Médiuns
Curadores.
Entre o
magnetizador e o médium curador há, pois, esta diferença capital: o primeiro
magnetiza com o seu próprio fluido, e o segundo com o fluido depurado dos
Espíritos; donde se segue que estes últimos dão o seu concurso a quem querem e
quando querem; que podem recusá-lo e, por conseguinte, tirar a faculdade
daquele que dela abusasse ou a desviasse de seu fim humanitário e caritativo,
para dela fazer comércio. Quando Jesus disse aos apóstolos: “Ide! expulsai os demônios,
curai os enfermos”, acrescentou: “Dai de graça o que de graça recebestes”.
Os médiuns
curadores tendem a multiplicar-se, como anunciaram os Espíritos, e isto em
vista de propagar o Espiritismo, pela impressão que esta nova ordem de
fenômenos não deixará de produzir nas massas, porquanto não há quem não ligue
para a sua saúde, mesmo os maiores incrédulos. Desse modo, quando virem obter
com o concurso dos Espíritos o que a Ciência não pode dar, forçoso será convir
que há uma força fora do nosso mundo. Assim a Ciência será levada a sair da via
exclusivamente material em que ficou até hoje. Quando os magnetizadores
antiespiritualistas ou antiespíritas virem que existe um magnetismo mais
poderoso que o seu, serão forçados a remontar à verdadeira causa.
Importa,
todavia, precaver-se contra o charlatanismo, que não deixará de tentar explorar
em proveito próprio esta nova faculdade. Para isto, há um meio muito simples:
lembrar-se de que não há charlatanismo desinteressado, e que o desinteresse
absoluto, material e moral, é a melhor garantia de sinceridade. Se há uma
faculdade dada por Deus com um objetivo santo, sem sombra de dúvida é esta,
pois que exige imperiosamente o concurso dos Espíritos superiores, e este não
pode ser adquirido pelo charlatanismo. É para que se fique bem edificado quanto
à natureza toda especial desta faculdade que nós o descrevemos com alguns
detalhes. Embora tenhamos podido constatar-lhe a existência por fatos
autênticos, muitos dos quais passados sob os nossos olhos, pode dizer-se que
ainda é rara, e só existe parcialmente nos médiuns que a possuem, seja por não
terem todas as qualidades requeridas para possuí-la em sua plenitude, seja por
estar ainda em começo. Eis por que, até hoje, os fatos não tiveram muita
repercussão; mas não tardarão a tomar desenvolvimentos capazes de chamar a atenção
geral. Dentro de poucos anos ela se revelará nalgumas pessoas predestinadas
para isto, com uma força que triunfará de muitas obstinações. Mas não são os
únicos fatos que o futuro nos reserva, e pelos quais Deus confundirá os
orgulhosos e os convencerá de sua impotência. Os médiuns curadores são um dos
mil meios providenciais para atingir este objetivo e acelerar o triunfo do
Espiritismo. Compreende-se facilmente que esta qualificação não pode ser
conferida aos médiuns escreventes, que obtêm receitas médicas de certos
Espíritos.
Não
encaramos a mediunidade curadora senão do ponto de vista fenomênico e como meio
de propagação, e não como recurso habitual.
REVISTA
ESPÍRITA Janeiro de 1864
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