O QUE PENSA O
ESPIRITISMO
Adilson Mota adilsonmota1@gmail.com
Os elaboradores e
divulgadores de técnicas do passe não sabem o que fazem. A técnica do passe não
pertence a nós, mas exclusivamente aos Espíritos Superiores. Só eles conhecem a
situação real do paciente, as possibilidades de ajudá-lo em face de seus compromissos
nas provas, a natureza dos fluidos de que o paciente necessita e assim por
diante. Os médiuns vivem a vida terrena e estão condicionados na encarnação que
merecem e de que necessitam . Nada sabem da natureza dos fluidos, da maneira apropriada
e eficaz de aplicá-los, dos efeitos diversos que eles podem causar.Na verdade o
médium só tem uma percepção vaga, geralmente epidérmica dos fluidos. É simples atrevimento
- e portanto charlatanismo - querer manipulá-los e distribuí-los a seu modo e a
seu critério. As pessoas que acham que os passes ginásticos ou dados em grupos mediúnicos
formados ao redor do paciente são passes fortes, assemelham-se as que acreditam mais na força da macumba, com
seus apetrechos selvagens, do que no poder espiritual. As experiências espíritas
sensatas e lógicas, em todo o mundo, desde os dias de Kardec até hoje, mostraram
que mais vale uma prece silenciosa, às vezes na ausência e sem o conhecimento do
paciente, do que todas as encenações e alardes de força dos ingênuos ou farofeiros
que ignoram os princípios doutrinários.
Obsessão, Passe e Doutrinação – José Herculano Pires
Com todo o respeito
a Herculano Pires, não posso concordar com ele. Dizer que a "técnica do passe
não pertence a nós, mas exclusivamente aos Espíritos Superiores" é desconhecer
acerca das conquistas da ciência chamada Magnetismo.
As milhares
de curas fabulosas alcançadas pelos chamados magnetizadores clássicos como Mesmer,
Puységur, Deleuze, Du Potet, La Fontaine, Durville, Petétin, Gauthier e tantos outros,
mostram o quanto se pode através do conhecimento do magnetismo. Eles sabiam bastante
(não tudo) acerca da ação, da aplicação e dos efeitos das diversas técnicas que
utilizavam.
Os estudos práticos
do Magnetismo, os tratamentos magnéticos acompanhados e aplicados sistematicamente,
a observação dos resultados de cada passe aplicado, o uso do tato magnético (ferramenta
anímica utilíssima em diagnósticos), muito proporciona, a quem experimenta, em
termos de conhecimentos da ação e dos efeitos dos fluidos nas diversas patologias.
Tem-se constatado isto em diversos grupos espalhados de norte a sul do Brasil e
nos EUA.
Kardec compreendeu
a importância do Magnetismo para o Espiritismo e em diversos trechos da sua obra
como no comentário à questão 555 de O Livro dos Espíritos e em várias partes da
Revista Espírita ele ressalta a ligação intrínseca entre os dois, ao ponto de afirmar
sobre essas duas ciências que "a que não quer imobilizar-se não pode chegar
ao seu complemento sem se apoiar na sua congênere; isoladas uma da outra, detêm-se
num impasse ; são reciprocamente como a Física e a Química, a Anatomia e a Fisiologia".
(Revista Espírita, janeiro de 1869)
Deixar de lado
o estudo da ciência magnética e do Espiritismo nos leva a conclusões erradas como
a de Herculano Pires.
Se o Espírito
de Verdade recomendou que instruíssemo-nos, é por que o conhecimento das coisas
vem através deste esforço de busca. Logicamente, há limitações intelectuais e instrumentais,
mas sempre se pode dar um passo à frente.
Quem diria
que hoje existem aparelhos capazes de detectar campos sutis, a aura, não somente
das mãos, como antigamente, mas de corpo inteiro!
Quem diria que
hoje existe tecnologia capaz de servir de intermediação com o mundo dos espíritos!
Tudo isto por
que se buscou, se pesquisou, se estudou.
O que seria
da Humanidade se deixássemos de lado todo e qualquer esforço de pesquisa achando
que somente os Espíritos Superiores são capazes de realizá-lo?!
Parece que nem
mesmo as obras de Allan Kardec está-se querendo estudar, já que não é verdade que
nada conhecemos a respeito dos fluidos como afirma Herculano. As obras de Kardec,
além de outras obras espíritas complementares, trazem conhecimentos acerca dos fluidos
sim, da sua aplicação e efeitos. As obras sobre Magnetismo trazem vasto campo de
conhecimento prático e de estudos sobre este mesmo assunto.
E aquilo que
não sabemos, quem disse que não podemos aprender (dentro das nossas limitações,
é claro)? Quem disse que não existem métodos de pesquisa para isto? Só não podem
ser, em muitos casos, o mesmo método da ciência que só estuda a matéria. A própria
ciência espírita e a forma como Kardec a compôs, nos leva a refletir num novo conceito
de ciência e seus métodos .
O próprio
Herculano se contradiz ao apontar nos capítulos "Transfusão Fluídica"
e "A Ciência do Passe" pesquisas avançadas tendo como objeto os fluidos.
Se os fluidos fossem algo inteligível apenas para os Espíritos Superiores não tinha
por que cientista ou pesquisador nenhum se ocupar com eles.
Gostaria que
os defensores da ausência de técnicas na aplicação dos passes explicassem por que
esses passes têm alcançado resultados muito menores do que os dos magnetizadores
clássicos.
Frase interessante
a do Espírito Quinemant, constante da Revista Espírita de junho de 1867:
"De tudo
isto, concluo que o Magnetismo, desenvolvido pelo Espiritismo, é a chave de abóbada
da saúde moral e material da humanidade futura.”
Nossa! Como
estamos distantes disto acontecer, e estaremos cada vez mais distantes se tivermos
que contar com pensamentos como os de Herculano Pires sobre os passes.
Para finalizar,o
uso racional e sério das técnicas magnéticas nada tem a ver com o que ele chamou
de "encenações e alardes de força dos ingênuos ou farofeiros que ignoram os
princípios doutrinários".
Não se pode
englobar tudo num mesmo feixe.
JORNAL
VÓRTICE ANO VI, Nº 10 Pág.07