo.
“Comecei a ver o lado direito do médium, era como se estivesse todo cheio de
fios, que pareciam nervos, feitos de uma substância alva, prateada. Eu não via
o médium, somente os fios”, relatou Mircea Eliade. A descrição coincide com a
fornecida por Karagulla, ou seja, “para o clarividente, o corpo etérico parece
uma teia luminosa de linhas finas e brilhantes”.
Ver continuação aqui.: O perispírito
Ver continuação aqui.: O perispírito
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Coleção Sem Mistério 05
Editora escala
Editor e Diretor de arte: Victor Rebelo
Jornalista: Érika Silveira e Elzio Ferreira de Souza
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